EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE (LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XXIII)
EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE
(LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XXIII)
É VERDADE que quem sai aos seus degenera??? Talvez seja. Se Lucy Australopiteco pode ser considerada mãe da humanidade, essa humanidade pode ser definida enquanto tão desditosa e desvalida quanto ela??? Lucy não tinha nada mais que não fosse um ambiente animal feroz e hostil ao derredor. Australopiteco quer dizer “macaco do sul”. Alimentava-se de pastagens em campos abertos e florestas densas. Seu corpo adaptado ao ambiente, prosperava no solo, nas árvores. Movimentava-se de modo diferente de toda espécie que vive nos dias de hoje.
A GRAMA E os arbustos das savanas eram sua dieta. Ela, mãe da humanidade, não tinha outra opção alimentar. Lucy certamente demorou muito tempo e passou por muitas dores de barriga, cólicas homéricas, muito antes do Homero, até saber que tipo de grama e frutos ela poderia ingerir sem que tivesse diarreia e vômitos, dores de barriga e indisposições no estômago.
LUCY, NOSSA mãe primata primeira, foi encontrada aos poucos, seus ossos estavam espalhados na encosta de um terreno poeirento. no fundo de um barranco na formação Hadar (Etiópia). O geólogo francês Maurice Taieb e o antropólogo americano, Donald Johanson, avistaram um fragmento de osso do braço. Próximo estava um fragmento de osso da parte posterior de crânio pequeno. A um metro de distância, um fragmento do fêmur. Encontraram, posteriormente, vértebras e parte da pélvis, a afirmação de que o fóssil era do sexo feminino. Costelas e pedaços da mandíbula de Lucy foram reunidos.
O ASTRONAUTA Armstrong, aos pulinhos na lua disse: “um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Certamente ele não estava se referindo a Lucy, ao salto de 3,2 milhões de anos entre ela, Australopiteco, e minha mãe sapiens, que fez de tudo um pouco para que eu ficasse soterrado nos escombros de sua cultura, onde tudo e todas as coisas são regidas pela falsidade. O que sobrou, soçobrou, da materialidade de Lucy, de sua circunstância existencial, nas mulheres sapiens dos dias de hoje, em julho de 2024???
A OSSADA dispersa nas cinzas às cinzas, no pó ao pó de Lucy Australopiteco, presente na realidade física de minha mãe que também já virou comida de vermes sob sete palmos de chão, em alguma necrópole suburbana do nordeste brasileiro. Lá estava ela, em minha infância, me soterrando sob as camadas geológicas de sua história, em cada estrato onde estão soterradas as espécies de hominídeas anteriores ao Homo sapiens. Soterrando-me sob suas misérias, sob sua cultura de ressentimentos e fome de viver. Minha mãe Lucy Australopiteco em minha mãe biológica, sob circunstâncias de sobrevivência miserável semelhantes.
EU, CRIANÇA, buscando respirar ar que não estivesse contaminado por suas memórias rochosas, sob a idade, o antanho de seus estratos, nos ambientes primitivos que lhes deram origem, saída do ventre caquético e paupérrimo de sua mãe, minha avó materna. Lá estava ela exercendo seu poder, empoderada da condição maternal e a usando para me manter um feto a crescer sob sua tutela dantesca, a abusar de minha sobrevivência infantil. Ela, mãe da humanidade, Lucy In The Sky With Diamond, ela, Maria Teresa descendente de alemães, com sobrenome Hohmann. Quem poderia socorrer-me de suas garras maternais tão traumatizadas, tão antigas???
QUE GRANDE salto de desumanidade. Um pequeno passo para uma criança, um grande salto materno para a desumanidade viciada, deteriorada, de uma conquista espacial na lua da guerra-fria, entre potências nucleares que nunca vão parar de se hostilizar. Um astronauta pulando na lua, uma criança sufocando sob a influência de uma primata enlouquecida, dando vida aos instintos pedófilos do marido.
A CULTURA E a civilização de tudo que é moralmente frágil. De tudo que é moralmente vulnerável. A cultura e a civilização de sodomitas antropofágicos, devorando seus filhos, quebrando-lhes as espinhas antes mesmo que pudessem caminhar os primeiros passos. O grupo familiar e social do qual Lucy Australopiteco ainda faz parte, apesar de 3,2 milhões de anos separando-lhes as realidades circunstanciais. Mama Lucy e mama Hofmann poderiam igualmente dizer, se pudessem falar de suas realidades: “eu sou eu e minhas circunstâncias”.
O CANIBALISMO vigente em nós mesmos, justificando nossos atos, conduzindo a espécie sapiens primata em direção a um novo grau de evolução do modo capitalista, burocrático, político, econômico, social de vida: o Homo mechanicus. O homem alienado pelo processo implacável de coisificação de si mesmo. Com a finalidade implacável, intransigente, inexorável, de transformação de si mesmo numa mercadoria em mãos de banqueiros e do filhinho de papai presidente do Banco Central do país.
E O ASTRONAUTA lá, na lua, dando pulinhos e recitando palavras de efeito para o mundo de primatas plugados, rebanhos de gado nos países espectadores da Tv visão. Grandes coisas tecnológicas acontecendo, enquanto os primatas sapiens engatinham no lamaçal de uma educação para inglês ver. A sociedade de Lucy Australopiteco moralmente devastada pela própria exaltação da espécie pulsional sapiens
O PLANETA Terra plugado em campeonatos de futebol e em acontecimentos culturais que reforçam os costumes sadomasoquistas que condicionam a sociedade planetária a aceitar estar na UTI de uma moralidade de há 3,2 milhões de anos, vigente no século XXI: uma macaca, gorila primata, mãe de família, educando os filhos para aplaudir jogadores de futebol chutando “bolas” nos coliseus, enquanto o astronauta dava pulinhos na lua e recitava palavras decoradas para enfeitiçar os que ficaram pasmados em terras Brasilis e outras, da “Europa, França e Bahia”.
(P. S: O SOBRENOME DE MINHA MÃE É HOHMANN DE ALBUQUERQUE).
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 06/07/2024
Alterado em 06/07/2024