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DOIS VELHOS COMENDO SOPA — GOYA (1819/23)
DOIS VELHOS COMENDO SOPA — GOYA (1819/23)

A REPRESSÃO social promovida pela ditadura reinava nas ruas, praças e avenida das cidades apavoradas. As pessoas espancadas nas praias por simplesmente estarem fumando e dialogando sobre os últimos acontecimentos. Nas salas de espera de cinemas e teatros, lá estavam os valentões das FFAA a ameaçar pessoas que estivessem a trocar ideias numa roda viva de amigos.  Logo eram ameaçadas:

— “Vamos circulando, comitês estão proibidos. Vamos, vamos logo, vamos circulando, se não quiserem dormir na delegacia do Dops”.

NÃO É POSSÍVEL escrever este texto sem estar deprimido com a condição existencial de meus familiares. Cada um deles, meus irmãos e irmãs, eram portadores genéticos do direcionamento emocional cego deletério, deteriorado por uma intenção perversa de fazer de mim um “Bode Expiatório” de suas intenções, as mais perversas.

AREDITO MESMO que Mãezona representava a Maria que motivava os ritos satânicos do Vaticano, dedicados à mulher que cedeu às piores intenções para com seus filhos e a sua descendência. Uma mulher que não aceitou a condição de Mãe benevolente e compreensiva. Mas, ao contrário, se dedicou a reinar numa comunidade de uma família e sociedade emocionalmente destrutiva. Essa Maria rejeitou a circunstância benevolente da maternidade. A oração dela, ela professava consciente ou inconscientemente:

AVE MARIA/Cheia da chalaça/O senhor do mal é contigo/Maldita sois vós entre as amantes/Maldito é o fruto do vosso ventre/Satã. Malvada Maria, mãe da maldade/Rogai por vossos pecadores/Agora e na hora de vossa extinção/Amém.

MAS, QUEM É Satã, senão a própria Sombra??? As atividades e desejos devassos, obscenos e violentos que ela, Mãezona, não aceitava no nível consciente de sua personalidade tosca??? Seu lado obscuro, negro, que ela projetava em mim, quem sabe em outros filhos, e negava nela mesma, porque não tinha coragem de se encarar. Ela tinha medo da manifestação deles na prole: seus recalques reprimidos. Todas as pessoas têm um lado sombra. Sombra: arquétipo do Inconsciente Pessoal, herança do Inconsciente Coletivo: o complexo kit de estruturas inatas, herança do conflito entre instâncias do Inconsciente Coletivo. Este, promove os conflitos que dão sentido e movimentam à vida. Vida que nela era tortuosa e inaceitável.

A FAMÍLIA É A plataforma principal da sociedade. Mas, certamente, esse tipo de família não se faz benéfica à continuidade dela mesma e da sociedade à qual pertence. Ela é a cartomante que planta nos corações e mentes de seus membros, uma portabilidade genética totalmente dotada de inconsequentes desejos de domínio e sedução. Sedução e desejos que extrapolam os limites da melhor civilização e da cultura. Tornando essa civilização e essa cultura uma condição de sobrevivência deletéria de seus membros. Sócios, familiares e parceiros de uma condição de convivência simplesmente sub-humana. De intenções inconfessáveis e as mais suburbanas possíveis.

ACREDITO QUE A inconsciência de seus atos é movida por mecanismos orgânicos que elas próprias desconhecem como gerir. Acredito que não foram, essas mulheres, programadas para transcender o pior do que há na genética delas mesmas.  São, com certeza, seres biológicos com DNA programado, desde a primeira fêmea da espécie sapiens, Eva, para engravidarem de extensões da estirpe e linhagem da família, dita humana, destinada ás finalidades familiares e sociais que hoje vemos acontecer nas mais diversas instâncias das instituições de uma sociedade autodestrutiva.

NOSSO CÉREBRO É uma máquina de aprendizagem quântica. Não foi, não é e não será educado para se monitorar e a seus dependentes familiares e sociais, de maneira adequada à uma sobrevivência fora da possibilidade de extinção da espécie. O que Paizão Coisinha e Mãezona aprenderam com a suposta civilização e cultura sapiens??? Aprenderam, tal como estamos sabendo pelo comportamento deles e da maioria de seus descendentes, a repetir a agregação de laços afetivos de parentesco familiar e social, semelhantes aos trogloditas do tempo da caverna dos brucutus.

COMO PODERIAM, os membros dessa família, permanecer em estado de respeitabilidade própria e de socialização, se seus indivíduos, quase todos, aceitavam a escravização mental acrítica entre si mesmos, a partir do “eu” de referência dos pais, perversos, sadomasoquistas e irresponsáveis??? Que afinidades eletivas poderiam, no futuro promover enquanto eles também pais de família??? Como poderiam distinguir-se do parentesco por afinidade, a se estabelecer pelo casamento, no parentesco consanguíneo por descendência???

O LAÇO NEURAL entre pais e filhos, uma vez degradado pelas impertinentes e repetitivas sessões paternas de sadismo e morbidez sodomita, como extirpar a memória desses eventos traumáticos a muito longo prazo??? As milhares denúncias de práticas sodomitas entre clérigos e pastores de igrejas e templos, não têm nada de minimamente cristão. O laço neural que os une é a falta de controle, é a carência de afetividade. A elaboração mórbida dos compromissos paternos resulta numa sociedade da qual somos partícipes de seus crimes de responsabilidade familiar, política, econômica.

ESSE TIPO DE pais faz, todos os dias, o upload das adversidades que de há muito afligem as crianças e a descendência da espécie. Esses Laços de Família mantêm uma espécie cênica de simulação de respeitabilidade. Como cantava a canção de Belchior:

“NO CENTRO DA sala/Diante da mesa/No fundo do prato/Comida e tristeza/A gente se olha/Se toca e se cala/E se desentende/No instante em que fala/Cada um guarda mais o seu segredo/Sua mão fechada/Sua boca aberta/Seu peito deserto/Sua Mãezona parada/Lacrada/Selada/Molhada de medo/Pai na cabeceira...”.

É HORA DO ALMOÇO/para os familiares do Bozo/Eu ainda sou bem moço/Para essa tristeza/Minha mãe me chama/Minha irmã mais nova/Loura cabeleira/Minha vó me chama/É hora do almoço/Pra que toda essa tristeza/Onde está nessa união/A vida ou coisa parecida/Que nos arrasta, moço/Sem ter visto e sentido/O sabor da vida/A juventude perdida/Na hora do almoço/Dessa forma perdida.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 29/10/2022
Alterado em 18/12/2022
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