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EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE (LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XXI)
EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE
(LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XXI)

“DEIXAI, TODA Esperança, Ó Vós Que Entrais”. É o que está escrito no portal do inferno. Para o bom entendedor, é como se Dante dissesse: meia palavra basta. A frase é uma sentença que vale para todo ser, dito humano, que nasce. A inscrição vale para todos os que foram vomitados pelas dores do parto, para todos os que entram no mundo, saídos do ventre fecundado de uma mulher. Esperma e óvulo se encontram no interior do útero e geram um novo, ser, uma nova existência velha. Muito velha.

UMA NOVA existência velha, tão antiga como Lucy Australopiteco, é jogada do útero, do ventre, para dentro do mundo cão. O inferno recebe nos braços da parteira, do médico, da enfermeira, toda irrisória existência que nasce, cresce e, um dia, vai par a sete palmos de chão.  Tão antiga como a descendência sapiens de hominídeos, a criança é lançada no interior da cultura e da civilização dos primatas sapiens.

A FILOGENIA, a cada nascimento escreve a história da suposta vida evolutiva dos primatas, através dos milênios, até chegar ao primata sapiens da atualidade, habitante motorizado nas cidades de carne. As espécies híbridas vagaram pelo chão do planeta por milhões, milênios de anos, até chegarem à saga dos escravos judeus, fugindo da Casa Grande do Faraó do Egito, sendo alimentados pela nave alienígena que mandava sobre eles a chuva de maná.

DEPOIS DE quatro séculos sob a chibata dos feitores da Casa Grande do Faraó, ele, o povo submisso, vassalo, serviçal, o povo judeu, foi finalmente liberto do jugo do Faraó. Suas preces foram ouvidas por um senhor de espécie alienígena que os conduziu ao deserto, longe do relho e da vergasta dos feitores construtores de pirâmides.

AS PORTAS do deserto, as portas do inferno de areia para ele, povo judeu, se abriram.
Pediram para sair do inferno da escravização sob a peia e o chicote dos feitores do Faraó, e logo sentiram saudades da alimentação que os sustentava no Egito. Lamentavam, enquanto diziam: “ah, se tivéssemos carne para comer. No Egito havia peixes de graça para comermos, além de pepinos, melões, alhos silvestres, cebolas. Agora não temos mais força, e todos os dias temos de comer esse maná” — (Números 11: 4-6).

ELES SENTIRAM saudade do tempo em que eram escravos. Eles queriam comer o alimento fornecido por seus feitores. A saudade da “cebola do Egito” lhes consumia a falta de apetite pelo maná alienígena. A desgraça da escravidão lhes fazia falta. Eles eram um povo primata, os “primatas escravos do Egito” que por quatrocentos anos foram submissos à realeza escravocrata dos Faraós. Eram hominídeos da superfamília de vassalos de suas próprias atitudes culturais, ao longo do tempo em que eram usados e abusados pelos senhores do Egito.

SUAS MÃES, seus filhos e filhas, suas famílias até então sem pátria, gemiam e deploravam a falta do menu, do cardápio dos dias de submissão. Nos dias de hoje, após saírem dos horários de trabalho nas lojas de varejo, tipo Casas Bahia, eles vão se prostituir nos bares e bazares do Largo do Arouche, nas imediações da Praça da República, nos inferninhos ao vivo, no trottoir frente aos motéis no centro da cidade, nas periferias, onde vivem suas almas penadas, encarnadas em corpos que continuam sendo vilipendiados pelo apetite carnal que satisfazia aqueles milhares de mortos no evento trágico das cidades sodomitas dos Vale de Sidim da atualidade.

A REALIDADE atual, antes mesmo que passem desse inferno para o próximo, continua sob a titularidade deplorável da epígrafe: “Deixai Toda Esperança Ó Vós Que Aí Estais”. Ó vós que aí estais no Vale de Sidim da fertilidade nas feiras de frutaria e legumes dos produtores rurais fornecedores do alimento rural nas cidades de carne. Nas cidades de carne do tropicalismo carnal. Afinal, tal qual afirmou Oswald de Andrade: “Só a antropofagia nos une”. Assim como os poços cheios de betume.

“NEM SÓ DE pão vive o homem”, diria futuramente à época do Êxodo, um Profeta que se afirmava “Filho do Homem”, o qual o sumo sacerdote Caifás e o povo que representava seu Templo, construído pela engenharia de demônios, crucificou. O povo judeu, apesar de, sub-repticiamente maldizer o maná do Senhor Alien que o libertou das Senzalas dos Faraós, ainda acredita num suposto mito libertador que viria, no futuro, tal qual ele, povo judeu esperava, em socorro de suas lamentações.

“A MATÉRIA É feita de sonhos”, o sonho da vida é poder sair da correnteza implacável do rio Aqueronte. O rio revolto do povo judeu que o conduziu, em vida, a suportar, vassalo, subserviente, todo tipo de abusos foi ter vivido quatrocentos anos de escravatura implacável nas terras do Faraó. Quatrocentos anos de condicionamento escravocrata é condicionamento para toda a eternidade. Seus descendentes não têm como abandonar, deletar, tirar de dentro deles, de seu Inconsciente Coletivo enquanto povo, os ressentimentos cristalizados pelo tempo em que ficaram submersos e submissos, sujeitos a todo tipo de vexames, a todo tipo de opressão, afronta, desonra, obscenidades do senhor da Casa Grande no Egito: o Faraó.

OS DESCENDENTES deste povo, pelos séculos dos séculos, não teriam como extirpar os condicionamentos cristalizados na memória coletiva, na pele obsessiva, aferrada à obediência escrava. O espírito coletivo obsidente deste povo, está encravado profundamente em seus ressentimentos inconfessáveis, perseverantes. Inalteráveis. Entre seus símbolos coletivos está o Muro das Lamentações. Seus pesares e contrições sem fim. A perversidade afirmativa que não perdoa. A adversidade que se multiplica a si mesma. Veja o leitor, a obsessão de Benjamin Netanyahu em bombardear crianças, mulheres, idosos na Faixa de Gaza, sob a alegação de exterminar o terrorismo nela.

O TERRORISMO de Estado de Israel fazendo valer-se contra o terrorismo palestino. Mas, o judeu é um povo, semelhante a todos os outros povos, que se quer posicionar como privilegiado por um Deus. Crianças desarmadas, mulheres cuidando de seus afazeres domésticos, idosos arrastando suas chinelas nos passeios finais pela vida, são terroristas que devem ser abatidos por bombardeios israelenses??? O Estado de Israel tem direito às suas terras, o povo palestino não??? Esse negacionismo lembra os negacionismos homicidas do Bad Bode Bozo quando presidente do Brasil.  
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 01/07/2024
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