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A DESOLAÇÃO POÉTICA
A DESOLAÇÃO POÉTICA

Minha pobre mãe era só uma pobre mulher perdida no tempo. Seu espaço de mando continha crianças desprotegidas que ela paria como se fosse um forno de panificadora, a assar pães, a cada nove meses. Seu DNA talvez tivesse sido programado há muito, muito tempo, no tempo cósmico.

Os que a programaram para nascer, sabiam talvez, que ela nasceria numa família de recursos baixos. A mãe, uma ex cigana de periferia, o pai, um juiz de direito numa época em que juízes não eram valorizados e ganhavam um salário de atendente de mercearia. Os filhos dele, do casal, meus avós, cresceram numa família tipo neandertal do tempo das cavernas: sem noção de formação educacional, de civilidade, de princípio moral.

A sociedade brasileira não era mais do que uma manada de animais, dito humanos, a vivenciar a aurora de uma civilização que saía do convívio das cavernas neolíticas. Mas, ela descobriu o que para ela seria um achado de pirata, um tesouro escondido em suas próprias entranhas: ficar grávida significava entrar no mundo biológico da gestação. Ela, para ela mesma, não era mais que uma garota que sofrera, no interior de sua família, abuso de seus familiares. Abuso de natureza sexual de irmãos, vizinhos, e quem mais estivesse por perto e lhe presenciasse com uma três ou mais bolinhas de vidro.

Aquele que ganhasse a oferta, a levaria até um mocó de quintal onde ela levantava dava-lhe as costas, levantava o vestido e o capiau da vez tentava inserir em seu fiofó o pintainho, por vezes menor que um dedo mindinho. Ela e suas duas irmãs cresceram nesse ambiente instintivo, sem nenhuma distinção normativa de conduta. Era o costume natural, com ou sem maldade animal. A moralidade ia ficando para o ano que vem.

Alguns moleques não tinham mínima noção de que o impulsivo penetrar no fiofó da irmã ou no fiolfó do outro, poderia, futuramente, ter consequências nefastas para o moral social. Afinal de contas, nenhum deles tinha a menor ideia do que que era moral familiar, e muito menos, moral social. Uma sociedade de sodomitas se criava nos quintais familiares e justificaria mais tarde, o que hoje estamos vendo aí:

Passeatas gays, homens e mulheres a aparentar uma sexualidade natural, mas que, na intimidade do convívio, estão a se beijar e abraçar apaixonadamente, trocando fluidos corporais, a se penetrarem pelo ânus, conforme acontecia nas cidades da região de Telel Hamã, onde, há 3650 anos, a pederastia, o tribadismo, a inversão da sexualidade normativa acontecia como se fosse a coisa mais natural do mundo.

As cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas tal como registrado no Livro do Gênesis. Demais cidades próximas ao Mar Morto, onde o Vale do rio Jordão se alagava, próximas entre si no Vale de Sidim, conforme Gênesis 14:3, as cidades de Zoar (ou Bela), Zeboim e Adamá foram igualmente destruídas porque “transgrediam a Lei de Deus”.

A “Terra Desolada” pela esterilidade da região, ainda hoje possui formações de sal, enxofre e petróleo. Arqueólogos afirmam que, próximo ao período mencionado da destruição dessas cidades que estão, hoje, sob as águas do Mar Morto, aquelas áreas de terra ficaram vazias de habitações por, pelo menos seiscentos anos. Um grande terremoto teria ocasionado a explosão de depósitos gasosos.

As cidades acima mencionadas eram cidades-estados. Cada uma tinha seu próprio rei, hoje substituídos por políticos. Era um povo perverso, tanto os moços quanto adultos e idosos. A iniquidade era mando e costume de seus habitantes de todas as cidades, de todos os lados, conforme está escrito em Gênesis 19:4. Havia opressão social intensa, adultério, tráfico, mentiras, proteção a criminosos, soberba, ausência de complacência, falta de empatia e humanidade. Aquelas cidades muito se pareciam com as cidades brasileiras de hoje. Que acha você, leitor??? As semelhanças saltam aos olhos.

Passemos agora à reprodução de versos da poesia de T. S. Eliot, um dos responsáveis pelo nascimento da poesia moderna. Nele estamos em presença da literatura progressista contemporânea. Eliot integra os episódios separados pelo tempo e o espaço histórico, pelos eventos que separam civilizações, ao mesmo tempo os unem num mesmo paradigma de significados: faz-se atual, hodierno, nascendo-se do cinzeiro da tradição. Das cinzas às cinzas, do pó ao pó. Conforme o Livro dos Salmos: “pó e cinzas são todos os homens”. Leiamos este recorte:

“Que raízes são essas que se arraigam/Que ramos se esgalham nessa imundície pedregosa? /Filho do homem não podes dizer/Ou sequer estimas, porque apenas conheces/Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol/AS ÁRVORES MORTAS JÁ NÃO MAIS TE ABRIGAM/Nem te consola o canto dos grilos/Nenhum humor de água a latejar na pedra seca”.

Eu, ao reivindicar meu direito de poeta, afirmo, diferentemente do verso de Eliot: AS ÁRVORES MORTAS AINDA TE ABRIGAM, ao invés de “As árvores mortas já não mais te abrigam”.

Para Eliot a noção de clássico visa a superação dos limites da própria língua: para ele, quando um poeta é um clássico, ele esgota a forma da língua em sua época, superando suas limitações de caráter cênico.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 12/11/2023
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