ECOSSISTEMA DA NOITE

Em cada ambiente uma atuação diferente
A personalidade dividida em personas
Busca privada por identidade e aceitação
Ontem saí com uma mulher perturbada
Ela se achava muito, muito normal
Não se via de fora de sua "normal idade"
Sem noção do que queria dela mesma
Sem saber se estava a correr 100 metros
Rasos ou se era apenas mais uma lesma
6ª feira passada saí com uma atriz pornô
Que, com todo respeito, queria ser
Ser simplesmente e corajosa mente
Enrabada. Ela não sabia definir-se
A realidade paralela em que estava
Era estranha para ela mesma. Mas,
Ela almejava uma normalidade.
Uma normalidade para ela inexistente
Nessa 3ª feira da semana passado passei
No bar da esquina. Lá, sempre há
Mulheres que se acreditam espertas
Eu, em busca apenas de uma transa
Com uma empregada doméstica
No garimpo da terra fértil e pornô
A prática pouco cristã da sodomia
Janela do Windows sempre aberta
Imito o jogador de golfe em busca
Em busca de buracos para alojar bolas
Neles, meus mais neolíticos instintos
Vidrei numa minissaia de Anjo Torto
Em suas coxas, pernas e bunda absorto
Notei os seus mais febris olhares
Motivados pelas taças de vinho tinto
Aconchego-me em suas tetas fartas
Como que em busca de maternal carinho
Meu Édipo clama por uma mãe
Uma cocota cortesã cheia de vinho
Estamos no apartamento dela onde rola
Uma perspectiva de tudo, a mesma coisa
A busca por uma mais e melhor condição
Nos anos livre afinal dessas tensões:
Ela, cadela sempre no cio, verdes olhos
De animal saído dos abismos pacíficos
Há tanto tempo, como se fosse hoje
Você viveu mil coisas, memes oceânicas
Como se ñ fossem nem minhas nem suas
De ninguém saídos, estamos ainda no mar.