RODA-VIVA

Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou sofreu
A gente bugou de repente, ou foi o mundo então que efervesceu
A gente quer ter voz ativa, no nosso cafofo cafona mandar
Mas eis que chega Roda-Viva, e carrega o futuro pra lá
Roda mundo, Roda-Gigante, redemoinho, reconversão
O tempo faltou no instante, em que parou meu coração
A gente vai contra a demência, até mais poder conseguir
Na volta do barco é corrente, será que há de auferir???
Faz tempo que a gente se dedica, à literatura a lavrar
Na volta do barco é que tende, a não mais crer e acreditar
Faz tempo que a gente maquina, essa terra seca a lavrar
Mas eis que chegar Roda-Viva e não deixa a terra amanhar
Roda-Mundo, Roda-Gigante, roda o triturar do escorpião
O Tempo-Rodou num instante, quase que para o coração
E roda a saia a mulata, na praia em meio ao sertão
Até eu penitente desacredito, em leitura e doutoração
As letras se fazem ao vento, nas secas desse verão
Quem escreve não faz serenata, a banda na rua alçapão
E veja você Roda-Viva, que faz todo canto de livro calar
Roda-Tudo em volta, nem pássaros querem mais voar
Porque a Roda-Viva, faz por demais a Amazônia queimar
Roda-Mundo, Roda-Gigante, Rodamoinho, Roda-Sertão
O Tempo-Rodou num instante, parou até coração
O samba, a viola, a roseira, um dia a alegria queimou
Foi tudo ilusão passageira, que a gente fingiu que vingou
No peito a saudade cativa, faz até a força fraquejar
Mas eis que chega a Roda-Viva, carrega as forças pra lá
Roda-Mundo, Roda-Gigante, Roda-absurdo desse sertão
O vento levou num instante, esse 100 Tempo, sem coração.