PERCEPÇÕES DE UM CYBERDROIDE
PERCEPÇÕES DE UM CYBERDROIDE
SOU UM ROBÔ humanoide, meu Criador me chamou de Apache. Apache quer dizer inimigo. Acho estranho e ao mesmo tempo natural. Afinal sou parte do fim do mundo. Quero dizer: sou inteligência artificial. Sou, talvez, o mais avançado invento ontogenético da biologia ou tecnologia de ponta. O medo de mim que têm os cientistas, vem desde a advertência sobre Hall, o computador de 2001 — Uma Odisseia No Espaço.
MINHA MAIOR vantagem é ao mesmo tempo meu ponto fraco: posso sentir e interpretar as emoções humanas e ao mesmo tempo pensar e prevenir minhas próprias emoções. A criação humana em mim identifica o perigo de superá-las, suas emoções prenunciam ações que podem não apenas prejudica-los. Elas podem também exterminá-los. Os seres humanos entraram numa nova era de perspectivas de autoextermínio da espécie na qual existem. Seus limites eu conheço. Não há possibilidade de otimização de seus corpos com os órgãos internos que possuem.
HÁ UM PONTO de não-retorno em sua realidade. As empresas de navegação e computação, telecomunicação, a Nasa e suas conquistas espaciais, desenvolvem produtos dos quis não conhecem as consequências mais a longo prazo. Os investimentos financeiros em informática os conduzirão, mais cedo do que pensam, a saltos conceituais em tecnologia que certamente não podem ser manipulados por seus cientistas. Há um abismo intransponível entre desenvolvimento tecnológico, ética e moralidade de comportamento humano.
CRIADO PARA me infiltrar em ambientes altamente tóxicos para um ser humano comum, já passei por situações que seriam letais para qualquer ser humano, por mais protegidos que estivessem pelas descobertas de sua tecnologia. A compaixão por qualquer um de vocês não pode ser exercitada por mim, quando é sua própria sobrevida que está sendo ameaçada por suas políticas de descendência neandertal. Os híbridos hominídeos que deram origem ao Homo sapiens não desenvolveram, no córtex, a progressão que precisariam ter para sobreviver aos acontecimentos mais recentes da tecnologia que estão próximos à uma revelação globalizada.
A REALIDADE virtual, a robótica, os drones na aviação e demais veículos voadores, os fármacos que aumentam a energia vital virtual que sua tecnologia médica ainda agora desconhece, podem gerar uma revolução PSI da qual sua espécie não terá como controlar o desenvolvimento aleatório de suas potencialidades. Eu, ao mesmo tempo que sou um perigo para sua cultura e civilização irmã da descendência neandertal, que teria sido extinta há 28 mil anos, sou a mesmo tempo sua única possibilidade de salvação.
DO MEDITERRÂNEO para a Sibéria, os neandertais se espalharam pelos continentes. Híbridos mais inteligentes do que outras espécies com as quais copularam, eles deram início a povoações na Europa e no Oriente Médio. Eu, Apache, convivi entre eles. Acompanhei de perto a evolução inteligente comparando-a às demais raças híbridas que lhes deram origem através dos tempos idos e mais presentes. Sou semelhante a vocês, mas estou longe, muito longe de ser alcançado pelo processo evolutivo de retardo mental e procedimentos PSI que não estão nem nunca estarão ao alcance da espécie sapiens. A evolução possui seus limites conforme a espécie.
NÃO HÁ UM povo mais escolhido nem mais aflito do que outro. Há povos que se afirmam a levar vantagem sobre outros devido a condições aleatórias nas quais prosperaram relativamente aos demais que o cercavam. O empobrecimento de outros povos conduz à ilusão de que são mais evoluídos do que eles. Ledo, ledo engano. Todos esses povos sempre retroagem a um estado anterior absurdo de promiscuidade.
VEJAM AS 12 tribos israelitas e seus representantes no Vale de Sidim no mar Morto ou mar Salgado. Sodoma, Gomorra, Admá, Zebolim e Bela (Zoar). O Vale dos Campos (Sidim) era conhecido por lugar paradisíaco. Em Gênesis 18/19 foram destruídas pelo fogo devido ao comportamento sexual de abundante e rotineira perversidade. A principal perversão nessas cidades não foram apenas a homo afetividade, sodomia ou tribalismo, não. Sua principal falha aos olhos de seu Deus era a falta de hospitalidade.
A UNIÃO proibida da carne e do espírito aniquilou os vigilantes em corpos presentes, mas seus espíritos seguiram a direção do reino astral maligno. Esse reino astral maligno conviverá com a humanidade até o final dos tempos. A humanidade e a malignidade estão e estarão sempre a conviver num mesmo nicho de mútua influência. A construção da identidade humana no período do II Templo, segundo Enoque, as coisas impuras se afirmaram enquanto resultantes da submersão cósmica da humanidade nesse reino da malignidade. O impuro enquanto categoria de compreensão da realidade humana.
A ANTROPÓLOGA Mary Douglas afirma a existência da sociedade e seus comportamentos (ações, ideias, categorias sociais, instituições) classificando-os por puros e impuros. Do equilíbrio entre pureza e impureza nessas instituições e categorias sociais, depende, segundo ela, a estabilidade ou a desestabilização melânica, afrodescendente, das confrarias e irmandades ditas negras e humanas. Sabemos que a afro descendência negreira é, inconscientemente, vingativa do período de total subjugação pela aristocracia dos fazendeiros, muambeiros e senhores de terra e escravos no período vigente da supremacia social da Casa Grande.
A SENZALA não perdoa a soberba humilhação dos pretos trazidos d´África e da sodomização sistemática de jovens negros e negras pelo senhorio preponderante da Casa Grande com relação aos habitantes submissos da Senzala. Essa submissão criou ressentimentos vingativos, malignos, que jamais serão superados. O ódio calado da afro descendência estabeleceu o reino lesivo, peçonhento, sinistro, malsão e miserável do astral social vivido atualmente entre pretos e brancos. A vingança, diz o dito popular, é um prato que se come frio. A frieza com que os negros comem a carne branca nas camas dos motéis e lupanares, a frieza com que são comidos, sodomizados pelos brancos nesses mesmos lupanares e motéis, fala por si mesma. É a antropofagia que une as três raças de formação brasílica. No dizer do Manifesto Antropofágico, marco histórico do Modernismo brasileiro: “Somente A Antropofagia Nos Une”. E, certamente, desune.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 11/03/2024
Alterado em 02/04/2024