O II° AntiCristo E O III° Reich — (III) —
No interior da Rússia, os mortos-vivos do III° Reich continuavam o ritual macabro de suas atrocidades. Uma divisão do 6° Exército na cidade ucraniana de Belaya Tserkov (Unidade Especial 4A da SS) aprisionou 90 crianças judias num porão sem água nem pão. As menores eram ainda bebês de colo. A fome, o isolamento, o medo as faziam chorar.
Os moradores da cidade ficaram penalizados. Dentre eles a família de Anna Protas. Seu pai, ao chegar em casa estava pálido e a chorar. E disse: — Ouvi as crianças gritando e chamando “mamãe, mamãe” a plenos pulmões. Esses gritos ainda estão ecoando em meus ouvidos. Ele desabou e chorou.
A unidade SS fuzilou o pai e a mãe de cada criança. E não permitiu que ninguém se aproximasse do local onde, desesperadas, continuaram a minguar ne desesperança, angústia e aflição. Os bravos soldados do Reich ouviam pelo rádio o discurso do fanático Göering:
“Mesmo daqui a mil anos os alemães irão pronunciar a palavra Stalingrado com espanto. Eles lembrarão que lá a vitória alemã foi selada para sempre. Por dez anos, camaradas, nosso Führer nos liderou de maravilha em maravilhas. Ele nos libertou do sofrimento horrível”. Göering falava nas comemorações dos dez anos do Reich. E esses massacres de inocentes faziam parte das festividades. Quero dizer: atrocidades.
Hannah Arendt, correspondente da revista The New Yorker, no julgamento de Eichmann em Israel por crimes de genocídio contra os judeus na IIª GG, afirmava que Eichmann não possuía históricos ou característica antissemita, nem caráter distorcido ou doentio, apesar de ter sido um organizador e administrador do Holocausto.
Esse tenente-coronel SS era cabo do exército e trabalhava no primeiro campo de concentração construído pelo regime nazi, em 1933: Dachau. Eichmann, um dos principais responsáveis pela logística de extermínio dos judeus nos campos de concentração nazistas (“solução final”), simplesmente não tinha um olhar crítico diante das circunstâncias políticas desenvolvidas pelo nazismo.
O “senso comum” é o fator que proporciona aos seres humanos ter acesso ao mundo real. E o “mundo real” e o “senso comum” na Alemanha nazi era a “Onda” terrorista disseminada pelo Estado militarizado alemão do nacional-socialismo. Ele era simplesmente outro criminoso cumprindo ordens oficiais. Pertencia a um Estado sob comando, comunicação e controle da Alemanha do III° Reich que tinha por slogan “Uma única pessoa, um Führer”.
Uma metáfora do poder nazista do Führer é o mundo globalizado pelas leis do todo poderoso senhor Mercado nos dias de hoje. O todo poderoso senhor Mercado faz a cabeça de todas as pessoas do planeta Terra. E ninguém reclama da falta de Qualidade na programação TVvisiva. E ninguém reclama da falta de Qualidade no conteúdo das escolas do ensino fundamental, do ensino médio e, consequentemente, do ensino dito superior.
É senso comum a aceitação do sucateamento mental, pessoal e coletivo, das pessoas pela programação globalizada via satélite na TVvisão. Programas com nome de ratazana e big-brother têm superlativa audiência em seus horários. Assim como as novelas do horário nobre.
Os produtores, os diretores, os atores e atrizes dessa programação, os diretores de arte, de criação, os redatores das agências de propaganda, simplesmente não questionam nada, não têm senso crítico e apenas fazem o que fazem por que fazem parte da realidade do novo Führer ou do IV° Reich do século XXI: o senhor Mercado.
Hannah Arendt acreditava que Eichmann não era um “monstro” ou um “poço de crueldades”. Ele não era justificável, nem poderia ser absolvido de seus crimes. Ele apenas era parte da grande máquina de crueldade posta em prática pelo nazismo. Ele era apenas mais um burocrata na engrenagem social de um sistema político baseado em atos de extermínio.
Ele agia, como a grande maioria das pessoas da sala de jantar age hoje em dia: seguindo a conjuntura impositiva do regime político de uma única mentalidade, a do Führer. E a mentalidade do Führer era uma mentalidade de Gueto. Gueto cultural dos ressentimentos os mais degenerados de um país devastado pelo Tratado de Versalhes. Hoje, de um planeta devastado pelas leis culturais absolutistas do senhor Mercado.
Do senhor Mercado que avassala a mentalidade da pessoa da sala de jantar. E que, por falta de cultura pertinente a seu desenvolvimento intelectual, mental, psicológico, (espiritual) não possui uma mentalidade que desenvolva senso crítico contra os interesses que devastam sua estrutura PSI. E a de seus descendentes.
As pessoas da sala de jantar vão aceitando todo esse lixo e participando indiretamente dos Ibopes da ratazana e do big-brother, como se essa programação de entretenimento de baixo nível não tivesse nenhuma consequência em sua realidade pessoal. Coletiva. Ou na realidade, pessoal e coletiva de seus filhos.
Hannah Arendt denominou esse modelo da personalidade coletiva do senso comum de “Banalidade do Mal”. Os indivíduos dessas sociedades, suas lideranças políticas, suas lideranças jurídicas, vivem como se fossem mecanismos sem consciência de que seus atos estão sendo influenciados e administrados por interesses que eles próprios não sabem ou não podem conter.
E toda a sociedade vai no tsunami das influências diárias de uma educação para a prostituição, a marginalidade e o narcotráfico, como se essas influências fossem a coisa mais natural do mundo. Pior: são mesmo. A coisa mais natural do mundo globalizado pelo monitor de TV, pelos interesses da mão invisível do senhor Mercado.
Do senhor Mercado e de suas indigestas influências na vida cotidiana das pessoas que se transformam em mecanismos passivos da banalização do mal. Banalização das influências de uma programação para egressos de uma educação tipo a do “Bolsa-Família”.
As ruas, as praças e as avenidas da cidade estão cheias de assaltos, sequestros, roubos, torturas no cárcere privado das mentes que se colidem mutuamente em interesses meramente de consumo. Mentes banalizadas pelo mal supostamente risível dos programas de humor que disseminam a safadeza, a incultura, a falta de critérios culturais comprometidos com o interesse de desenvolvimento e crescimento intelectual e emocional de seus espectadores.
Os monitores da TV e do micro estão cheios de agressões e violência e de notícias de crimes contra o interesse público. Crimes praticados por políticos que, nos finalmente dos julgamentos, terminam com penas mínimas, quando não impunes. Após o banquete farto de uma pizza atrás da outra.
Se o senso comum é o que nos proporciona acesso às realidades do mundo, É também o fator que nos dá acesso à banalidade do mal no mundo dos bilhões de monitores da TV e do micro. Do mal no mundo do entretenimento. De modo geral. Do mundo das pessoas “normais”. Como “normal” foi o conceito de Hannah Arendt com relação ao criminoso nazista Eichmann.
Se não foi a maior, foi uma das três maiores batalhas da história: Stalingrado aconteceu durante 199 dias.
Os arquivos soviéticos registram 1.130.000 baixas entre 480 mil mortos e prisioneiros, mais 650 mil feridos. Apenas no interior da cidade de Stalingrado houve 750.000 mortos. Mais pessoas do que Grã-Bretanha e Estados Unidos perderam durante todo o conflito. Os civis que ficaram dentro das cidades fizeram parte das estatísticas estimadas em 16 milhões de soviéticos mortos.
Em uma semana de bombardeios aéreos 40 mil civis pereceram em Stalingrado e seus subúrbios. No total a batalha resultou em aproximadamente 2 milhões de cadáveres de soldados de ambos os lados. A expectativa de um soldado soviético em batalha era de um dia.
As tropas do Eixo somaram 850 mil baixas, somando-se a essas os prisioneiros de guerra dos soviéticos, mortos em cativeiro entre 1943 e 1955: 400 mil alemães, 200 mil romenos, 130 mil italianos e 120 mil húngaros.
27 mil alemães dos 91 mil prisioneiros capturados em Stalingrado, morreram nas sete primeiras semanas. Cinco mil soldados dos que voltaram à Alemanha conseguiram chegar após dez anos depois de terminada a IIª Grande Guerra. Os outros morreram nos campos de concentração e trabalho forçado dos soviéticos. 50 mil “hiwis”, voluntários soviéticos que se juntaram às tropas alemãs, foram mortos em campo ou após aprisionados pelo Exército Vermelho.
Todos os países libertados pelos soviéticos foram incorporados à zona de influência ideológica de Moscou. Era o início da chamada “Nova Ordem Mundial” do período pós-IIª GG que ficou historicamente registrado pelo nome de “Guerra Fria”.
Agora as grandes potências de dominação político-econômica planetária estão falando numa nova “Nova Ordem Mundial”. Pós-Guerra-Fria. O que essas lideranças paleolíticas não falam é no implemento da Paz planetária. Essas lideranças afeitas aos lucros milionários da produção, venda e disseminação de armas, não se interessam minimamente com Qualidade de Vida. Exceto a qualidade de vida restrita à classe social à qual pertencem.
Qualidade de Vida exige que os hominídeos Homo sapiens/demens, mudem a direção dos paradigmas administrativos e institucionais, e invistam na produção de estratégias de sobrevivência que não incluam a disseminação de uma programação TVvisiva voltada para o sucateamento fundamentalista dos corações e das mentes de seus subordinados da sala de jantar:
Os eleitores globalizados pela programação TVvisiva e Internética de entretenimento do Mercado (os eleitores consumidores) de incentivo à prostituição, à criminalidade (à produção, distribuição e consumo de drogas sintéticas) nas cidades desvairadas pela corrupção institucional, aceitam passivamente o sucateamento radical de seus corações e mentes, em troca da fixação de sua percepção em ratazanas do vídeo, big-brothers e em comedores de “bola”.
Os filhos dessa estratégia de entretenimento do Mercado não possuem educação, exceto aquela suposta, que visa à integração individual e social de milhões de crianças ao plano de compra de votos de um ex-presidente Analfabeto. Crianças que se transformarão em adolescentes querendo ser unicamente modelos, ou partícipes da programação da ratazana do “show-biz”, cantores de música sertaneja, ou de MPB falando de amores perdidos e paixões de ai-ai-ais e oi-oi-ois.
Mulheres melancias, abóboras, mulheres melões puxando os seios para cima e neles passando a língua, como se esse gesto fosse de grande apreciação dos hominídeos do controle remoto. A alternativa é mudar de canal para ver a próxima jogada dos comedores de “bola”.
E os exércitos civis do medo, incentivados pela carência de bens de produção que não podem adquirir por não terem condições financeiras, são incentivados pela corrupção presentes em todas as instâncias da realidade “consensual” a buscar esses meios assaltando, sequestrando, amparados pelas leis caducas que garantem sua impunidade.
Esses exércitos de marginais, prostitutas, drogados pela política dos conglomerados de mídias, interessados em piorar a condição perceptiva dos seres Homo sapiens/demens hominídeos, alimentam outros exércitos também institucionais, de advogados e juízes comprometidos com esse Estado “consensual” que não pode conduzir esses bilhões de vítimas da falta de educação fundamental, média e superior, exceto à manipulação pelo próximo III° AntiCristo que se apresenta e divulga nos monitores da Internet e da TVvisão.
Ninguém parece ter aprendido nada com os horrores paleolíticos da IIª GG. Os políticos, muito menos. Os poderosos das mídias, menos ainda. Mas os macacos continuam se divertindo. E se armando. E se insultando. Até o próximo e definitivo conflito. É isso que eles querem? Fazer valer o Apocalipse? Tornar plausível o Armagedon?
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 23/01/2013
Alterado em 28/01/2013