O II° AntiCristo E O III° Reich — (II) —
A luta pela liberdade espiritual se contrapõe, no interior do judaísmo, ao provincianismo tacanho que a maioria dos judeus americanos rejeita nas posturas excessivamente sionistas ou nacionalistas. Sua identidade étnica não deveria servir para isolá-los numa singularidade de tradições que eles mesmos não conseguem definir diversa das singularidades e tradições de outras comunidades étnicas.
A ascensão dos nazistas trouxe à tona ressentimentos há muito tempo recalcados pelos alemães. Após a dominação da Polônia, no Gueto de Varsóvia, pessoas eram transferidas de todo o Reich para o Gueto. As filmagens das equipes de cinema de Goebbels mostram essas pessoas convivendo num espaço exíguo, esqueléticas, precocemente cansadas e envelhecidas pela depressão física, mental, moral, psicológica.
O desespero dessas pessoas mostrava-se nas calçadas, ruas e praças de Varsóvia. Alimentavam-se com menos de 200 calorias por dia. Os índices de mortalidade eram grandes e cresciam a cada dia. Viviam como ratos, catando restos e farelos de comida nos esgotos. Em pouco tempo no Gueto, aparentavam-se a cadáveres ambulantes. Dormiam em caixas de papelão e montes de feno.
O ambiente de torturas e humilhações, favorece à disseminação de pragas, insetos, ácaros, piolhos, doenças e ectoparasitas. Os habitantes dessa comunidade viviam na esperança de ser transferidos para os “campos da morte” ou de concentração, onde seriam exterminados com gases tipo monóxido de carbono e Gás Sarin sintetizado em 1936 pelo químico alemão Schrade.
Enquanto arma química era utilizado como sendo do grupo dos gases de nervos (organo-fosfatados: tipo VX, Soman, Tabun). Atuam no sistema nervoso central inibindo a ação da enzima acetilcolinesterase que transmite os impulsos nervosos. A temperatura de fusão de 57 graus centígrados negativos. E temperatura de ebulição de 147° C.
Que espécie de vida essas pessoas levavam no Gueto de Varsóvia a ponto de desejaram ser conduzidas em vagões até o 4° campo de extermínio de Treblinka na Polônia ocupada pelo exército do III° Reich? Por que desejavam ser mortas sufocadas pelo próprio vômito, atacadas pela sudorese (suor em excesso), em meio a dificuldades respiratórias, dores de cabeça, fraqueza extrema e espasmos musculares?
Os guardas do Gueto (como eram valentes esses heróis do Führer) caíam em cima de crianças com tapas e chutes tentando tirar delas os farelos e as migalhas que haviam acumulado durante o dia em pantomimas de rua quando cantavam canções populares na esperança de que lhes jogassem aos pés restos de latas de comida estragada, muitas delas recolhidas nos montes de lixo, escondidas sob as roupas esfarrapadas, na expectativa de poder chegar às celas onde vegetavam parentes em vias de morrer de fome e inanição.
Crianças diziam desejar ser cachorros de rua, dessa forma poderiam fuçar o lixo sem ser molestadas pelos heroicos soldados do III° Reich. Os guardas da Wehrmacht costumavam espancar crianças judias que tinham inveja dos cães de rua, poupados das agressões covardes dos soldados ditos arianos da IIª Besta do III° Reich.
As pessoas agonizantes caíam nas ruas e nunca eram socorridas por ninguém. Ficavam morrendo aos poucos, até morrerem de vez. A morte era bem vinda e abençoada pelos que permaneciam vivos no Gueto. Ninguém se chegava aos moribundos. Tentassem deles se aproximar poderiam ficar prostrados juntos deles. Com uma bala na cabeça.
Ao final do dia os coveiros não conseguiam recolher todos os corpos abandonados e mutilados pelas agressões covardes e pela fome. Enquanto os soldados do Führer juravam, cheios de empáfia e orgulho, como se fossem (e eram) subservientes beleguins:
“Faço perante deus este sagrado juramento de que renderei incondicional obediência a Adolf Hitler, o Führer da Alemanha, do povo e do Reich, nosso supremo comandante das forças armadas. Juro estar pronto, como um corajoso soldado, a arriscar minha vida em qualquer momento por este juramento”.
O nazismo se espalhava dentro e fora da Alemanha. Industriais americanos eram intimamente admiradores do III° Reich. Mas não declaravam abertamente sua admiração porque os Estados Unidos estavam em guerra contra a Alemanha. Megaempresários norte-americanos se uniram com o objetivo de derrubar o governo de Roosevelt e substitui-lo por um governo fascista.
A crise econômica que serviu de tapete vermelho para a ascensão de Hitler na Alemanha, a “grande depressão” consequência do crash na Bolsa americana, deram origem a mais de 700 grupos fascistas. Dentre eles: “a Supremacia Branca”, o “Partido Nacional-Socialista Americano”, a “Liga Germano-Americana”, a “Frente Cristã”, os “Camisas Prateadas”, o “Primeiro Comitê da América”, o “Movimento Mobilizador Cristão”, a “Liga Nacional dos Trabalhadores”, o “Movimento das Mães”, o “Comitê do Milhão”, são alguns dos grupos declaradamente fascistas.
Hominídeos sapiens/demens costumam ser fracos de caráter, pusilânimes e covardes. Costumam vender publicamente seus corpos e suas almas para os sonhos de poder político de qualquer ditador com fome canina de poder. O indivíduo partícipe das grandes massas de consumidores de bens, serviços e mercadorias, não tem como, de outra forma, sentir-se parte do aglomerado político que representa os poderes das repúblicas. A dita democracia é tão frágil como uma taça de cristal vagabundo.
O Führer e seus satanistas tinham, segundo a doutrina nazista, de se antecipar à dominação judaica do planeta. Tinham de, a qualquer custo, se apossar dos sentimentos, das motivações, dos sonhos, das ideias, dos pensamentos, em suma: da mente pessoal e coletiva do planeta. Antes que os judeus (esta era a paranoia do Führer) pudessem agenciar essa dominação através da propaganda de produtos industrializados e da ideologia de consumo financiada pelos banqueiros do todo poderoso senhor Mercado.
Bilhões de goléns consumidores de mercadorias, sem nadica de nada na cabeça, exceto a compulsão por consumir. Bilhões de goléns provenientes de programas sociais tipo o atual Bolsa-Família do ex-presidente Analfabeto, dominados pela rotina do trabalho escravo e pela meta de atingir novos patamares no alpinismo social sem nenhuma qualidade de vida mental e emocional...
Hitler na época da ascensão do nazismo era dominado pela fixação de ter encontrado uma alternativa para a dominação planetária (globalizada) dos fanáticos pelo senhor Mercado. Mercado dominado pelos banqueiros judeus, e se dizia capaz de encontrar a alternativa de dominação judaica da sociedade mundializada, através da alternativa substituta da ascensão definitiva da “raça ariana” militarizada e punitiva, representada pelos exércitos do III Reich.
Os problemas psíquicos do Führer eram traduzidos por sua verborragia delirante de palanque. Encontravam eco e abrigo entre a “elite” dos industriais americanos. Exemplo: Irenee, dirigente do grupo Dupont e William Knudesn presidente da General Motors. Fascistas ardorosos admiradores de Hitler.
Em discurso na American Chemical Society no dia 7 de setembro de 1926, du Pont se declarou em favor da “raça ariana” dos “super-homens”. Assim como da utilização de drogas quimioterápicas, enquanto forma de otimizar os recursos físicos e mentais em crianças da “raça pura” supostamente privilegiadas para exercer liderança sobre as demais componentes de sua geração.
Dupont investiu maciçamente na Alemanha nazista por meio de empresas norte-americanas associadas ao grupo empresarial homônimo. A General Motors, na época sob controle acionário da Dupont investiu 30 milhões de dólares na I. G. Farben, empresa química e quarta empresa do planeta durante a vigência da Alemanha nazi. Empresas derivadas dessas companhias existem hoje sob o nome de AGFA, BASF, Bayer & Hoechst.
A empresa I. G. Farben, entre outras façanhas, era responsável pelo fornecimento do gás Zyklon “B” usado nas câmaras de gás nos campos de concentração. O inaugural foi o campo Chelmno, em Warthegau na Polônia anexada à Alemanha, em dezembro de 1941. Em generalgouvernement, também território polonês, foram erguidos os campos de extermínio de Sobibor, Treblinka e Belzec.
A “Operação Reinhard” sob comando, comunicação e controle das SS e seus colaboradores, assassinaram 1.530.000 judeus entre março de 1942 e novembro de 1943. Aproximadamente 6 mil judeus foram asfixiados por dia em Auschwitz-Birkenau (Polônia). Mais de um milhão de judeus, ciganos romani e prisioneiros soviéticos foram mortos nesse campo até novembro de 1944.
Essa era a “solução final” proposta pelos problemas psíquicos e a forma delirante e sistematizada de criminalizar o povo judeu por uma Alemanha submersa na criminalidade coletiva movida pela aversão pulsional (passional) a membros da espécie Homo sapiens/demens caracterizados pela crença num Deus, na Terra de Israel e no Antigo Testamento.
A luta sobrenatural do Führer no III° Reich alemão versus a prevalência do Führer Mercado. Ambas as sociedades bélicas induzidas pelos processos de desenvolvimento funcional subliminar dos mecanismos de produção industrializada. De um lado a violência no querer impor uma suposta superioridade da “raça ariana”. Do outro lado a imposição da mediocridade subliminar na mentalidade inconsciente da “massa crítica” globalizada pelos processos de sucateamento moral e emocional dos povos.
Ambos os lados querem, a qualquer custo, a dominação planetária através da produção e do consumo de mercadorias e serviços por uma sociedade dedicada a fortalecer esses mecanismos sádicos de sublimação, que escondem tendências e impulsos, os mais primitivos, os mais destrutivos, sem que a educação de qualidade dê início à uma cultura nova, que plante e implante a semente de uma mentalidade, pessoal e coletiva, fora dos prognósticos de uma civilização troglodita e de suas profecias do Apocalipse.
Em 1939 Hitler dizia: “Rússia e Alemanha se enfrentaram na Iª Grande Guerra. As duas perderam. Isso não deve acontecer nunca mais”. As afirmações do ditador, assim como seus pactos de não agressão não valiam sequer aquilo que o gato enterra.
150 divisões do exército nazi invadiram a União soviética no dia 22/06/1941. O pacto de não-agressão assinado em 1939 por Hitler e Stalin de nada valeu.
A Wehrmacht avançava sobre Moscou fanatizada pelas ideias de conquista do "espaço vital" pela "raça ariana" sob comando, comunicação e controle do ditador. Suas vitórias custam caro nas batalhas que se travam e prolongam ao longo da terra gelada. Penetrar Moscou significa vencer o inverno russo que havia derrotado a Iª Besta. O I° AntiCristo.
Os soldados do exército alemão que se supunham invencíveis caem mortos com o ânus congelado ao tentarem fazer suas necessidades e defecar sobre o gelo. Em todas as frentes de batalha os insuperáveis super-humanos da Wehrmacht por certo desconfiaram de que aquela veemência discursiva de seu líder, a verborragia psicótica de Hitler, não lhes servia de nada quando o bicho da estratégia do inimigo pegava-os pelo ânus.
Nos campos de batalha russos os surtos verbais de Hitler não valiam nada. Exceto como fogo de palha. O sonho de dominação havia acabado. Mas a covarde matança de povos indefesos nos campos de horror continuava. O Holocausto. A imolação das vítimas sacrificadas ao deus tenebroso dos exércitos do mal se prolongava sem interrupção.
A simples natureza geográfica do campo de batalha decidia a contenda em favor dos russos. Os super-homens de Hitler estavam sabendo de que lutar contra inimigo com suas estratégias de batalha era diferente de espancar crianças indefesas no Gueto de Varsóvia. Crianças famintas, esqueléticas chutadas por suas botas. A frente Leste da IIª Grande Guerra se decidia na Batalha de Stalingrado em 17/07/42.
Enquanto o general britânico Montgomery (8º Exército Britânico) em outubro do mesmo ano, deletaria as linhas alemãs no norte da África. Os “Ratos do Deserto” venciam as feras armadas do III° Reino alemão na 2ª Batalha de El Alamein, na qual forçou os boches de Rommel a recuar para o Egito. Apesar dos generais americanos Bradley e Patton (3° Exército Americano) acusarem-no de excessivas precauções no comando das forças britânicas e canadenses.
Os hunos do Átila Hitler, suas invasões bárbaras no século XX, chegavam ao fim. Em novembro de 1943 os exércitos vermelhos atacaram simultaneamente o norte e o sul de Stalingrado e saíram-se vencedores contra o 6° Exército do Führer. Mil soldados da Wehrmacht morriam todos os dias. 500 mil soldados soviéticos morreram nesse front. O comandante soviético dizia: “Nem um passo para trás. Resistam de todas as formas. Não temos para onde ir do outro lado do Volga. Resistam até a morte”.
300 mil soldados alemães cercados pelo inverno soviético. Dois terços deles morreriam enquanto o Führer vituperava contra seus generais acusando-os de traição. Por não vencerem batalhas das quais não poderiam sair vencedores. Em seus delírios de grandeza Hitler achava que os deuses estariam ao lado de seus soldados, renovando suas forças, protegendo-os dos projéteis inimigos.
Milhares e milhares de soldados jaziam sobre os campos nevados de Stalingrado. O vento gelado soprava sobre os corpos e através deles. Os bombardeios do Exército Vermelho diluíram, juntamente com o gelo, a fama de invencibilidade dos boches. No Natal de 1942 enquanto famílias alemãs cantavam canções de paz e comemoravam o nascimento de Cristo, os soldados da Wehrmacht perdiam suas esperanças ao caírem mortos sobre a superfície gelada.
A quantidade de sangue derramado, os sofrimentos indizíveis passados, não haveria Deus, neste ou em outro mundo que pudesse justifica-lo. Não eram vidas humanas que se perdiam na batalha. Para Hitler era simplesmente seus sortilégios, sua atração mórbida pelo sobrenatural.
A fascinação pela magia na luta impossível para dominar as “raças inferiores”. Luta que o ditador supunha também ser de Thor, Odin, Freyja, Freyr, Heimdall, Loki, Balder, Frigg, Tyr, Aegir, Bragir, e tantas outras divindades germânicas que auxiliariam seus exércitos nas batalhas pela conquista definitiva e dominação selvagem do planeta.
Hitler acreditava nas Valquírias (aquelas que também fizeram parte dos delírios daquele escritor brasileiro acometido por logomania logomorfa). Hitler acreditava que as Valquírias, poderosas guerreiras filhas de Odin, estariam lutando heroicamente ao lado dos soldados da Wehmarcht, recolhendo os corpos dos que morriam e levando-os para Valhalla, lugar sagrado para onde vão as almas dos heróis destemidos.
Liderados por Ragnarok, esses heróis voltariam a combater ao lado de Odin, proporcionando a vitória final aos exércitos a serviço do delírio persecutório do Führer na vigência do III° Reich. Veja o leitor como ilusões de grandeza e delírios de (in)consciência que distorcem a realidade a serviço do arrebatamento verbal desvairado, e da imoderada excitação de ânimos, pode causar truculentos derramamentos de sangue.
No décimo ano comemorativo (se é que se deve comemorar a barbárie) da ascensão do III° Reich, em 30 de janeiro de 1943, dia seguinte (31/01/1943) o marechal-de-campo nazista, Friederich Paulus, rendeu-se. Ele havia sugerido ao Führer a rendição no dia 25 de janeiro. Data em que Hitler o promovera a marechal-de-campo, sugerindo que ele se suicidasse. Desde que jamais um marechal-de-campo havia-se rendido.
Ao saber da rendição o Führer loucão ficou possesso: “Há que se matar com a última bala. Desprezo um soldado que se rende. 20 mil pessoas se suicidam por ano na Alemanha. É absurdo que um marechal não possa fazer o mesmo que uma mulher ultrajada. Não farei mais marechais-de-campo. O heroísmo de dezenas de milhares de soldados é manchado pela covardia de um só”.
Como diria minha avó materna: “Pimenta no olho do outro é refresco”.
200 mil soldados alemães morreram. 100 mil foram presos. 6 mil voltaram para a Alemanha. Alguns levaram 13 anos para estar de volta. A “cruzada contra o bolchevismo e o judaísmo” havia chegado a termo em Stalingrado.
Os Aliados desembarcaram na Normandia em 06/06/1944. A costa norte da França ficou habitada por mais 133 mil soldados transportados pelo mar, 23 mil dentro de 10 mil aviões e seis mil navios. No total de 156 mil soldados: 73 mil americanos, 83 mil britânicos e canadenses.
O "Dia D" havia chegado. A "Operação Overlord" ("Operação Suserano")
desembarcaou seus soldados em cinco praias da Normandia conhecidas neste dia pelos codinomes Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword.
A única praia na qual os Aliados encontraram impetuosa resistência, Omaha, nela a batalha propagou-se até o anoitecer. Spielberg a reproduziu, em parte no filme "O Resgate do Soldado Ryan" (1998).
A Alemanha caía em todas as frentes de batalha. Os delírios de grandeza e dominação do furioso Führer se comprovavam ser apenas distúrbios de julgamento devido alteração histérica da consciência da realidade. Não havia uma "raça superior". Todos os povos pertencem a uma mesma espécie: Homo sapiens/demens.
Mas a guerra do preconceito continuaria. Afinal, hominídeos selvagens, sem educação pertinente nas escolas do ensino fundamental, médio e superior, egressos de programas sociais e educacionais tipo “Bolsa-Família”, não poderiam desistir facilmente de preconceitos que tinham 200 mil anos de cultural paleolítica.
Quem garante que haviam, afinal, aprendido que não eram melhores do que os soviéticos? Ou outra qualquer etnia! A morbidez das forças que agenciaram o Holocausto continuaria a grassar como uma peste negra da mente, através das culturas pós-século XX. A espiral da violência nas ruas, praças e avenidas das cidades do IV° Reich globalizado, continua.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 23/01/2013
Alterado em 04/02/2013