A GAROTA DO
“MICROTROTTOIR”

Oferecida na noite de luar
A criança quis se perceber
Indagou-se se viver queria
Do jeito que estava a saber
Então teria nascido peixe
Nesse aquário de anoitecer???
Perguntou se isso é amar
Ou um malamar sem querer
Usar e ser usada máquina
De faturar tira-bota a prazer
Nem sente ser jogada de lado
Sem mais nem menos carecer
De mínima carícia na pele
Abriu os olhos sonâmbula
Antes mesmo do amanhecer
Tinha de correr pra chegar
Chegar no barraco de palha
Com o leite ninho do bebê
Nem infância nem juventude
Apenas pernas abertas feridas
Escoriações e bálsamo bengué.