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A FAMÍLIA DO HOMEM CEGO — PICASSO (1903)
A FAMÍLIA DO HOMEM CEGO — PICASSO (1903)

NINGUÉM EM quem confiar. Ninguém disposto a me ouvir. Uma criança a viver acossada pelos adultos e demais familiares. Estava a viver um aprendizado de rato num larbirinto de ratazanas. O bloco de construção básico de meu universo infantil sendo deteriorado justamente por quem deveria me dá a mão: Mãezona. Essa criatura infinitamente perturbada em todos os níveis de organização biológica: seus átomos, moléculas, células, tecidos e órgãos eram partes de uma estrutura do mais baixo nível de conhecimento próprio e do outro. Não havia empatia dela por mim. Nunca.

A SINFONIA universal esotérica era para ela uma realidade totalmente fora de seu mundo. Exceto pela possibilidade de dominação pelo mal que poderia causar-me. Criava-me aflições metodicamente. Cercava-me de uma imensa rede de intrigas da qual, ela tinha certeza, ela e o marido, de que eu não poderia sair. Como aceitar todo esse amontoado de tensões, perturbações, ansiedades e desassossegos, sem que essa educação não tivesse sequelas em minha vida de adolescente e de adulto???

SERÁ QUE ela não via isso??? Via sim. E tinha um enorme prazer de me ver sofrer em suas mãos prenhes de uma intencionalidade absolutamente maquiavélica. Na perversidade deliberada ela buscava a afirmação de influências sabidamente destrutivas. Como poderia eu, futuramente, quebrar esse espelho do reflexo materno que me forçava ser desnutrido de intenções conforme minhas melhores habilidades de espírito??? Que espécie de energia vital infortunada dominava aquela criatura???

ONDE ESTAVA o lado bom de sua personalidade que nunca para mim aparecia??? Por que ela só manifestava a consciência de anseios e perturbações camufladas de uma bondade aparente, que não existia??? Eu me torturava vendo em suas contínuas mentiras e encenações de maternidade enganosa, seus muitos disfarces. Dizendo uma coisa e fazendo outra, oposta. Ela e o marido queriam apenas se autopreservar, e destruir em mim tudo que não se identificasse com criaturas sombrias que com eles conviviam na noite eterna de suas intencionalidades. Maléficas.

ELE, ESSE casal dantesco, não queria conviver comigo por saber, talvez, que se investissem um mínimo de recursos em minha educação formal continuada, eu saberia crescer rapidamente em direção à minha emancipação da companhia familiar nefasta de ambos. Deles e de suas extensões físicas: os “irmãos menores" pelos quais eu deveria gostar de me sacrificar e investir meus recursos mantidos numa caderneta de poupança, conseguida com trabalho próprio, sempre esvaziada em favor deles.

PAIZÃO COISINHA e a mulher tinham plena certeza de que eu não poderia jamais aliar-me a seus propósitos escusos, porque tinham em mente que eu poderia cumprir a promessa de que um dia, ao olhar as sessões de pedofilia dele no centro da sala de jantar, eu contaria essa história, dessas coisas que, claramente, não estavam nada certas:

— Um dia eu ainda vou contar essa coisa errada que vejo se repetir quase todos os dias. Essa coisa errada: Paizão tendo orgasmos na bundinha de seus filhos e filhas. Sujando a calça ou o pijama com a porra em ejaculações que ele não mais conseguia ter no convívio íntimo com a mulher que ele passou a detestar. E que o detestava com a força de uma alienação conjugada à revolta por ele ter se amasiado com uma professorinha primária, talvez baiana, que se chamava Tieta.

O BRASILEIRO é, antes de tudo um Bobo da Corte dos palácios municipais e estaduais de governanças. O brasileiro é, inicialmente, um folião de carnaval. Elas entronizam periodicamente, políticos corruptos com data marcada para reeleição de suas turmas partidárias de assaltantes dos bens financeiros e econômicos públicos. Os ativos financeiros sociais são, enquanto duram seus mandatos, considerados privados. Cada administração municipal, estadual e federal, priva da oportunidade de enriquecer os reis em seus palácios de governos nos municípios e estados da federação.

NO CENTRÃO de todos os palácios periféricos, municipais e estaduais, está a reinação de um presidente da República coroado no Palácio do Planalto para se apossar, institucionalmente, de parte substancial dos recursos públicos federais. As mutretas dessas reinações, ditas democráticas, começam mesmo antes do próximo rei do Palácio do Planalto tomar posse, ou ser coroado presidente. Alguns gostam tanto de suas reinações, onde a corrupção pontifica, centralizada no Congresso em conchavos com o Palácio Centrão no platô dos dinossauros de uma política que assalta as verbas públicas de todos os jeitos e jeitinhos nacionais tipo: “deus, pátria e família Bozonaro”.

TUDO FEITO na mais santa aberração da venalidade centralizada na corrupção. A grande maioria dos assalariados se contenta em fazer o supermercado com a limitação aquisitiva de seus salários. Todos tendo em vista uma corruptela oficial que os conduza a um ganho extra no final do mês ou do mandato do rei no Palácio Centrão do país. O instituto e os estatutos do poder os blindam da interferência dos outros poderes, por vezes harmonizados com a corrupção centralizada e seus efeitos sociais, os mais deletérios:

MISÉRIA, FOME, uma educação formal para a prostituição futura, o vício e o tráfico de entorpecentes. Os perímetros fronteiriços da Amazônia permanecem abertos ao crime organizado. Enquanto as FFAA estão ocupadas com as urnas do Supremo Tribunal Eleitoral, as fronteiras estão entregues aos mais diversos grupos de traficantes internacionais de armas, madeira, ouro e provisões de mercancias tóxicas.

MUITOS OFICIAIS das FFAA fazem de conta que estão cumprindo seu papel constitucional. Enquanto a criminalidade corre solta nas fronteiras. O enriquecimento ilícito desses oficiais corre também solto na buraqueira da inconstitucionalidade armada e antidemocrática, sob comando, comunicação e controle de um político ocupado apenas e exclusivamente em se reeleger para mais um mandato de rei no Palácio Centrão do Brasil. Ele obteve 58 milhões de votos subordinados à sua falta de projeto político.

SEM PROJETO para o Brasil que lança as pessoas pobres no malabarismo da sobrevivência difícil, sem recursos materiais, intelectuais e cognitivos.  Que pode uma pessoa fazer quando nasce entre a cruz e a espada??? Sem renda ou ingestão de calorias diárias suficientes para manter a o coração, a cabeça e o estômago em pé de gradativa fome de justiça. O pobre nunca está nos projetos governamentais, exceto enquanto vítima. Vítima a quem jogam os restos das sobras do banquete dos bandidos. Mas, a família do homem cego das necessidades sociais mais básicas, essa ele protegeu, enquanto presidente, de todas as formas possíveis.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 28/02/2023
Alterado em 28/02/2023
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