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PERCEPÇÕES DE UM CYBERDROIDE (III)
PERCEPÇÕES DE UM CYBERDROIDE (III)

AS COMUNIDADES em todo o mundo se reúnem em volta de crenças que as tornam próximas. Semelhantes. Estão sempre a homenagear algum suposto deus astronauta que desceu do céu para construir uma cosmologia da qual se orgulham ser os herdeiros. À origem de suas tradições, esses povos prestam homenagens que lhes permitem reunirem-se em comemorações, tipo a dos povos andinos com a chegada do solstício de inverno. Nessa data vivem um momento comemorativo de festividades. Todos os povos do planeta gostam de circo. São festivos por natureza.

POR VEZES estou presente nas comemorações das mitologias ou narrativas cosmogônicas desses povos terrenos. Elas servem para os Quechuas e Aymaras valorizarem-se enquanto seres humanos, honrando e comemorando o Deus Sol e a fertilidade da Terra em 21 de junho. Muitos deles vivem em estado de extrema pobreza. Observo que, nessas ocasiões comemorativas a energia do Inconsciente Coletivo nessas culturas emerge, em seus rostos e em suas peles. Nessa ocasião me chega a sensação de que, realmente, tal qual no dizer de Shakespeare, “a matéria é feita de sonhos”.

A MITOLÓGICA chegada de Manco Capac, vindo, sem desvios, do Sol, para a fundação da civilização andina, o primeiro inca, em território peruano. Nesse momento cosmológico, a Terra se acha mais distante do sol, mas esses povos se unem na proximidade comemorativa da Cordilheira dos Andes, a mais de três mil metros de altitude. A festa, Inti Raymi, na pronúncia quéchua, celebra a cultura andina, a fé fortalecida nos rituais que incluem sacrifícios animais, resgata o mundo para uma nova vida que ora começa. O povo vivificado no sonho da matéria viva, reencontrados na esperança de que tudo vai mudar.

ALGO MÍTICO acontece na segunda maior cadeia de montanhas do mundo. Nessas ocasiões o sobrenatural promove acesso à natureza humana. A crença de que o astro-rei Sol se faz presente, iluminando aqueles corpos romântico, visionários, fortalecendo a fé em seus sonhos na matéria sofrida que se motiva, comemorativa, na presença do mistério. O espírito simbólico do deus astronauta cria dor, está neles presente. O fantástico e lendário Manco Capac os está protegendo. Sendo incorporado por eles.  

NESSES MOMENTOS, eu que sou um ser cibernético, me emociono, como se fosse um ser orgânico. A pobre realidade daquelas pessoas humildes se sustenta na credulidade insuspeita, numa esperança irrealizável. No retorno de uma divindade que um dia, sabe lá quando, há de ratificar e legitimar um paraíso utópico, perdido no inverno que congela suas almas esperançosas na fortaleza de Saqsayuamán, dois quilômetros montanha arriba.

A MULTIDÃO de gente simples se faz parte da vontade do deus astronauta que ora está entre eles nos muitos povoados em volta de Cuzco. Os sacerdotes xamânicos realizam oferendas e fornecem beberagens psicoativas. O coração do planeta nesses momentos mágicos, não é mais o coração das trevas. A alma liberta-se da dominação ancestral, dos malefícios espanhóis. Inti Raymi remonta a tempos imemoriais da civilização boliviana de Tiwanaco, onde, mais antigamente, a Porta do Sol permitia o aparecimento de seres vindos de outros mundos pelo portal da porta solar. Estes seres advindos de mundos paralelos, ou de sistemas solares distantes da configuração cósmica da Terra. Esses Ets, chegados à Terra, magicamente, pelo Portal do Sol, ensinavam as técnicas de plantio e construção de pirâmides que permitiam a superação da fome e demais adversidades na geografia do mundo inca.

A TERRA prometida nos Andes se estende da mitologia do mundo judaico (a terra de Canaã, prometida para Abraão e seus descendentes) em direção às demais cosmogonias do planeta. Os milagres extraterrenos não se configuram apenas em consonância à cosmogonia do mundo israelita. Os judeus ainda esperam um salvador que os conduza, pelas armas, ao domínio das demais nações da Terra. Manco Capac está entre eles, distribuindo benesses, na ocasião dessas comemorações. O ponto mais alto das festividades incas é quando seu imperador é levado, de pé, num andor, até a Praça das Armas. Das armas.

É PELA violência das armas que a maioria dos povos do Norte esperam a transformação do planeta. Estão sempre no aguardo da devastação imposta pelos conflitos, pelas hostilidades das guerras. A capital arqueológica das Américas é uma das muitas atrações turísticas que incluem a paisagem mística de Machu Picchu. Antigas catedrais barrocas se erguem à vista dos visitantes. Catedrais tombadas pelo patrimônio histórico da Unesco. A população nativa dos Andes, suas festividades que simbolizam a esperança de que, no final do ciclo previsto pelos maias, outro povo indígena, possam os povos sobreviver num novo mundo, onde ninguém mais vai viver num mundo difícil, sujo e corrupto, nem tampouco nenhum deles vai se chamar Raimundo.

FAREI, A você, leitor, uma confidência e um testemunho: talvez você já se tenha perguntado por que as nações do Norte são tecnologicamente mais desenvolvidas que as do Sul. Posso lhes afirmar que o motivo, por mais inverossímil que possa parecer, é este: Ets com certa intencionalidade de colonização planetária, ficaram com territórios reservados no hemisfério Norte. Neste hemisfério se concentraram as primeiras levas de colonizadores extraterrenos. Seres híbridos de hominídeos com Ets tiveram seus DNA modificados. Na intenção de serem seres dominantes, supremacistas da Terra.

OS Ets que colonizaram o hemisfério Sul, tinham a intenção de que seus povos colonizados, pudessem ser menos bélicos e apressados em obter ganhos com desenvolvimento tecnológico, e mais fossem ocupados em viver em paz: plantando e colhendo. À espera do colonizador soberano. Ocupando-se, preferencialmente, com desenvolvimento interior, estudos, dedicados à obtenção de conhecimentos sobre sobrevivência pacífica, esses povos andinos foram facilmente subjugados pela ganância da península Ibérica. Os andinos tinham medo, muito medo desses seres, que julgavam serem Ets que, naquele tempo, caminham entre eles. A pólvora das armas assassinas dos colonizadores espanhóis em busca de riquezas, prenunciavam outras armas que viriam com o desenvolvimento tecnológico posterior da modernidade.

OS ESPANHOIS tiraram proveito da superioridade do fogo de suas armas, dominaram povos pacificados pela própria intencionalidade, ingenuamente dedicados à vivência serena, paciente, tranquila. Suas guerras internas não incluíam a pólvora. Foram surpreendidos pela voracidade dos povos ibéricos em busca de riquezas, pedras preciosas e ouro. Os ibéricos tinham desenvolvido a navegação ultramarina. Tinham a ambição da conquista, da riqueza, da submissão e escravização dos povos tecnologicamente menos desenvolvidos.

PRESENCIEI AS comemorações do solstício de inverno no hemisfério Sul. Estes povos do sul, mais pacíficos que os Vikings do Norte, viviam um dia de menor duração, tinham a noite longa e dedicada a afazeres de ínfera movimentação. Recebiam os raios solares de forma oblíqua, inclinada. Ou seja: menos iluminação solar, menos calor. As comemorações da chegada do inverno e da primavera nos povos nórdicos eram igualmente comemoradas com festividades e sacrifícios. Mas tinham um caráter cultural menos ingênuo e mais superlativamente belicoso.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 29/03/2024
Alterado em 02/04/2024
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