O HORIZONTE TE CHAMA
(SETENTA TONS DE BLUES)

EM BUSCA do movimento coletivo inconsciente do mundo, estou a fumar um baseado. Penso, logo vivo uma existência em busca de criar um compromisso adequado a meus sentidos. Estou num estado de espírito incomum. Sim, um estado de espírito que não seja tatibitate, vulgarizado no rebanho de gado. Meus passos estão no chão, pisoteando o asfalto em busca da calçada que me separa da areia da praia.

A REALIDADE da coletividade dorme ainda sobre as camas, nos quartos dos apartamentos e hotéis. Minha percepção do mundo cão não é a mesma dos que cumprem a rotina do desperta a dor. O disco solar surge como se fosse um convite às atividades do dia. Os sonâmbulos levantam-se dos berços para outro dia a dia de trabalho no mar de tubarões. O café da manhã os motiva quando entram no aguaceiro do chuveiro.

LOGO MAIS estarão a vestir as vestes da mumificação para sair e entrar nos ambientes de trabalho. Estarão a agilizar as instituições do museu mundano de atividades da metrópole. A senhora misteriosa da cidade, rainha do larbirinto, Dona Maria Joana, vai cuidar dos meninos e meninas sem identidade masculina e feminina. As forças inconscientes que movem todos os corpos e se fazem presentes nas ruas, nos shoppings, nas praias, nas salas de aula onde alunos se dizem presentes à chamada do professor.

NOS QUARTÉIS, os coronéis e os capitães de areia mantêm o orgulho dos generais que estão sempre a ansiar por um golpe de Estado. Os habitantes da grande família humana estão em seus endereços, ansiosos pelo carteiro e a correspondência que, esperam, trará uma boa novidade às suas vidas ansiosas. Logo-logo estará o mundo dos afazeres empresariais e domésticos em franca atividade.

EU BUSCO pensar no que vai acontecer, daqui a algum tempo, com essas milhões de vidas corrompidas pelos lazeres de répteis, conduzidos pelas peripécias circunstanciais do circo dos horrores e afazeres corporativos, domésticos, institucionais. Penso se estarei bem, sendo o excluído que não foi absorvido por essas rotinas que mantêm o controle dos imensos rebanhos de carneiros e bovinos que frequentam as sinagogas de hamburgueres, os templos e igrejas em busca de justificativas e perdão para suas atitudes e costumes padronizados. Em forma de oração.

TENHO A sensação de que a vida e essa sua dinâmica, trará o gosto pela obediência à autoridade que os acondiciona, conserva e nutre, apegados em seus gostos padronizados. Os meninos e as meninas vão crescer com a passagem dos aniversários que maram o tempo de fazer a entrada no mundo adulto que está neles, no DNA, ainda no momento da concepção, quando o espermatozoide campeão ganha a corrida pela fertilização do óvulo.

A SENHORA Misteriosa, mãe de todos os museus do mundo dos Raimundos, vê chegada a hora, o momento em que suas recomendações de Madona, não mais a habilitam ser dona dos comportamentos, dos ativos e afetivos de seus candidatos à vida ambiciosa por ter, ter mais coisas um, do que os outros. O Ritual de Passagem indica o caminho da competição desvairada, de assumir a corrói no mundo do vale-tudo para ter um salário que compra mais bugigangas do que os demais. Os outros.

O RITUAL DE PASSAGEM ESTÁ NA ESTRADA!!!

MAIS UM trago na fumaça soprada ao vento, e os meus sentidos e sentimentos produzem a visão de um mundo no qual não quero me aconchegar. Mas os sábios que sabem tudo das real idades, das vidas, não cansam de falar:

— “É assim que a roleta rola”.
— “É assim que o mundo gira”.
— “É assim que a fila anda”.
— “É assim que a banda toca”.
— “É assim que funciona”.

EU PENSO, cá com meus botões: todas essas múmias pais de famílias, ora dores, oráculos de púlpitos em igrejas, templos e sinagogas, os satanizados do rei Salomão, pastores patrões dos rebanhos de gado evangélicos... Que sabem eles??? Eles venceram suas angústias??? Eles têm um comportamento que não é padronizado??? Eles fazem parte do universo, ou não, do universo padrão dos manipuladores psicopatas das multidões enganadas que elegeram os congressistas da extrema direita??? Eles estão a povoar os elevadores em busca da saída.  Mas não há saída, exceto a do edifício de apartamentos.

EU, MEU subconsciente, trago à tona a resposta que encontrei ao me encontrar com a Madona Misteriosa, Dona Maria Joana: ela me disse que não fechou questão, não fez o pacto social com o sistema de recompensas para a aquisição de seu “Mercedes Benz Blue”. Os objetos na nuvem, não identificados, foram pelos pilotos astronautas ignorados.

O SISTEMA quer manter você por fora de tudo que realmente te interessa saber. Não sei se você já reparou que, em realidade, em verdade, você não sabe de nada. Apesar de se julgar um “papai sabe tudo”. Cinquenta e oito milhões de soldados e oficiais do exército Brancaleone civil e militar do Bozo, votaram nele, no totalitarismo evangélico e messiânico mais atrasado. Tão atrasado quem nem medieval é.

VOCÊ PRECISA, presumo, se resolver. Proteger-se da insanidade do Inconsciente Coletivo de sua família, de sua escola, de sua cidade, da universidade, de sua desumanidade incubada, dissimulada, latente. Você precisa plantar em seu coração e em sua mente, outras sementes que nem sabe existirem.

VOCÊ NECESSITA da Estrada, para se ganhar de corpo e alma. Dona Maria Joana, a Madona Misteriosa, quer dialogar contigo, com suas personas que sempre esconderam de você, sem nem saber que estavam fazendo isto. Afinal, eles não sabem o que fazem. Nunca souberam. Nunca vão saber.  Eles nunca acreditam em fornecer uma oportunidade de se autoconhecer.  Por isso o mundo conserva dor deles continua sempre igual.

APRENDA A administrar as consequências de suas escolhas. Tenha coragem de se autoconhecer. De se reinventar. Acredite numa outra pátria. Numa outra praia. Acredite em se auto educar. Não abuse da amizade com Dona Madona Maria Joana. Seus mistérios, fora dos ministérios, só serão revelados aos escolhidos, aos chamados. Seja você, você mesmo. Hoje você não sabe quem é. Amanhã, quem sabe saberás.

(P.S: HÁ MAIS DE TRÊS DÉCADAS ESTOU DESQUITADO DA MADONA DA ESTRADA. ELA ABRIU AS PORTAS DE MINHA PERCEPÇÃO DO MUNDO INTERIOR E EXTERIOR. O LIVRO “A MOCHILEIRA” (EDITADO EM 1995) CONTA NOSSA HISTÓRIA. O PORTAL DO CONHECIMENTO DE MEU PSIQUISMO ELA ME PROPORCIONOU. O RETORNO AO MUNDO DA "NORMALIDADE" NÃO ME PERMITIU A CONTINUIDADE DO USO DE SUA PROXIMIDADE. O MUNDO DO AUTOCONHECIMENTO, UMA VEZ DESPERTO, NÃO ADORMECE JAMAIS COM SONAMBULISMO “NORMAL”, SINISTRO, NUNCA MAIS).