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HOLOCAUSTO NUNCA MAIS (PSICity) ROTEIRO DE CINEMA (3ª REDAÇÃO) 19
227. INT. DO ABRIGO “HOT”. MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA. IBIRAPUERA — NOITE

(ADRIANE e PERIMURICÁ foram resgatados. Os “hots” feridos e exaustos, os que saíram com vida da invasão do SPA, trocam impressões ao chegarem ao território protegido pelos guerrilheiros “hots” nas imediações do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo).

ZECA ZUMBI
      (enquanto é medicado ele fala, olhando para PERIMURICÁ)

Vocês puderam ver: idosos dão no coro. Estamos, os que sobramos, vivos para contar a história. O colete havia salvado sua vida. Há marcas de tiro no tórax e na parte posterior do tronco.

   ADRIANE TAUIL
  (a mostrar incontrolável indignação)

Como pode aquela casa dos horrores, aquela Ilha do dr. Moreau, esse campo de concentração ser obra de minha filha... Ou neta? Como pode prestar-se a essa empresa macabra? ADRIANE está inconsolável.

    ROSSI LEE
  (consolando-a)

Estamos bem! Estamos aqui (ROSSI LEE fala olhando em volta) eles foram mesmo impressionantes. Muita coragem, arriscar dessa forma suas vidas por pessoas que conheceram apenas há poucas horas... Sem esquecer que tiveram uma motivação para reagir. Para desafogar uma raiva contida por muito tempo.

  PERIMURICÁ
(passando o braço em volta da boca)

Chá muito ruim aquele. Sabor infernal! Ele faz uma careta. Depois sopra um pouco de fumaça, aliviando-se. ADRIANE sorrir e pergunta:

  ADRIANE TAUIL
  (admirando-se)

Como você conseguiu retê-la tanto tempo nos pulmões? Eles devem ter cozinhado mesmo (risos gerais) — Pessoas cuidam de seus ferimentos. Os feridos são muitos.


228. INT. ESTÁDIO OLÍMPICO MONUMENTAL. PORTO ALEGRE — DIA

(No Estádio Beira-Rio realizam-se as competições das Olimpíadas entre os membros dos vários templos da Igreja do Salvador dos Últimos Dias, à qual pertencia, antigamente, o Pastor MCKENZIE. As arquibancadas estavam cheias de idosos sarados de todos os cantos do país. Afinal, aquele era um evento ao qual não podiam faltar. Os principais espécimes dos “SPAS” exibindo-se mutuamente. Logo estariam definidas quais as práticas de nutrição mais avançadas nas pesquisas genéticas de rejuvenescimento).

(Os atletas que ganhariam os melhores lugares nas mais diversificadas formas de competição foram focalizados recebendo seus prêmios, suas medalhas de ouro, prata e bronze. A TV-Ghost mostrou o evento. Todos eles foram intensamente treinados nos quartéis e Centros de Treinamento da Força Armada, antigo exército e polícia militar. Na capa da minuta dos jogos vê-se o desenho de um atleta com o número 111 estampado na camiseta estilo regata-fashion. Os “pig-spas” aproveitavam o evento esportivo para comemorar o assassinato covarde de 111 “hot-dogs” pegos fora das grades das enxovias durante a invasão do “SPA TAUIL & OSTROWSKY” pelos "hots").

(As autoridades máximas do país estavam presentes nos camarotes especiais, ingerindo os mais destacados produtos dos “spas”: bebidas com maltes envelhecidos em tonéis contendo a “dosagem certa de plasma antígeno que acelera a produção de anticorpos específicos ou de linfócitos sensibilizados”. Através de toda a área das arquibancadas do Estádio estavam à vista bandeiras enormes, no formato das exibidas nos eventos esportivos e políticos nos tempos do III Reich. Compridas e vermelhas, tendo no centro o logotipo em preto: FERVET OPUS).


229. EXT. ESTRADAS. PAISAGENS. PRAIA PARTICULAR DE HOTEL. SALVADOR. BAHIA — DIA

(ADRIANE e ROSSI LEE hospedam-se num hotel de turismo na Bahia que possui uma praia particular. São poucos os hóspedes. Mas quando a notícia corre de que estão hospedados, o hotel começa a se encher de hóspedes curiosos. Resta-lhes, quando isto acontece, sair do lugar e ficar viajando. O casal esquiva-se ao trato e à convivência com os remanescentes da raça Homo sapiens/demens e seu triste e lamentável passado).

(O “full-time-movie” mostra a maior tragédia ecológica nacional: o governo do PT e suas obras políticas da primeira presidente da República mulher. Você não quer ver? A pergunta de ADRIANE suscita a resposta irônica de ROSSI LEE):

    ROSSI LEE
                                             (proverbial)

“Recordar é morrer”, como dizia o provérbio popular pós-governos do PT.

(O filme mostra que a Usina de “Belo Monte de Merda”, como popularmente passou a ser chamada, construída para o enriquecimento ilícito de empreiteiras e políticos corruptos, resultou, com o passar do tempo, em irreversíveis impasses socioeconômicos e ambientais. A alteração do curso do rio Xingu para alimentar as barragens, gerou o apodrecimento das raízes de milhares de árvores que serviam de diques de alimentação para diversas espécies de peixes ao longo dos municípios de Vitória do Xingu, Brasil Novo e Altamira. Ao final da obra concluiu-se que seria preciso outro rio Xingu para garantir a vazão da represa e a geração de energia elétrica para os 365 dias do ano. 30 terras indígenas e 15 unidades de conservação foram atingidas. Populações nativas foram expulsas de seus ambientes originais).

(O filme do dia da TV-Ghost, ou Canal 10, mostra cenas da cidade de Altamira transformada numa grande favela. As obras da usina “Belo Monte de Merda”, mais que duplicou seus habitantes. E o “território mais indígena do país” foi invadido por todo tipo de interesses econômicos criminosos. Muitos líderes de grupos ecológicos foram assassinados. Os crimes continuaram depois de 2001 quando o coordenador do Movimento pela Transamazônica e do Xingu, Ademir Federicci morto covardemente com um tiro na boca quando dormia ao lado da esposa e do filho caçula, após sua participação em debates de resistência contra a construção da Usina de “Belo Monte de Merda”).

(A TV-Virtual mostra no filme do dia, cenas do passado, ocorridas na 1ª década do século XXI, quando a coordenadora do movimento Mulheres do Campo da Cidade do Pará, e do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia de Melo, após ameaças e tentativas de assassinato não saiu mais às ruas. Segundo ela, “essa Usina foi um crime contra a humanidade perpetrado contra nove povos ribeirinhos e trabalhadores da agricultura familiar que foram simplesmente expulsos da região”. A TV-Ghost mostra cenas de mobilizações populares e de ambientalistas que há décadas realizavam ações de resistência contra a usina com repercussão internacional).

(A “TV-Virtual Canal 10” exibe cenas do passado. Do passado anterior à construção da Usina “Belo Monte de Merda”, em doze de abril de 2010 o diretor de cinema James Cameron, a atriz Sigourney Weaver e Joel David Moore participaram de ato público contra a obra. O GREENPEACE, em 20/04/2010, protestou contra a Agência Nacional de Energia Elétrica em Brasília, despejando três toneladas de esterco na porta de entrada da ANEEL. As faixas do protesto diziam: “O Brasil precisa de energia, não da usina Belo Monte de Merda").

     ROSSI LEE
(ironiza as cenas vistas na TV-Ghost)

Se é que um monte de merda poderia ser belo.

  ADRIANE TAUIL
     (sarcástica)

Um modelo de desenvolvimento para encher os bolsos dos amigos da corrupção institucionalizada, contra a qual os parlamentares desse Partido dos Trabalhadores foram  eleitos.

   ROSSI LEE
  (concluindo)

Vergonha e decepção! Foi tudo que sobrou das promessas “éticas” desse partido.

(O documentário da “TV-Virtual” mostra a transamazônica das centenas de comunidades ribeirinhas, os atos públicos manifestaram, no começo do século XXI, a indignação e o repúdio a mais essa “obra do PT” construída a partir do Sítio Pimental. O “Canal 10” exibe cenas do livro do Cacique Raoni, “Memórias de Um Chefe Indígena”, lançado no longínquo ano de 2010, prefaciado por Jacques Chirac. Recebido por Nicolas Sarkozy, Raoni, em entrevista À RFI, disse que os índios reagiriam com “guerra de guerrilha” àqueles que estivessem construindo a barragem, durante todo o período de construção da usina Belo Monte: “Monte de Merda”).

(O “Canal-Ghost” mostrou também o recrudescimento das queimadas e da devastação da floresta pelo desmatamento, por aqueles trabalhadores que, após a construção da Usina, ficaram sem trabalho. Os slogans pós-Usina diziam: “Após O governo Do PT Sobrou Para Você A Amazônia Devastada”).


230. EXT. HOTEL 5 ESTRELAS. PRAIA DE BOA VIAGEM. RECIFE. PERNAMBUCO — NOITE

ADRIANE TAUIL
          (em tom de surpresa)

Venha ver! Advinha quem está no “full-time-movies” de hoje?

(Sentado numa poltrona frente à praia, ele atende ao chamado de ADRIANE. Chega-se ao lado dela e visualiza a “TV-Ghost”. Um monge está ao lado de NORTON junto a uma esfinge num enorme salão onde se veem estátuas gigantes dos “Guardiões Silenciosos”).

     MONGE
         (com certa cortesia)

Por favor, senhor NORTON, venha ao stand seguinte. Acredite! A Esfinge costuma devorar os que dela se aproximam. Literalmente, às vezes. O senhor pode não ser uma exceção.

     NORTON
(mostrando excessiva segurança)

Há tempo decifrei, eu mesmo, meu enigma. ÉDIPO decifrou a trindade do tempo no homem. Haverá algo mais obscuro e difícil?

      MONGE
  (persuasivo)
Para cada ser o imprevisível começa sua atuação no momento em que é gerado. Apenas um embrião e já está a vivenciar seu particular enigma. Quanto mais cedo compreender isso, mais chance terá de decifrá-lo. — As palavras do monge soam a NORTON como um desafio.

       NORTON
(sempre excessivamente assertivo)

“O estar preparado é tudo”. NORTON citou a frase de HAMLET em resposta ao anacoreta. — Ele nem desconfiava de que o cristal “high-tech” de que é feita a Esfinge já o havia devorado mil vezes X mil vezes. E rastreado seu código genético de trás para frente, de frente para trás, por milhares de gerações passadas, desde o momento em que ele não passava de um aminoácido perdido numa cadeia genética elementar.

        ROSSI LEE
     (contemplativo)

NORTON parece confiante demais, pondera ROSSI LEE. ADRIANE oscilando a cabeça de cima para baixo e de debaixo para cima, mostra que está em plena concordância com ele.

     ADRIANE TAUIL
   (em concordância)

“Não percebeu que nessa guerra nada é previsível”. — Ela ouve ROSSI LEE dizer, num murmúrio, como se falasse para si mesmo: “nesse sentido o desconfiômetro dele estava sempre desligado”. Os grandes olhos de ADRIANE estão temerosos e atentos.


231. INT. SUBTERRÂNEO DO MONASTÉRIO AMAZÔNICO — DIA/NOITE
(NORTON está extasiado com as maravilhas arqueológicas do museu “subway” do Mosteiro Amazônico: ídolos esculpidos em pedra e mármore. Estátuas muito antigas trabalhadas em madeira e metais, ouro, cobre. Imagens do nascimento de deuses. Peças e utensílios do período minóico. Desenhos em relevo de teogonias, cerâmicas de Cnossos e cretense).

      NORTON
  (exibindo-se um “connaisseur”)

A pérola lendária, o olho mitológico dos incas. Está aqui! — Ele estende a mão destra para pegá-la e ao crânio de cristal com olhos de jade. — Suas propriedades mediúnicas e premonitórias! Exclama NORTON extasiado.

(A mão agora se estende em direção a uma adaga de lâmina sutil com dois gumes superpostos).

     MONGE
   (didático)

Alguns antigos a chamavam “adaga de cristal”. Algumas dessas preciosidades têm suas origens no limiar do tempo, em civilizações há muito extintas. — O monge o conduz ao salão contíguo onde se podem apreciar peças que remontam a 140 milhões de anos, tipo o “Hammer of Texas” atualmente exposto no Museu de Somerwell. — O monge mostra-lhe peças de antiguidade muito remota. Peças de ferro com alto grau de pureza. Possível apenas de terem sido forjadas a partir de ferramentas de uma tecnologia muitíssima avançada.

     NORTON
       (excitado e desafiador)

Você está sozinho nesse lugar. Se houver mais alguém estará tão longe que nem preciso me preocupar. Quem poderia socorrê-lo de um ataque traiçoeiro? Ora, traição é minha rotina.

(Dito isso NORTON apunhala o monge com a “adaga de cristal”. Quer vê-lo morto, sair desse lugar levando consigo a maior quantidade possível dessas riquezas arqueológicas ETs impressionantes).

            NORTON
     (entrando num surto psicótico de intensa compulsão)

É hora de decisão, meu caro. Afirma com olhar alucinado, enquanto esfaqueia compulsivamente o monge repetidas vezes. Cortando-lhe a garganta. Mais tarde, passa horas em busca de uma saída do labirinto subterrâneo, caminhando inutilmente entre câmaras, túneis, passagens, salas, corredores, frinchas. Agacha-se para descansar e beber um gole de água do cantil, quando vê, ao lado, as sandálias do “homem da solidão”. Identifica-o pelos pés e a aba da batina. Levantando-se, ameaçador, pergunta:

NORTON
(em pleno delírio psicótico)

Quem é você, maldito? Que faz aqui? Volte para o inferno. NORTON atinge o monge com vários tiros de pistola. — Ele permanece impassível.

MONGE
              (encarando-o com implacável compaixão)

Nem todos os caminhos que guiam para baixo conduzem igualmente para cima, senhor NORTON. Ele puxa lentamente para trás, com ambas as mãos, o capuz que lhe cobria as faces. O rosto branco e liso, assustador, vai se transformando na própria cara de NORTON. Isso o tranquiliza, afinal, nunca faria mal a si mesmo.

(O “olhar de penitência” do anacoreta fixo em seus olhos, começa a aterrorizá-lo. Sua memória traz ao nível consciente matanças indiscriminadas. O prazer cromagnon dos combates. O sangue dos adversários respinga em seu rosto exultante. A adrenalina das batalhas, o transe maligno que o subordinava aos senhores do poder político das trevas. Ao poder político e econômico das guerras. Senhores aos quais serviu servilmente. Os senhores da morte, do complexo industrial militar, da estupidez, da mentira, da ignorância. Da violência armada. Uma série de fotocópias de sangue das vidas que ele tirou nos conflitos armados dos quais participou. Os fantasmas dos mortos por ele nas mais variadas missões de guerra e guerrilha, passam a atormentá-lo. O amontoado de dor, sangue, medo, ansiedade, violência, horror se torna totalmente insuportável).

(Uma grande quantidade de situações “horribile dictu” se fazem presentes. Situações manifestas de covardia, agressão, taras, traições, ódios, crimes, estupros, causam-lhe um padecimento atroz. Um horror inominável dele se apodera. Como se estivesse somando às suas dores, o desespero e a dor de seus adversários. Somam-se nele, atraídas por uma irresistível gravidade pessoal, milhares de “faíscas quânticas”. Nele se alojam como se fossem milhares de marimbondos de fogo. Transformam seus ossos, plasma, pêlos, pele e músculos em faíscas luminescentes. Em poucos segundos, num amontoado de cinzas que logo são levadas por um pé de vento, ele se dissolve em resíduos de pós da combustão. Misturando-se à areia pardacenta do chão “subway”).


232. EXT. SALA DE JANTAR DA HOSPEDARIA À BEIRA DA PRAIA — DIA

(ADRIANE sente a presença do índio PERIMURICÁ na sala. Não pode vê-lo, mas, de alguma forma, ela sabe que ele está ali, perto dela, participando desse momento).

        ROSSI LEE
     (ponderativo)

Custa acreditar que o corpo, a mente, a memória do todo poderoso líder da Expedição NORTON tivesse realmente virado pó.

         ADRIANE
        (afirmativa)

PERI está aqui! Você não sente? (ROSSI LEE faz que não ouve).


233. EXT. HOSPEDARIA FRENTE AO CALÇADÃO DA PRAIA DE PONTA NEGRA. LITORAL SUL DE NATAL — DIA

(O filme do dia, nos dias que não se contam mais, narra a história de três grandes mistérios. Mistérios sobre os quais haviam especulado centenas de cientistas no segundo quartel do século XXI: os chamados “casos abessivos” por exprimirem a noção de “perto de”, “de fora”, mas não explicavam senão parcialmente, as aberrações tipo Combustão Humana Espontânea, ou a TV-Ghost e a Lua eletromagnética, corpo celeste tipo “Drácula Virtual”, de posicionamento simétrico à lua natural do outro lado da Terra. Essa lua, satélite artificial invisível da Terra, lugar de aprisionamento de bilhões de “faíscas quânticas”).

ÂNCORA DA TV-GHOST
       (ele diz: “é assim que funciona”)

NORTON em poucos minutos transformara-se em mais uma dentre as bilhões de outras “faíscas quânticas” aprisionadas (escravas) na Lua de Tecnologia Virtual do Outro Lado da Terra, simétrica à Lua natural.

(Transformou-se, simultaneamente, em ondas VHF/UHF da TV-Virtual. A faísca quântica NORTON virtualizada no universo paralelo simulado, criado pela tecnologia ET, havia partido da estação orbital invisível, datada de um espectrômetro de referência de elétrons, plugado a um altímetro e a outro espectrômetro, este último de florescência de raios-X. Tecnologia da “sintonia quântica” via satélite).

ÂNCORA DA TV-GHOST
(ele continua a explicitar os mistérios da TVVIRTUAL)

(A TV magnetofenomênicaosmótica. Para NORTON fora preciso morrer para saber como a coisa toda funciona. — As faíscas quânticas (almas) são similares aos hádrons monitorados por um modelo sensorial, um organizador biosensor. Elas se mantêm coesas e estáveis por serem ligadas aos quarks. O que mantém essa coesão interna é a “interação de similitude forte”, de um modo semelhante à interação dos átomos unidos pela força eletromagnética. As partículas em seus nanonichos têm numeração quântica semelhante às do grupo de Poincaré JPC(m) J é o Spin, P a paridade C, a paridade C e “m” a massa...).


       ÂNCORA DA TV-GHOST
(a emissão da voz do locutor supostamente desmistifica esses fenômenos científicos. Ela soa semelhante à do  computador sensorial Hall, (do filme de Stanley Kubrick 2001: Uma Odisseia No Espaço).

O satélite se realimenta a partir de um mapeador espectroestereoscópico acoplado a um radiômetro térmico de infravermelho e a outro espectrômetro. Este, de raios gama, articulado a um eixo de painéis, controlado por um radiômetro de microondas antenado em faixa média “SS” de ganho médio, e em faixa “S” de baixo ganho, tencionado em fontes coletoras parabólicas de energia, calor e luz solar...


234. EXT. HOSPEDARIA FRENTE À PRAIA DE JERICOACOARA. LITORAL DO CEARÁ — DIA

(O casal adâmico passeia pela paisagem da praia. Conversa descontraidamente)

    ROSSI LEE
               (simplificando)

As profecias se cumpriram. Aquele mundo iníquo acabou.  Aquele mundo perverso dos gangsteres políticos, dos membros decrépitos dos assessores jurídicos, dos discursos de palanque e intermináveis promessas que adiavam o amanhã para um futuro inexistente.

ADRIANE TAUIL
               (memorizando)

Os parlamentares, os magistrados, os desembargadores e ministros? Olhando-nos com inveja e ira. Vaidosos, rancorosos, mentirosos, até o estertor.
     ROSSI LEE
           (em concordância)

Sempre cheios de empáfia. Até a última cardiopatia.  Pareciam sombras inúteis, semoventes, a sustentar um script incrustado no código genético. Muito antes de teres nascido.

                  ADRIANE TAUIL
  (mexendo os músculos das narinas)

Ainda posso sentir o odor antígeno que exalava de seus corpos! Sim! Ainda agora a memória auditiva, visual e olfativa os traz aqui (ela tosse e escarra como quem vai vomitar)... A fétida memória da transpiração dos usuários dos produtos das clínicas dos “spas”: pílulas, sabonetes, desodorantes, “shampoos”, pasta de dentes, creme de barbear, loções cosméticas exalando enxofre.

       ROSSI LEE
  (depreciativo)

À base do suor antígeno dos “hots”. Eles se sentiam muito “chiques” ao emanar esse odor.

— (Risos).

— (Lágrimas).
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 15/05/2013
Alterado em 21/05/2013


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