A ARTE DE REPRESENTA AÇÃO NO TEATRO
A ARTE DE REPRESENTA AÇÃO NO TEATRO
NO TEATRO E NO TEATRO DA VIDA, a grande maioria das pessoas passa correndo em direção ao passado. Representar o futuro quer dizer representar a própria extinção enquanto espécie Homo sapiens/demens/sapiens. Representar a própria extinção deve doer pra cacete. Por isso a fixação em replicar o passado.
A VIDA DA GRANDE MAIORIA DAS pessoas passa como se fosse um simulacro. As personagens do passado ancestral povoam e paralisam, no astral do Inconsciente Coletivo dos Mortos, a repetir seus movimentos no palco do amanhã.
OS FANTASMAS REVIVEM NA ATUA ação dos intérpretes agentes da reprodução de suas vidas, forçando os vivos ao aplauso delas. Afinal, por que os fantasmas não seriam também vaidosos e nostálgicos de si mesmos???
ELES, ESPECTROS, TÊM SEDE DA vida que viveram e querem repeti-la na vida dos vivos, seja através dos atores nos teatros dramáticos, seja usando-os, os vivos, como se fossem Pupilos ou Cavalos/Médiuns dos Guias na Umbanda. Os fantasmas, muitos deles, têm sede de viver, suponho, por não terem ajuizado suas vidas conforme a melhor trajetória se outra vez fossem viver imaginam, talvez, fizessem melhor.
A HUMANIDADE LEVA SÉCULOS, milênios, repetindo-se na extasiada paralisação de uma vida na qual não se concederam a coragem de explorar caminhos de ir à vanguarda de conquistas que poderiam ter sido efetivadas e não foram. A arte de atuar é, mais das vezes, um reverenciar a crítica de ilusões nostálgicas de caminhos percorridos que se repetem na replicação saudosista de vidas, como se fossem a dramatização, outra vez, de novas despedidas.
NA PEÇA “O JARDIM DAS Cerejeiras” o autor russo Tchekhov usa em cena a personagem Lopakhine, financista da classe rica ascendente, filho de escravos que haviam semeado e cultivado o Jardim ora penhorado. Ele passa a peça a afirmar que o sítio vai ser vendido. Ele visa constranger os membros da família aristocrata em vias de falência, a aceitar a culpa por não fazerem nada no sentido de preservar a memória agonizante da vida fidalga.
O PASSADO DAS PERSONAGENS não merece ser preservado nem por elas mesmas. São pessoas que desejam, ansiosas por se libertarem dos elos que as ligavam ao passado de uma fidalguia morta. Poderiam lotear a propriedade para não a perder para a instituição financeira que a havia comprado em leilão. Por que não construir cabanas de veraneio??? Por que não achar uma saída para a dívida que não fosse a venda da chácara??? Por que vão perder a beleza e os frutos do Jardim e não estão nem aí??? Acredito que Tchekhov passou a mensagem que daquela “elite” nada havia por ser preservado. Exceto a ganância, a avareza, a cupidez, a ambição e a mesquinharia: Anamnese de lixo.
AS PERSONAGENS SE VÃO A revelar fátuas, altaneiras, soberbas, vaidosas com nada a preservar de meritório, construtivo: mostram-se picaretas volúveis, incongruentes. Pessoas que vão se desconstruindo a si mesmas pela desagregação de um discurso fugaz, jactancioso, arrogante, efêmero. Representam a morte de uma estirpe sem jaez ou qualidades a preservar. Vidas estiadas, urucubacas impossibilitadas de revitalizar-se e renascer: ziguiziras: lusco-fusco crepuscular de uma Rússia czarista arruinada.
OS ATORES DO TEATRO NÃO seriam apenas médiuns mediadores a dramatizar personagens de uma jerarquia (Jecarquia) supostamente bem nascida, que dominava não apenas a Rússia czarista, mas a nobreza europeia de modo geral. Os atores nos fazem refletir sobre Quem Foi Quem no passado da história social e política: jurídica, militar, econômica. Quem Fora Quem na classe dos trabalhadores do drama humano na Revolução de 1917???
TCHEKHOV AFIRMOU QUE A dramaturgia e a literatura eram apenas suas amantes, a medicina fora sua legítima esposa. Sua técnica narrativa do “fluxo de consciência” adotada por ninguém menos que James Joyce, Tennessee Williams, Eugene O´Neill, Arthur Miller... Shaw, Ibsen e Tchekhov são a trindade do teatro moderno e realista. Suas e seus personagens afeiçoados às queixas, gemidos, dores, murmúrios, lamentações clínicas, certamente influenciaram do mundo da medicina à criação do autor no mundo do Teatro.
VOCÊ ESTAR A OUVIR O MACHADO A DEVASTAR A MEDITA AÇÃO???
E A METÁFORA DA AMAZÔNIA SENDO DEVASTADA POR SERRAS ELÉTRICAS COM O AVAL DO MINISTRO AMBIENTAL DO BOZO!!!
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 17/08/2020
Alterado em 20/08/2020