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NO SUBMUNDO ALÉM DA IMAGINAÇÃO —I—
NO SUBMUNDO ALÉM DA IMAGINAÇÃO

O mundo está saindo pelo ladrão de avatares dengosos. Avatar é manifestação no mundo físico (hinduísmo) de um ser imortal. Avatãra quer dizer “descida” da divindade Vishnu no mundo dos humanos. Vishnu está longe de ser um Avatar dengoso, desmunhecado. Mas, quem sabe, talvez tenha programado a realidade humana para produzir milhões, bilhões de seres afetados, faceiros, maneirados nascidos da realidade dos séculos XX/XXI. Senão vejamos:

Maioria, grande supremacia das pessoas nascidas nesses séculos não tem tempo pertinente ao treino que lhes permita inserir-se nas mais diversas, por vezes difíceis situações de adaptação com honra e decência à realidade que se lhes apresenta as autoridades constituídas. Não é nada fácil a um adolescente classe média ou classe baixa se posicionar confortavelmente num serviço remunerado a concorrer com outros demais candidatos à vaga de um traballho  ou lugar numa sala de vestibular.

Começa que não há concorrência leal entre um filhinho de papai de “famiglia” economicamente privilegiada, educado entre mordomias de uma situação social de privilégios, tendo cursado colégios com professores regiamente pagos, e outros, favelados ou não favelados frequentadores de pagodes nas periferias que os nivelam por baixo.

Os problemas de convivência familiar sobram para todos e todas as adolescentes carentes de convívio urbano, extrovertido. A pessoas d modo geral não gostam de se sentir ilhadas, dentro do quart, dentro da casa. Famílias da alta e da baixa classe média, costumam ter problemas de sobrevivência algumas vezes semelhantes. Afinal, todos consomem as mesmas mercadorias básicas encontradas nos supermercados.

Nos demais aspectos da realidade, os filhos de famílias não abonadas, sentem-se socialmente inferiorizados porque a realidade deles é mesmo inferiorizada. As várias situações decorrentes de fatores de desequilíbrio emocional, se afirmam congêneres, equivalentes. Afinal o mundo cão é cão para quem nasce nele sob qualquer circunstância. Apesar de sabermos que, quem tem mais recursos possui mais vantajosas oportunidades.

A juventude é também um salto do mundo da mocidade para o mundo das mais variadas comorbidades. Não poucos filhos de pais mal remunerados passam, com esforço, nos vestibulares. Mas para segurar a peteca da frequência nos cursos de sapataria, moda, desfiles nos palcos das epidemias da moda, de odontologia, pediatria, psicologia, sociologia, matemática, medicina, física, economia, entre outros muitos, não poucos são incentivados pela própria necessidade, a se corromperem e aviltarem em troca de recursos monetários para a sobrevivência em casa e em seus respectivos cursos universitários.

Essa realidade se reflete na vida futura dessas criaturas que passam a treinar submissão e subversão de valores em decorrência de uma existência numa economia política que não lhes oferece um mercado de oportunidades de emprego e de trabalho. Passam então a vivenciar uma cultura de costumes submissos às taras e à sexualidade pervertida de quem possa lhes proporcionar algum dinheiro a mais no orçamento pessoal e familiar.

Após passarem anos por esses fardos, essa Via Crucis e cruéis de privações, essas pessoas dificilmente não adquirem condicionamentos mórbidos que com ela vão, mais das vezes, passar todo o resto de suas vidas. Por mais que consigam sucesso profissional, as chagas abertas na estrutura emocional ulcerada para toda a vida. Se forem pretas, negras, morenas ou de cor, estarão a se vingar dos bancos e brancas que as exploraram. Não há como sair ileso dessa Roda Viva, como diria aquela boca de cantor.

As patologias pessoais e comunitárias se multiplicam sem que haja um termo para essa contaminação ampla, geral e irrestrita dos organismos e instituições da sociedade mal-amada, desgastada moralmente de maneira irreversível.  
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 15/11/2021
Alterado em 15/11/2021
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