O II° AntiCristo E O III° Reich. — (I) —
1918: a Alsácia-Lorena torna-se francesa. As colônias alemãs são anexadas aos vencedores da 1ª GG. A Alemanha é sentenciada a pagar indenizações milionárias que comprometem a cidadania de seu povo e a soberania do país. A violência se alastra.
O general Ep, nacionalista radical, usa verbas secretas para financiar os extremistas. O capitão Rem tem Hitler entre seus espiões do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista). O Partido estabeleceu o Terceiro Reich após liderar o governo alemão em 1933.
Hitler, 55° membro filiado, afirmava posteriormente ter sido o membro número 7. Isto porque o número sete possui uma mística de magia no ocultismo: a semana tem sete dias. Um dos filhos de Adão se chamava Sete. Deus, após a criação do mundo aquietou-se no sétimo dia. No sonho do Faraó interpretado por José havia 7 vacas gordas, 7 vacas magras, 7 espigas de milho secas e 7 espigas de milho cheias.
Jesus Cristo afirmou que o homem deve perdoar não sete. Mas setenta e sete vezes sete.
Sete são os planetas astrológicos, sete, as cores do arco-íris, sete notas musicais, sete são os mares, os pecados capitais, as virtudes divinas, os Arcanjos, os metais da Alquimia, os chakras, os Deuses do Xintoísmo, as maravilhas do mundo. Sete foram os Anões do Orçamento da Casa Grande. Entre outras inumeráveis denominações compatíveis ao Sete.
Hitler acreditava que a espécie humana estava destinada à submissão e ao comando, comunicação e controle do que ele dominava de “raça ariana”. A suástica era o símbolo dos de pele branca, cabelos louros, olhos azuis. Ele se acreditava membro honorário da “raça superior”. A única ameaça para esta dominação definitiva do planeta Terra seriam os judeus. Ele, sua gang, esforçaram-se o máximo para tirar os judeus do mapa europeu.
Isolamento, pobreza, frustração foram as características da vida desse cabo do exército alemão: Hitler. Em 1918, atingido por gás britânico nas trincheiras da Iª GG, sem família, sem emprego, para ele não havia outra saída senão entrar para a política. Por isso dizem que a política é o último reduto dos párias oportunistas, filhinhos de papai corruptos e vagabundos.
Na época os políticos diziam que lealdade à Alemanha significava deslealdade à República de Weimar. E quando denunciavam ao chefe de polícia local as gangues de assassinos, corruptos, ladrões que proliferavam na Baviera (Bavária), capital Munique, ele respondia: “Certamente há muitas gangues de criminosos, mas não o suficiente”.
Ep e Rem empregaram Hitler exatamente para imunizar as tropas contra as ideias socialistas e pacifistas. Conheciam o radicalismo discursivo de suas falas sem outro discernimento que não fosse a excitação de fácil tradução: a preponderância alemã sobre todos os outros povos do planeta. E o ódio demencial aos hebreus.
Acusado de atentar contra o Estado por ocasião do “Putsch de Munique” Hitler é preso na Fortaleza de Landsberg. Nela escreveu Mein Kampf (Minha Luta). Nesse livro defende a unificação Alemanha-Áustria. E a ideia de jerico de que se a Alemanha tivesse usado gás venenoso contra os judeus, não teria sua economia subjugada pelo colapso.
Em fevereiro de 1925 o presidente da Alemanha (Partido Socialdemocrata) Ebert, morre e é substituído por Hinderburg, marechal de campo do Kaiser do Império Alemão unificado (1871-1918), nomeado pelos partidos ditos de direita.
Hitler sai da prisão e organiza o partido. Os camisas marrons marcham nas ruas pelo poder. Em 1926 são 17 mil, 1927: 40 mil. 1928: 60 mil. Goebbels é o supervisor de propaganda. Goering, Streicher e Ep promovem as paradas militares.
A luta entre comunistas e nazistas ferve. Ainda nos bastidores. Liderados por Thalmann os comunistas combatem o nacional socialismo. Mas havia uma força poderosa e imbatível que ajudaria os fanáticos de Hitler: os milhões de desempregados e a desvalorização da moeda, o reichsmarc.
Em seus discursos Hitler faz os alemães sentirem-se injustiçados, desafia a erupção do amor-próprio coletivo, põe lenha na fogueira do sentimento coletivo de “raça superior” e levanta a bandeira de que são, os alemães, a única raça indo-europeia supostamente pura. Detentora do imperativo categórico racial de dominação do mundo. Faz os alemães acreditarem que os judeus são seus inimigos naturais.
O medo, a pobreza e o desespero das massas são usados para infligir esperança na dominação militar alemã que poderia submeter os outros povos à sua suposta superioridade. O Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores quer o poder a qualquer preço. O poder político amplo, total, irrestrito. Ilimitado.
O novo governo dissolve o Reichstag num “acordo de cavalheiros” feito com Hitler em 4 de junho de 1932. Em 15 de junho a SA e a SS começam a promover violência de rua, estimuladas que são pelo novo Chanceler.
Em agosto de 1932 Hitler abjurou o “acordo de cavalheiros” que havia feito com Sleitcher, não apoiou o governo de Papen e exigiu a Chancelaria para si mesmo.
Grandes industriais, tipo Dorth e Tieson financiam as campanhas do ditador. Acreditavam, talvez, que, mais tarde, poderiam controla-lo. Em 1932 Hitler candidato nas eleições à presidência se torna cidadão alemão. Perde a eleição para Hinderburgo no 2° turno:
83,5% dos eleitores compareceram às urnas. Hinderburg ganhou a presidência com 53% dos votos. Hitler ficou em segundo com 36,8% dos votos e Thalmann (comunista), com 10,26%. Mas o general Sleicher salva Hitler do ostracismo ao conseguir que um ministro de Estado o nomeie seu assessor e conselheiro.
Em política há sempre políticos em luta para fazer seus partidos vencedores nos bastidores. Após enganarem sadicamente seus eleitores nos palanques. Hitler pelo menos tinha o mérito de não enganar ninguém. O conteúdo se seus discursos, o gestual e a tonalidade da voz eram escandalosamente psicóticos.
O general Sleicher, Ministro da Defesa, derruba o Chanceler Pappen, tornando-se ele mesmo Chanceler do Reich. Pappen vinga-se ao fazer a cabeça de Hinderburg no sentido de nomear Hitler Chanceler. Em 30 de janeiro de 1933 Hindenburg demite Sleicher e nomeia Hitler Chanceler do Reich.
O general Sleicher estimulava a violência nas ruas de Berlin com o intuito de fazer desacreditar a democracia e fornecer condições políticas para que o novo regime autoritário viesse a se estabelecer. Ele mesmo seria vítima dessa violência sob o comando, comunicação e controle de Hitler.
O Reichstag é incendiado em 27.02.1933. Comunistas e outros adversários do Partido Nazista são acusados do incêndio e presos. O búlgaro Dimitrov, do Partido Comunista alemão afirma que apenas um partido político tinha interesse em incendiar o Reichstag: o Partido Nazista. Goebbels simula ficar furioso com a acusação e vocifera contra ele dentro de um tribunal alemão totalmente nazista.
O terror na Alemanha começava a vitimar indefesos pacifistas e anti-fascistas. Civis, principalmente judeus eram tirados de suas casas para ser supostamente interrogados e sadicamente espancados pelos membros da SA e da SS.
A “raça ariana” era proclamada destinada para a dominação da Europa. E posteriormente do mundo. Para conquistar a simpatia do Vaticano, o ditador declara em 23/03/33 que as duas igrejas da Alemanha eram “os fatores mais importantes” responsáveis por manter o bem-estar alemão. Imediatamente os bispos que mantinham uma atitude crítica para com o regime nazista passaram a apoiá-lo. Pio XI e o cardeal Pacelli forneceram-lhe reconhecimento mundial.
A estrutura militar do PN garantia a ideia de um país organizado, política, social e economicamente. De 1933/39 a Alemanha passou de um país pobre e corrupto, para o status de superpotência mundial. Hitler no final da década de 30 era o político mais popular da Europa. E da parte do mundo globalizado pela demagogia nazista.
O ditador dizia em discurso: “O nazismo desponta como um monumento sólido ao bom senso. Deve durar mil anos”. Enquanto isso Winston Churchill declarava que estaria dormindo: “Eu disse que só queria ser acordado em caso de invasão da Inglaterra”. Mas foi despertado mais cedo, com a invasão da Rússia. Dentro dos Estados Unidos grandes industriais não escondiam a simpatia pelo regime nazista.
Hitler vociferava no discurso de palanque: “Essa luta é entre ideologias diferentes e diferenças raciais. Deverá ser conduzida com rispidez inédita, impiedosa e incansável”.
Roosevelt, presidente dos Estados Unidos entrou no jogo dialético da política de hostilidades, dizendo: “A guerra está se aproximando de nossos lares. Jamais aceitaremos um mundo dominado por Hitler”.
Estava declarado o estado de emergência nacional nos Estados Unidos.
Churchill sempre foi hostil aos soviéticos. Hitler não o fez mudar de ideia, mas ficou clara em suas declarações, a simpatia por qualquer país que estivesse em luta contra o nazismo: “Qualquer um que lute contra o nazismo terá a nossa ajuda”.
Na Alemanha apenas o PN era legal. Os outros partidos foram abolidos ou incorporados à frente ampla do partido nazista. Goebbels organiza a luta contra a liberdade de expressão. Para os líderes nazis os judeus e os comunistas deviam ser culpados pela crise política e econômica. Hitler incorporava suas ideias.
Goebbels não queria apenas liderar a queima de livros: — Marx, Freud, Kästner, Kerr, Benjamin, Barbusse, Feuchtwanger, Einstein, Heine, Huck, Brecth, Musil, Mann, Ossietzky, Roth (Joseph), Frank (Leonhard) Sachs, Tucholsky, Werfel, Toller (Ernst), Remarque, entre muitos outros — ele queria principalmente queimar pessoas.
Hesse proclamava aos sete ventos: “Meu Führer, você é a Alemanha. Suas ações são as ações da nação. Seus veredictos são os veredictos do povo alemão”. Em 02/08/34 logo após a morte de Hinderburgo, as funções de Chanceler e Presidente são imediatamente unificadas. A oposição na Alemanha simplesmente foi esmagada. Diluída no fanatismo unânime de um povo que jurava seguir cegamente seu líder até os confins do delírio.
Não há mais crianças, adultos, juventude, idosos. Não há mais pensadores, escritores, homens e mulheres. O que há é uma mente coletiva paranoica e vingativa, unificada pelas ilusões de poder global disseminado pela mente de um psicótico.
Todos aceitam ser educados pelos programas sociais de distribuição de renda e por uma suposta programação educacional tipo Bolsa-Família Hitlerista: pão, enganação, subserviência, analfabetismo, ênfase na quantidade, filmes divulgavam a imagem do líder diariamente. Enquanto o país mergulhava na violência de rua desvairada.
Havia uma desvalorização descomunal da inteligência crítica, da criatividade literária, da razão e da sensibilidade de qualquer pensamento que pudesse por em dúvida uma cultura que não fosse voltada para a total contaminação dos corações e mentes pelo consumo disseminado de conteúdo político emocional destinado a manter Hitler no poder por décadas.
As multidões se emocionavam com a lengalenga de um Chanceler e Presidente analfabeto. Que hipnotizava emocionalmente um povo anteriormente humilhado, politicamente derrotado pelo Tratado de Versalhes.
Esse Tratado forçava a Alemanha à aceitação de todos os ônus e responsabilidades política, jurídica e moral, decorrentes da Iª Grande Guerra, conforme os artigos 231 a 247. As imposições incluíam perda imediata de uma parte de seus territórios para nações fronteiriças. Assim como de todas as suas colônias sobre os oceanos e no continente africano.
Mais: reconhecimento da independência da Áustria, redução do efetivo em seu exército e indenização exorbitante em moeda corrente pelos prejuízos causados pela Iª GG. Versalhes foi ratificado pela Liga das Nações em 10/01/1920. A população da Alemanha estava humilhada, pobre, devastada. Fatos que impulsionaram a queda da República de Weimar e a ascensão nazista da IIª Besta ou AntiCristo do Apocalipse.
— “Não sei quando fecharei meus olhos — dizia Hitler. Mas sei que o partido vai sempre continuar vivo. Além da força ou da fraqueza do homem. Ele moldará o glorioso futuro da Alemanha. Eu sei disso. Eu acredito nisso”.
As mentes eram fanatizadas por todo tipo de preconceitos e instadas à aceitação da influência poderosa de suas falas de enganação coletiva por um sadismo racial paleolítico. Seus discursos pareciam saídos de uma mentalidade da Idade da Pedra Lascada, mas o quê a Alemanha tinha a perder se acreditasse nele?
O exército possuía nesse momento da vigência do III° Reich, 36 divisões com serviço militar obrigatório. Cada divisão com 30 mil soldados em regimentos e brigadas. A força aérea se modernizava. E a pesquisa científica no campo bélico estava muito mais avançada do que em qualquer outro país do planeta. Hitler assinava pactos de não agressão com outros países. Pactos que não tinha a menor disposição de cumprir.
Em 1° de setembro de 1939 as forças militares da Wehrmacht invadiram a Polônia. No dia 3 de setembro Inglaterra e França declararam estado de guerra contra a Alemanha. A brutalidade da dominação covarde está nas telas dos cinemas da propaganda nazi. Era para eles motivo de superlativo orgulho.
Os hebreus são forçados a usar como identificação a “Estrela de Davi” (“Selo de Salomão”) amarela, no braço dos prisioneiros. Pessoas são amontoadas nos guetos onde falta tudo: espaço, comida, condições de higiene. E sobra repressão. A vida de milhões de pessoas perturbadas pela covarde agressão dos soldados do exército do mal.
A história judaica, segundo Bettelheim se configura numa “estranha combinação de universalismo e provincialismo. Do maior movimento pela liberdade espiritual à mais mesquinha intolerância”.
Segundo Bettelheim a história inicial dos judeus realizou, na alvorada da humanidade o estabelecimento do monoteísmo, da vivência de leis morais segundo a Lei. — “Mas a história inicial dos judeus também nos fala de tacanhez e de vicioso nacionalismo”.
Nacionalismo este ao qual se contrapunha o nacionalismo nazi. A intransigência religiosa dos fariseus, suas atitudes de intolerância conhecidas por farisaísmo. A exemplo da perseguição ao judeu Uriel Acosta (séc. XVII) por ter publicado um livro (Exame das tradições farisaicas) no qual expunha as discordâncias inconciliáveis entre o judaísmo bíblico e o judaísmo rabínico.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 23/01/2013
Alterado em 28/01/2013