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HOLOCAUSTO NUNCA MAIS (PSI CITY) 2ª REDAÇÃO. I
ROTEIRO: DECIO GOODNEWS
2ª REDAÇÃO
ADAPTAÇÃO LIVRE DO ROMANCE
NEO-PÓS-MODERNO DE AUTORIA
DO MESMO AUTOR:
“HOLOCAUSTO NUNCA MAIS”
(PSICity)

“O nazismo e Hitler fizeram coisas abomináveis, imperdoáveis, que merecem a permanente execração de todos. A gravidade da catástrofe por eles provocada — cuja expressão maior é o Holocausto — é tão grande, que se discute se o trauma dela decorrente é passível de representação ou não. Deveria a catástrofe ficar em seu estado bruto, permanentemente a nos interrogar, ou deveríamos tentar representá-la, simbolizá-la? A dúvida decorre do temor que a grandeza da tragédia acontecida seja banalizada e diluída, que se desvaneça a memória dos milhões de vitimados... O nazismo ainda hoje levanta enigmas para nossa compreensão e não temos alternativa a não ser tentar resolvê-los. Só podemos fazer isso se representarmos e simbolizarmos a catástrofe, sem temer desmerecê-la com isso. Em assim fazendo, se lhes dissolve a aura de inacessibilidade, revelando-se então seus contornos reais e humanos, devolvendo-nos a capacidade de compreender e agir”.

“UM ASSUNTO ESPINHOSO” (Trecho do Artigo de Sérgio Telles Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO).
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SINOPSE: Na cidade de São Paulo, assim como nas principais capitais do mundo, acontecimentos coletivos de grande repercussão e violência perturbam o cotidiano do planeta. São os fenômenos de Combustão Humana Espontânea, as extrapolações de energia coletiva represada através de acontecimentos públicos de alta manifestação destrutiva nos principais logradouros públicos das grandes cidades. É a concorrência inexplicável de um canal de TV-Full-Time, que põe em pânico os executivos dos principais conglomerados TVvisivos do planeta. São as manifestações viróticas (vírus políticos) mutações do HIV mais destrutivas do que o vírus original. É a violência num grau insuportável que se apoderou do dia a dia das cidades, com suas populações cada vez mais pânicas. Somam-se a todos essas manifestações de agressão à sobrevivência da cidadania, o vírus causador da “amblose disforme” que ameaça as mulheres grávidas, transformando seus fetos, em poucas semanas de gravidez, em uma pasta chamada no Brasil de “miolo de pão”. Um satélite de tecnologia virtual ET (sob Comando Comunicação e Controle do próprio Satã) capta e armazena as “faíscas quânticas” (almas) humanas que não mais possuem energia suficiente para vencer a força de atração planetária na migração em busca de “outras moradas do Pai”. Nesse cenário social de manifesta hostilidade, real e virtual, pessoal e coletiva, surgem os sermões apocalípticos do Pastor MCKENZIE da Igreja do Salvador dos Últimos Dias. Um casal de repórteres acompanha os membros da “Expedição Norton” na busca de uma cidade subterrânea na selva Amazônica, onde, segundo a revelação de mistérios históricos do “Arquivo Jângal” uma civilização extraterrena exerceu comando, comunicação e controle na Alemanha nazista, visando provocar, através do II Conflito Mundial, as mudanças sociais que conduziram, no pós-guerra, à globalização planetária e abriram as portas para a dominação definitiva do planeta pela tecnologia extraterrena em conluio ultra-secreto com os principais governos da Terra.

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ARGUMENTO: Após uma série atemorizante de fenômenos de Combustão Humana Espontânea, o jornalista ROSSI LEE entra em contato com as pesquisas de um estudante universitário da USP, VOLTAIRE, que fora vitimado pelo fenômeno inexplicável da Combustão Humana Espontânea, quando visitava uma exposição de fotografias sobre civilizações pré-colombianas extintas. Ele namorava sua filha JUSSARA. Através dela e do contato com os pais do dissente morto pelo fenômeno CHE, a pedido póstumo deste, através de um bilhete à mãe, esta repassa ao jornalista um misterioso documento que serviria de base à sua tese de doutorado, o “ARQUIVO JÂNGAL”. Esse Arquivo começa com a narração do assassinato do jornalista alemão KARL ALBERT BRUGGER da revista noticiosa “Der Spiegel” no calçadão da praia de Ipanema em 1984. Em uma série de reportagens, ele investigava a migração de contingentes do exército nazista, anteriormente à II Guerra Mundial, que desembarcaram num aeroporto secreto na Amazônia. Esses soldados recrutados pela Wehrmacht foram supostamente dirigidos por oficiais da Gestapo em direção aos subterrâneos lemurianos (a raça ET mais antiga que coloniza o planeta desde as mais remotas eras geológicas) na Amazônia. O “Arquivo Jângal” faz revelações impressionantes dessas incursões nazistas que teriam servido para incrementar a tecnologia bélica do III Reich. O jornalista ROSSI encaminha o “Arquivo Jângal” ao Conselho Deliberativo do Jornal, sugerindo a este que financie uma incursão jornalística até os subterrâneos lemurianos localizados no coração da selva Amazônica por indicação geográfica de latitude e longitude constantes do misterioso e revelador “Arquivo Jângal”. A diretoria do periódico a princípio rejeita a ideia, mas, ciente de que três americanos têm como objetivo uma incursão amazônica, liberam o jornalista para contatos com o chefe daquela incursão cujo nome derivou-se de seu organizador, o militar de origem israelita NORTON. O Jornal indica a fotógrafa e jornalista ADRIANE TAUIL para acompanhar ROSSI e fazer parte da “Expedição Norton”. A busca pelas frinchas e túneis de entrada em direção ao Mosteiro subterrâneo da Amazônia, em busca do refúgio para onde se dirigiam os soldados do III Reich antes da II Grande Guerra, segundo as indicações do “Arquivo Jângal”, conduzem seus expedicionários a aventuras em território lemuriano no “subway” da selva. Na sequência dos acontecimentos os participantes da Expedição Norton são abduzidos por alienígenas. Apenas ADRIANE TAUIL e ROSSI LEE sobrevivem à penetração em território lemuriano. O casal volta a pisar o solo amazônico e descobre que a “amblose disforme” havia despovoado o planeta. Seus últimos habitantes, todos idosos, haviam sobrevivido e estavam divididos em duas facções que lutavam entre si: Os “Hot-dogs” versus os “Pig-spas”. Os primeiros eram remanescentes das classes sociais desprivilegiadas pelo poder político e econômico. Os segundos representavam os grandes investidores que haviam acumulado riquezas e investiam em pesquisas geriátricas sobre a manutenção de sua aparência, e a perenidade do sonho de permanecerem jovens com as descobertas do soro antígeno a partir do qual fabricavam produtos cosméticos e chás de combate ao envelhecimento das células. ADRIANE TAUIL e o índio PERIMURICÁ são resgatados do “Spa Tauil & Ostrowsky” no bairro do Ibirapuera em São Paulo, a partir da invasão armada de um grupo de “hots” que ROSSI havia conhecido. O filme narra os últimos anos de vida do “Casal Adâmico” como era chamado pelos “dogs”. A solidão, os delírios, as alegrias, os lugares que visitaram antes de achar a solução para uma vida de atroz solidão, por serem os últimos habitantes de um “Mundo Sem Ninguém”.
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SEQUÊNCIAS:


1) INT. PALCO DA BOATE BIG-APPLE — NOITE.
O sujeito subjetivo das pessoas passeia dentro do ambiente. Elas se flagram mutuamente os pensamentos íntimos. Há ansiedade e expectativa nos rostos. Os olhares se cruzam em rápidos “insights” simultâneos. Seus gestos podem ser intuídos. A interioridade delas se apodera cognitivamente da consciência coletiva dos frequentadores. Há uma energia ambiental pulsante na atmosfera intimista no salão interno da boate.


2) INT. SALA APARTAMENTO — NOITE.
A garota de 14 e seu irmão de 12 veem TV. As cenas provocam empatia. Apesar da violência das imagens TVvisivas, estas ganham a participação de ambos através de pantomimas. A BABÁ adverte: "hora de dormir".


3) INT. BOATE BIG-APPLE — NOITE.
Abre-se a porta do camarim. Hallma, apressada, entra bruscamente. As faces afogueadas da mulata tipo exportação revelam intensa força sensual.

Cabeleireiro e manicure acercam-se dela, mal a “stripper” senta frente ao espelho.


4) INT. BALCÃO DO BAR/MESAS E SALÃO DE CONVIVÊNCIA DA BOATE — NOITE.
As pessoas continuam a se flagrar mutuamente. Os clientes mais próximos ao palco curiosamente viram os pescoços em direção aos mais afastados. Há uma evidente excitação ambiental. Os ânimos estão inflamados.


5) INT. CAMARIM DA BOATE BIG-APLLE — NOITE.
Hallma, assistida por maquiador, cabeleireiro, manicure e pedicura, cobra deles maior presteza. Há uma pulsante excitação no ambiente da boate.


6) INT. SALÃO DE ALIMENTAÇÃO DA BOATE BIG-APPLE — NOITE.
A clientela impaciente consome mais e mais doses de bebidas, cervejas, chopes e tira-gostos.


7) INT. SALA DE ESTAR DA RESIDÊNCIA DE HALLMA — NOITE.
Saryha Kadja fala para a irmã Lilith, aconchegando a cabeça em seu ombro, enquanto olha para a BABÁ, rumina entredentes:

— Vá se ferrar. Não vou deitar. Não estou com sono.

— Se ela te entregar a Mama vai ficar uma fera contigo. Vai sobrar castigo até pra mim, sussurra Lility.

Após algumas malcriações e relutância dos jovens, sobem os três as escadas em direção ao segundo pavimento do duplex. Na TV a locutora anuncia outro evento de combustão humana espontânea (CHE) ocorrido em sala de aula no colégio Dante Aligheri.


8) INT. CAMARIM DA BOATE — NOITE.
A “stripper” Hallma, pronta para entrar em cena, recebe dos assessores os últimos retoques enquanto fixa a luxúria anormal dos olhos no espelho. As pupilas crescidas parecem refletir a sensualidade ansiosa dos olhares dos clientes no salão da boate.  


9) INT. SALÃO DE CONVIVÊNCIA DA BOATE — NOITE.
A inquietação geral chega ao clímax quando o corpo da “stripper” entra em cena, metamorfoseando-se na visualização idealizada de variegadas formas da anatomia de mulheres, segundo as projeções mentais dos clientes.


10) EXT. RUAS, PRAIAS, AVENIDAS – DIA/NOITE.
Alguém muito inquieta aproxima-se de algures. Movimenta-se veloz até adentrar a portaria de um prédio de apartamentos.


11) INT. SALAS E QUARTOS DO PRÉDIO — DIA/NOITE.
As pessoas em movimentos rápidos sobem escadas até adentrar um, depois outro, e outros apartamentos. Em cada sala de jantar e quartos, as imagens dos monitores da TV 3ª Dimensão, adentram as pupilas delas e nelas refletem cenas da violência divulgada pelos noticiários: batalhas de rua, tiros, agressões físicas, explosões, sequestros, brigas em locais públicos, tiroteios, espancamentos.

O noticiário da corrupção política nos Três Poderes, e entre policiais e grupos empresariais que atentam contra as verbas públicas, misturam-se aos casos, cada vez mais frequentes, de CHE, nos jornais noturnos.

Pessoas de todas as idades levam as mãos e os braços em movimento defensivo diante dos olhos. Como se, realmente, estivessem sob ameaça das balas que se projetam no interior da sala de jantar em direção delas, a partir do visual em 3ª dimensão da TV.

Estão a se defender do impacto das imagens nas pupilas. Como se toda a carga de violência visualizada tivesse se acumulado de maneira insuportável em suas mentes, e mais uma imagem tivesse o poder de provocar uma síndrome, tipo infecção visual por excesso de empatia virulenta.


12) EXT. ESPAÇOS ABERTOS — NOITE.
A câmera focaliza os espaços abertos. Vindo deles se ouve um murmurar quase silencioso, mas, ao mesmo tempo, de uma intensidade sombria e ameaçadora.


13) INT. SALAS DE JANTAR, QUARTOS E OUTRAS DEPENDÊNCIAS DE APARTAMENTOS. DIA.
Uma mulher de meia idade que dormia, desperta apavorada como se de um pesadelo.

Um casal de jovens diante da TV abraça-se freneticamente, como se buscando proteger-se.

Um porteiro de prédio, dentro da guarita, súbito, leva as mãos ao rosto e recua, como se com isso pudesse evitar o impacto dos golpes desferidos entre dois contendores numa cena de violência TVvisiva em 3ª Dimensão.

Um motorista de taxi que rondava no centro da cidade de São Paulo, freia bruscamente, como se tentando evitar um abalroamento que se verifica na tela da TV dentro do carro.


14) INT. PALCO DA BOATE E SALÃO DE CONVIVÊNCIA — NOITE.
Durante a madrugada, uma intensa concentração da plateia fixa o balançar sedutor da sequência gestual de Hallma. A plateia acompanha a dançarina em sua elasticidade de movimentos, como se seus membros estivessem em franca regressão à formas primitivas de sedução que sugerem a prática de atos que em nada condizem com a suposta moral familiar ou social.

(Sons ritmados se sucedem aos acordes mais vibrantes do bolero de Ravel, regência de Molinari-Prandelli da Rai Orquestra).


15) INT. PARTE SUPERIOR DO DUPLEX DE HALLMA — NOITE.
Saraya Kadja olha para a sala lá embaixo, de detrás da proteção dos adornos de ferro desenhados com motivos góticos. As mãos apoiadas nos adornos de ferro contraem-se. O rosto afasta-se gradativamente da imagem que visualiza no monitor da TV de 40 polegadas. Apavorado,  corre em direção ao quarto.


16) INT. SALÃO DE ALIMENTAÇÃO. PALCO. BOATE — NOITE.
Milhares de milhões de moléculas contendo insidioso calor quântico penetram pelos poros da dançarina como se fossem grãos de pólen. Irradiam-se da plateia na direção dela. Em câmera lenta penetram sua pele. Hallma torna-se hospedeira da sensualidade mórbida da plateia de admiradores.

As doses de bebidas se multiplicam em direção às bocas ávidas. Os nacos de carne, queijo, azeitonas e demais acepipes, vão sumindo dos pratos. Os petiscos são substituídos por outros, conduzidos até os lábios úmidos, são mastigados pela ansiedade voyeur dos clientes.

A exuberante sedução da “stripper”, os brilhantes pentelhos pintados de verde-amarelo, abrem-se numa fresta cavernosa de indizíveis possibilidades sensuais. Os espectadores sentem-se, coletivamente, pertencer ao templo elástico de uma volúpia antiga, mais remota que as das dançarinas babilônicas. A sensualidade de Hallma envolve interativamente todos os clientes. Embriagados por ela.


17) INT. APTO. DE HALLMA. QUARTO DAS CRIANÇAS — NOITE.
Cigana, a BABÁ, passa a mão direita na testa de Lility e acredita que a garota está quente. Muito quente.

— Você está com febre, queridinha! Sai em busca de um antitérmico. O rosto do menino Saryha desliza para dentro do lençol. Os olhos parecem ainda apavorados. Bruscamente puxa o cobertor até cobrir a cabeça. O rosto é focalizado sob o pano, com pingos de suor na testa. O olhar fixado em algo indefinível vindo das imagens TVvisivas.


18) INT. BOATE. SALÃO DE CONVENIÊNCIA — NOITE.
O show inicial de Hallma foi repentinamente substituído pelo de outra “stripper”. Os comentários se sucedem. As caras meio que de porre dos clientes mostram-se insatisfeitas. Algumas faces mostram-se francamente iradas. O movimento de entra e sai da boate ganha certo incremento.

Numa mesa um comentário entre dois clientes se faz ouvir:

— Quando chegam à cama privada, conseguem, quando muito, uma ereção de três nano segundos.

— Leito conjugal, convenhamos, depois de certo tempo é mesmo broxante! Responde o outro.


19) INT. DO SALÃO DE CONVIVÊNCIA DA BOATE — NOITE.
O segundo show noturno de Hallma está prestes a começar. Leandro mantém pensamentos incestuosos para com a filha Sabrina. O xibiu de Hallma ainda vivo na imaginação, como se estivesse a apenas alguns centímetros da ponta da língua dele, Leo. Em seu delírio, ele passa a ponta dos dedos nas bordas da taça que se torna uma projeção da vulva da filha. Ele sussurra:

— Sabrina, minha querida, papai te ama!

O garçom chega-se e pergunta, vendo a língua do cliente adentrar-se em direção ao pouco do que restou de gelo no copo:

— Mais uma dose, doutor? Ele aceita. E murmura:

— Essa xana é demais. Ainda me sinto dentro dela. Pego em flagrante, Leo responde:

— Ah sim, com certeza. E volta a se concentrar na intimidade vazia e oferecida da taça.

O jornalista Rossi Lee a tudo observa. Acha engraçado. A mulher ao lado sorri oferecida.


20) PALCO. BOATE. SALÃO DE CONVIVÊNCIA — NOITE.
Leandro encontra-se embriagado, mais pelos gestos da dançarina da qual flui a inexplicável lascívia interativa de Hallma, do que pelos drinks.

Rossi Lee franze as sobrancelhas. A testa interrogativa não compreende a sutileza dessas chamas azuladas que se propagam pelos lados do corpo ondulante de Hallma. Mais parecem asas transparentes a se destacarem, agora, dos ombros da “stripper”. Como se ela fosse um magnífico Serafim. De seu tronco projetam-se três pares de asas. Para os espectadores, essa magnífica imagem não passa de efeito visual. Uma luminosidade resultante de “spotlight”.


21) EXT. BARES COM PROMOÇÕES HAPPY-HOUR. PESSOAS LEEM JORNAIS NAS MESAS. PESSOAS FOCAM O OLHAR NAS NOTÍCIAS PUBLICADAS EM JORNAIS E REVISTAS— NOITE:
"Espectadores perplexos perceberam a visão das chamas como se fizesse parte das luzes do show".

"Clientes reclamaram da interferência de um segurança da boate que invadiu o palco e envolveu a dançarina numa toalha úmida. Retirando-a rapidamente do palco".

"O fogo blue a envolver a dançarina, assim como as chamas de tez amarelada, não faziam parte dos efeitos visuais do show".

— Logo outra “stripper” substituiu a "ballet dancer" Hallma. Pouco depois uma ambulância levou o corpo em direção ao Hospital das Clínicas.


22) EXT. DIA SEGUINTE. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Leandro, parado frente a uma banca de revistas observa as curiosas manchetes dos jornais:

"Corpo ardente queima em faíscas de paixão".

— Chamas consomem “stripper”.

"Combustão Humana Espontânea ataca outra vez."


23) INT./EXT. APARTAMENTOS. BARES — NOITE.
Pessoas ora se aproximam, ora se afastam das imagens projetadas pelos monitores em 3ª dimensão da TV. Os TVespectadores se interessam nos noticiários. Os jornais noturnos provocam grande curiosidade em ambientes vários. Os apresentadores dos jornais noticiam:

Repórter (entrevistando um deputado federal a propósito de um evento CHE na Câmara dos Deputados):

— Eventos de Combustão Humana Espontânea ameaçam transformarem-se em epidemia?

Deputado (Gondim Neto) — Sua excelência foi fulminada por chispas de chamas azuladas a poucos metros de onde me encontro agora.  Impressionante. Em poucos segundos o nobre colega virou cinzas.

Outro repórter entrevista outro parlamentar:

— Vi tudo. Estava próximo. Não tinha o que fazer. Fiquei sem atitude. Uma coisa horrível. Um filme de terror. Quando o facho do extintor de incêndio do segurança atingiu o corpo, sobraram apenas cinzas. E um pedaço da perna que incluía o calcanhar. — E o pé.


24) EXT. RUAS. AVENIDAS. PARQUES E PRAIAS — DIA.
As pessoas cruzam-se entre si ao caminhar nas calçadas. Muitos transeuntes estão parados próximos às bancas de revistas. Seus rostos colados às manchetes das primeiras páginas dos jornais do dia. A curiosidade se faz presente nos mais diversos ambientes (metrô, ônibus, salas de espera de cinemas, aeroportos, barcos, lanchas, navios). Passam a impressão de que estão descobrindo que a leitura de revistas e jornais é indispensável para que compreendam o que está acontecendo nos bastidores da surpreendente realidade.

Vozes de locutores de TV e rádio divulgam os estranhos eventos:

NOTÍCIA 1 — CHE é uma força sobrenatural. Um fenômeno desconhecido. Tempestades de fogo surgem em vários locais do planeta. Um bairro de Chicago foi totalmente destruído. Morreram 250 pessoas. 18 mil imóveis completamente queimados.

NOTÍCIA 2 — O fogo tinha uma cor ora normal, ora vermelha, passando depois para o verde. Os cientistas não encontraram explicação racional. Algo no ar alimentava o incêndio de Chicago. Não era nem pó de alumínio nem magnésio.

NOTÍCIA 3 — Um piloto americano de jato observou uma tempestade de fogo a 247.700 pés de altura. Ele divulgou as fotos, mas não formulou hipóteses.

NOTÍCIA 4 — Astronautas viram concentração de energia radiante na estratosfera há 12 mil metros, onde há concentração de nitrogênio.

NOTÍCIA 5 — Cidades em todo o planeta estão noticiando casos de CHE. Repórter entrevistando um famoso cientista para um jornal TVvisivo:

REPÓRTER — O que a ciência tem a dizer desses eventos estranhos de Combustão Humana Espontânea?

CIENTISTA — É preciso uma energia simplesmente fenomenal para liberar hidrogênio do corpo humano. O hidrogênio não fica concentrado no corpo, desde que é mais leve do que o ar.


25) INT. CARRO. AVENIDA PAULISTA — DIA/NOITE.
O jornalista Rossi Lee conversa com a filha, Jussara, enquanto para constantemente o carro no trânsito em transe da Avenida Paulista:

ROSSI LEE – J. L. Voltaire, a “causa mortis” dele foi divulgada?

JUSSARA - É o mesmo princípio da “stripper” daquela boate. Não há explicação científica. As opiniões são experimentais, especulativas.

ROSSI LEE - Tudo inconclusivo. As fotos da exposição eram de ruínas de uma cidade pré-colombiana na Guatemala. As fotos eram de um jornalista argentino?

JUSSARA - Sim. Quem vai saber por que pessoas aparentemente saudáveis viram cinzas em poucos segundos? Íamos escalar o Pico da Neblina. Estávamos prestes a embarcar para a Amazônia.

ROSSI LEE - Pouca gente o escalou nesta década. É a segunda área ambiental mais protegida da Terra. Sua experiência em esportes radicais a habilita para essa aventura? Tem certeza?

JUSSARA - Ninguém tem plena certeza de nada. Mas eu me sinto preparada. Muita prática de rapel. J. L. Voltaire não era marinheiro de primeira viagem. Tinha escalado o Aconcágua. Pico mais alto da América do Sul. O pico mais alto do mundo fora do Himalaia: 6.962 metros. Dois índios ianomâmis que acompanharam alpinistas em escaladas anteriores seriam nossos guias.

ROSSI LEE - Muito arriscado para amadores. Eu mesmo fiquei tentado. Certa vez acompanhei uma expedição até São Miguel da Cachoeira, a 850 km de Manaus.

JUSSARA - Seria uma experiência física e estética incrível (lastimando-se). — Até semana passada estávamos energizados. Esse projeto era muito importante para suas pesquisas. Hoje (soluços) restam dele cinzas.


26) INT. QUARTO. MOTEL — NOITE.              
HELIO está no quarto com uma garota de programa, com idade de ser sua filha.

GAROTA (insinuando-se) — A Lígia está com saudades de você. Ela está em Búzios, pegando um bronze para vir com tudo em cima.

HELIO — Este fim de semana falo com ela. GAROTA — O novo n° do celular dela (apontando) está em cima da mesa. Digita o nome dela que você vê. HELIO (preocupado, senta-se à mesa) abre correspondência de um hemocentro da Avenida Angélica.

GAROTA (dirigindo-se ao banheiro) — A Melissa, não dá conversa para ela não. Está soro positiva e transando como nunca. Pirou. Está com medo de sair dessa dimensão e não ter ninguém que ela conheça na outra. Quer infectar todo mundo que ela conhece. Fazer um pé-de-meia e voltar para o interior. Enquanto o bicho não pega de vez.

HELIO (meio apavorado, murmura de si para consigo) — A mutação do vírus dela é o PUF. E se eu estiver infectado? A camisinha rompeu da última vez que estive com ela.

GAROTA (penteando-se frente ao espelho, vira-se e sai do banheiro) — Isso aí é o resultado de teu exame? Credo! Vai me dizer que você está bichado.

HELIO (aborrecido) — Para com isso! Aqui diz que tenho de refazer o exame. (Entrando no banheiro e olhando-se no espelho, murmura) — Vai saber ao certo...


27) INT. SALÃO DE REDAÇÃO. JORNAL — DIA.
ROSSI LEE (apreensivo com o surto de CHE, telefona para a filha Jussara visando obter informações para uma série de reportagens) — Evidente que a CHE não pode ser transmitida por contágio. Você tem o novo endereço da família dele?

JUSSARA (do outro lado da linha, falando pelo celular) — Os pais dele mudaram exatamente para que não fosse motivo de especulação da imprensa. Não querem publicidade nenhuma.

ROSSI LEE (persuasivo) — JU, você era namorada dele. Faziam planos juntos, rapel, escaladas juntos... Não és nenhuma estranha querendo explorar um acontecimento sinistro. Veja se consegue uma entrevista.

JUSSARA (considera por momentos a argumentação do pai) — A morte dele não terá sido inútil, se conseguirmos fazer algum progresso na investigação desse flagelo.

ROSSI LEE (afirmativo) — É isso. Te vejo mais tarde. Se não, ligue quando tiver uma resposta, certo?


28) INT. APARTAMENTO — NOITE.
LISABETH (repreende a filha SABRINA) — Há mais de duas horas você está no telefone. Vê se para com esse lero-lero.

SABRINA ("cheia de razão") — Dá um tempo. O Jamil está fruindo um lance da hora! Sobre um "inúteen" que virou cinzas ontem a noite em cima da cama. Sacal o lance. Nem os lençóis da cama em que o cara estava deitado queimaram. Nem as páginas do livro que ele estava lendo.

LISABETH (reagindo) — Escuta filha, esse negócio de CHE não é mais novidade. Daqui a pouco a notícia vai estar no Jornal Nacional. Teu pai está chegando. Ele está de pavio mais curto do que de costume.

SABRINA (teimosa) — Falar pelo interfone não impede de me vestir.

LISABETH (pelo videofone) — Estamos descendo, Léo.

LEANDRO — O JAMIL telefonou. Está chegando ao shopping. Ele desce as escadas em direção ao subsolo onde vai ligar o carro à espera da mulher e da filha. LEANDRO estaciona o auto em frente ao prédio enquanto mentaliza:

"SABRINA precisa desencalhar logo. A faculdade é apenas um pretexto para fisgar um trouxa. E esse trouxa pode ser esse JAMIL. Esse FICADOR é cheio dos dotes. O pai é construtor, sócio de uma empreiteira. Quem sabe esse ela pega, mata e come. Quero dizer: pega, come e casa".


29) INT. PRAIA DE ALIMENTAÇÃO. SHOPPING — NOITE.
A família reunida, conversa animadamente.

JAMIL (rememora) — Esse filme lembra aquele da retrospectiva de filmes da década de noventa do século XX.

LISABETH (curiosa) – Sei! Como é mesmo o nome?

JAMIL — "O Paciente Inglês".

SABRINA — Vi contigo.

LEO — Vimos na TV, BETH. — Você gostou, não?

SABRINA — O cara era um gato. O aviador. Trágico, mas eu gostei.

JAMIL (irônico, olhando cúmplice para LISABETH) — Isso é que é avaliação inteligente.

— O filme não te diz mais nada?

LEO — Quanto a mim, dormi. Estava de ressaca (risos).

JAMIL (simplificando) — A história de um marido traído que se vinga da esposa e do amante forjando um acidente na aterrissagem de um monomotor no Saara.

LISABETH - Final da II Guerra. Hana...

JAMIL – JULIETTE BINOCHE...

LISABETH — Cuida de um piloto desconhecido que está desfigurado pelas queimaduras. A memória vai se recompondo e ele conta a história que motivou o sinistro aéreo.

JAMIL — Filme fera. 12 indicações ao Oscar. Ganhou nove.

LEO — Quantas coisas as guerras podem destruir. Amizades, relacionamentos, amores. Quantos milhões de pessoas que poderiam estar vivas deixaram de maneira violenta e perversa, de existir. Quanta crueldade vem à tona. E sonhos que se frustraram... Bom, eu não dormi o filme todo (risos).

JAMIL - Direção ANTHONY MINGHELLA... Vocês estão sabendo.

SABRINA (como que querendo inserir-se na conversa) — Chorei nesse filme.

LEO (a voz em of.) — Você, hem, Sá? Chorar não é motivo para se achar um filme bom ou ruim. Nem uma vezinha você consegue ser menos superficial em suas opiniões. Se toca, garota. Vai ver esse rapaz gosta de você porque representa o arquétipo da mulher desprovida de massa cinzenta com QI.

LISABETH (mudando de conversa) — Esse agora é um drama passado na III Guerra do Golfo. Li que o personagem principal também foi vítima de uma aterrissagem desastrada, provocada pelos ciúmes de um marido traído.

JAMIL (confirmando) - Que também pilotava um monomotor... (ao olhar para o relógio insinua que a sessão de cinema vai começar).


30)   INT. CINEMA. SALA DE PROJEÇÃO. PESSOAS OCUPANDO POLTRONAS — NOITE.
As pessoas curiosas uma das outras se olham dissimuladamente. Querendo flagrar atitudes, gestos, murmúrios entre os cinéfilos antes da projeção do filme começar. Adolescentes rechonchudas comendo entusiasticamente pipoca com guaraná. O filme começa.

Na tela, uma mulher pálida e apavorada contempla uma imagem que vai aos poucos se fundindo com ela. À proporção que seu reflexo no espelho desencana, assustada, vai se surpreendendo, aos poucos, com o poder de penetração da Outra. Uma tênue névoa alonga-se da superfície especular até suas pupilas indefesas.

Uma mulher ao lado de LISABETH levanta o braço na altura dos olhos como a se defender da invasividade mostrada na tela em 3D.


31) INT./EXT. SALA DE ESTAR. RUAS DA CIDADE — NOITE.
A personagem da tela, numa aflição cada vez mais difícil de controlar, vivencia realidades paralelas. Ao mesmo tempo em que se encontra sentada na poltrona do cinema, surpreende-se na poltrona da sala de jantar. Ao sair de um cinema na Avenida Paulista, um helicóptero, incendiando-se, cai a poucos metros dela. A explosão provoca gritos surpresos e medrosos na plateia.

SABRINA aperta mais os dedos de JAMIL entre os seus. Ela olha para ele que, virando o rosto sorrir para ela, tenta acalmá-la. A tensão arrefece entre os espectadores.

No écran, a personagem parece-se cada vez mais intensamente com ela. A transfiguração acontece também com relação a outras pessoas da plateia.

As luzes da sala clareiam o ambiente. As pessoas começam a se levantar para sair. SABRINA levanta-se e chama a mão de JAMIL para si.

Ela caminha entre as fileiras de poltronas, a princípio sem notar que segura um pedaço do esqueleto da mão do namorado presa ao que restou de seu pulso. Olha apavorada para a imagem do rapaz que simplesmente se desfaz em cinzas frente à expressão facial estupefata da moça.

Ela quer gritar e não consegue. Sua manifestação de pavor confunde-se com a da personagem do filme. Não consegue manter-se desperta e desmaia, caindo sobre as poltronas, despenca em direção ao chão. Seu braço ainda segura a mão descarnada do acompanhante.

32) INT. SALA. APARTAMENTO — NOITE.
ROSSI LEE aproxima-se da mesa central da sala, pega um pedaço de papel amarelo, tipo lembrete de agenda e lê o recado da filha JUSSARA:

"O caderno de assinaturas de presenças e opiniões das pessoas que frequentaram a primeira semana da exposição de fotografias das ruínas da cidade maia em meio à selva na Guatemala, foi substituído por outro”.

“Um segurança informou que roubaram o original. As câmeras de segurança não registraram o roubo devido a um curto circuito suspeito. O nome de ISAAC RONDON constava do livro, assim como seu e-mail. J.L. Voltaire utilizou as pesquisas de campo deste fotógrafo enquanto reforço de sua tese de doutorado. Tenha paciência, em breve saberei o novo endereço dos pais dele. Até. JU”.


33) INT. SALA DE ESPERA. SETOR ADMINISTRATIVO. HOSPITAL DAS CLÍNICAS — DIA.
ROSSI LEE entra na sala do superintendente do HC, dr. ALBERTINOTH KARAMURINJA. O médico levanta-se e estende a mão cumprimentando o jornalista.

Dr. KARAMURINJA (mostra-se tenso) – Desculpe tê-lo feito esperar, em que posso ajudar?

ROSSI LEE (investigativo) — Não quero ocupar seu tempo, doutor. A “stripper” HALLMA, trazida hoje de madrugada. Que aconteceu? Mais uma vítima da Combustão Humana Espontânea? O que a medicina tem a dizer desse fenômeno?

(KARAMURINJA, à menção do nome da “stripper” mostra-se ainda mais desconfortável).

ROSSI LEE (indagativo) — Acompanhei a ambulância. Estava na boate quando aconteceu o sinistro. Os jornais noticiam esses casos cada vez mais frequentemente. A síndrome de pânico que era forte, agora está se tornando simplesmente insuportável. As pessoas precisam saber como isso ocorre. Para se sentirem menos desconfortáveis.

MÉDICO (sentindo-se embaraçado) — Esses casos de Combustão Humana Espontânea não fazem parte de nenhum estudo experimental acadêmico. Não há disciplina que se atenha à patologia dessas manifestações. Que posso dizer? Não há opinião científica conclusiva.

— Há poucas semanas não se tinha nem certeza de que essas manifestações..., digamos... patológicas (?) existiam realmente.

Considerava-se, nos meios acadêmicos, que fossem especulações de lunáticos.

ROSSI LEE (inquiridor) — Que patologia está mais próxima de explicar esse fenômeno?

MÉDICO (cada vez menos confortável) — Não há especialização nem disciplina que estude esse fato. Talvez ele não possa ser explicado na área de saúde pública. Não há explicação confirmada pela ciência médica.

ROSSI LEE (surpreso) — CHE é um fenômeno universal... Como explicar o que aconteceu à “stripper” Hallma? Não há uma área de internação para esse tipo de sinistro?

MÉDICO (quase que irritado) — Quando a “stripper” chegou ao HC estava reduzida a pó. O médico que a atendeu, ao sentir o pulso da mulher, este se desfez num amontoado de cinzas. Assim como o restante do corpo. Não sobrou nada. Por que internar um paciente que virou cinzas?


34) INT. TEMPLO DA IGREJA DO SALVADOR DOS ÚLTIMOS DIAS — DIA.
A família de HELIO, SHEILA, a mulher, CARLA, a FILHA, e EDU, o filho caçula, adentram a Igreja. O culto havia começado. Sentam-se num banco onde outros fiéis estão atentos ao discurso dominical do Pastor MCKENZIE.

“Vocês estão aqui porque, de alguma forma, fazem parte dos escolhidos...”.

“Seus filhos mergulham nas drogas porque as instituições da sociedade são associadas dos grupos que mercantilizam essas mercadorias”.

“A juventude é orientada pelas mídias a comprar as mercadorias que estiverem à venda. O Legislativo, o Judiciário, o Executivo. Os poderes são por demais tolerantes com esses mercadores da morte. Por quê? Porque ganham milhões para manterem leis obsoletas, que beneficiam apenas a Nova Ordem Mundial. Essa Nova Ordem tem por objetivo manter as instituições a serviço da deterioração da sociedade...”.

“As mídias têm por finalidade domesticá-los com futebol, drogas, entretenimento barato...”.

“Os sinais estão presentes, o fruto está maduro. O tempo é chegado. O fim dos dias será mais simples e surpreendente do que a mais inusitada das ficções...”.

Os fiéis passeiam seus olhares uns em direção aos outros. Parecem querer vislumbrar no Outro a possibilidade de uma resposta aos acontecimentos noticiados pelas mídias. A maior parte da troca de olhares é interrogativa e medrosa.


35) EXT. ANOITECER, ESTACIONAMENTO — DIA.
HÉLIO após entrar no carro olha-se no espelho. Sentindo-se culpado fala consigo mesmo como se falasse com Outro:

— “Está aqui comigo. Vivendo de minhas células e fluidos. Compartilha minhas percepções. Existe simultaneamente comigo. Eu sou ele. ELE é EU, (consolando-se): a velhice é uma humilhação do corpo. Há mal que vem para bem”. Murmura, consolando-se.


36) INT. CARRO. ESTACIONAMENTO — DIA/NOITE.
HELIO inclina-se no banco e abre a porta do passageiro para CARLA.

HELIO (fingindo tranquilidade) — Tudo bem, filha? CARLA (olhando para ele como quem sabe a resposta) — Tudo habitual com você?


37) EXT. RUAS E AVENIDAS — DIA/NOITE.
O PILOTO de um helicóptero olha do alto e flagra quilômetros de engarrafamento no trânsito.


38) INT. CARRO. DIA/NOITE.
CARLA (de si para consigo) — “Todos vivem de aparências. Refugiados nelas. Nada vai bem, mas perguntamos e respondemos como se estivesse bem ou quiséssemos mesmo saber. Temos medo de pronunciar nossas verdades. Elas nos paralisariam. A todos”.


39) EXT. AVENIDA PAULISTA — DIA/NOITE.
Outro piloto de helicóptero, acompanhado de um jornalista com câmera na mão, filma a paisagem do engarrafamento gigantesco. Ouve-se os barulhos e ruídos intermitentes se reproduzirem às dezenas. Centenas de vezes:

Buzinas, freadas bruscas, colisões, toques de celulares, sirenes de ambulâncias, alarmes de carros, notícias de rádio, helicópteros sobrevoam o trânsito, bombeiros, carros de polícia, apitos de guardas de trânsito, despertadores de pulso, dezenas de rápidas colisões de motos nos espelhos retrovisores dos carros. Motores acelerando e em desaceleração. Dezenas de pequenos eventos (“quânticos”) contribuem para aumentar a irritação geral.


40) INT. CARRO. DIA/NOITE.
Um carro colide levemente no para-choque do outro parado em frente no engarrafamento. Os gases poluentes flutuam nas ruas, avenidas e praças da cidade. Nuvens urbanas de poeira (ao modo de “Blade Runner”) concentram-se, visíveis através das janelas dos vidros dos carros.

Os motoristas se interrogam com gestos e olhares. Flagram-se ora ansiosos, ora tensos. Condutores de veículos e passageiros no interior deles parecem conter os conflitos internos. Evitando exterioriza-los. Há uma tensão que parece aumentar no espaço externo aos carros.

As crianças e adolescentes mostram-se por demais concentrados. Um filete de sangue começa a escorrer da narina esquerda de CARLA.


41) EXT. ASFALTO DA AV. PAULISTA — NOITE.
CARLA de olhos fechados fixa a linha do olhar, encoberto pelas pálpebras, em direção ao motorista do carro abalroado. Descontrolado, ele provoca aos berros e xingamentos o Outro motorista que começa a ficar também irritado.

Após rápida discussão o condutor do carro da frente saca de uma arma e atira várias vezes no desafeto. Ele cai sentado, a sangrar, na borda da porta do carro.


42) INT./EXT. CARRO. ASFALTO DA AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Os olhos fechados de CARLA, como se em sono REM, movem-se rapidamente da direita para a esquerda e vice-versa.

O motorista criminoso tenta fugir do local do flagrante. Inutilmente. Ele parece estar inserido num “campo de força” que o impede de sair do lugar. A sensação de que o asfalto desliza sob seus pés, em inúteis tentativas de sair do lugar.


43) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
A paisagem da principal via pública de São Paulo, centro financeiro do capitalismo selvagem brasileiro, está cada vez mais conturbada. O equipamento receptor de frequências de alta sensibilidade, no interior equipado do helicóptero da PF, capta uma tonalidade acústica imperceptível ao ouvido humano.

44) INT. CARRO. AV. PAULISTA — NOITE.
O motorista fala com a mulher ao lado. Ela saca o celular da bolsa e telefona supostamente para a polícia, denunciando o crime que acabou de presenciar.


45) INT. HELICÓPTERO POUSA EM HELIPORTO. AV. PAULISTA — NOITE.
Uma vibração de alta frequência está sendo registrada e analisada pelos equipamentos eletrônicos instalados no interior do aparelho de aviação. Ele continua estacionado no heliporto no topo de um imóvel na Avenida Paulista.


46) EXT. ASFALTO E CALÇADA. AV. PAULISTA — NOITE.
Viaturas policiais cercam o local onde se verificou o tiroteio e o crime. O assaltante, perplexo, parece desistir de compreender o que aconteceu. Por que não conseguiu sair do lugar quando tentava fugir do flagra? Ele é algemado e trancafiado no camburão.


47) INT./EXT. CARROS. AV. PAULISTA — NOITE.
Uma sonoridade (zumbido) de alta frequência se faz ouvir: suave, harmoniosa e persistente, parece unir o inconsciente coletivo de crianças e adolescentes, de modo que ambas as categorias cronológicas não mais se sentem subordinadas nem inúteens.

Pessoas que estão no interior dos prédios visualizam a confusão que está a se estabelecer no asfalto da Av. Paulista. A expressão de perplexidade e temor se faz perceber também na timidez dos gestos.


48) INT. CARRO. AV. PAULISTA — NOITE.
Uma SENHORA olha (assustada) para a menina ao lado. A GAROTA parece superconcentrada. Olhos fechados. Como se em transe. A MULHER sacode o braço direito da GAROTA, chamando-a com certa e insistente veemência:

MÃE DE MALY — Queridinha, fale com a mama. Responda! Acorde! Você dormiu a tarde inteira. Não pode estar com sono! Pare de fingir e eu te levo ao Mcdonald´s. O Mclanch Feliz. A torta de maçã. Essas delícias de que você gosta. Tudo que você quiser!!!

MÃE DE MALY (assustando-se, leva a mão esquerda à boca) ao saber que a MENINA fala de dentro de sua cabeça, sem que tenha movido os lábios ou mudado de posição:

MALY — Você não vê? Estou acima do peso. Preciso aprender a me controlar. Estou sem apetite. Pare com esse suborno!!!

O capô do carro começa a vibrar. Uma força estranha o impulsiona para cima. Os limpadores de para-brisa começam a se movimentar sem terem sido acionados. A MULHER agita-se ao vê que coisas estranhas estão acontecendo com outros carros.


49) INT. CARRO. AV. PAULISTA — NOITE.
Outra SENHORA, muito aflita, tenta inutilmente desligar a ventilação refrigerada interna do carro. Nervosa, os cabelos se despenteiam a cada gesto brusco, o batom mancha os lados da boca na qual acabou de passar a mão esquerda. A ventilação está simplesmente incontrolável. A sair dos orifícios do ar refrigerado do carro.

Súbito, gira o tronco em direção ao GAROTO sentado ao lado, tentando fazê-lo voltar à posição original, desde que seu corpo flutua um palmo acima do assento.


50) INT. CARRO. AV. PAULISTA — NOITE.
Em seu histriônico desassossego, um EXECUTIVO olha de soslaio a MULHER que o acompanha. Seu sorriso condescendente e vulgar, de repente se transforma numa carranca regressiva pavorosa. Ele se esforça para sorrir em direção ao rosto dela, mas não consegue. O rosto deformado da MULHER o apavora.

MULHER AO LADO — Esse "AC" é muito louco, cara. Ela deve estar noutra dimensão.

ELE — (encolhendo-se evita olhar outra vez para ELA). Está mesmo. Por deus. Ela está mesmo. Não quero olhar para a cara dessa mulher nunca mais.

— Fica quieta. Te controla!


51) INT. LIMUSINE. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Entre dois executivos está sentada uma elegante MULHER de negócios americana. No banco defronte um casal “michê” sorri. O rapaz serve uma dose de whisky para o executivo em frente.

Os passageiros da limusine estão isolados do ambiente externo por proteção acústica, e vidros à prova de balas.

Entre os passageiros circula uma lâmina de vidro retangular, com carreirinhas de coca bem servidas.


52) INT./EXT. CARROS. ASFALTO. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Um motorista de taxi consegue abrir a porta e sair apavorado do carro, enquanto as dobradiças das portas rangem e o capô e o porta-malas são vigorosamente impulsionados para cima por uma força estranha e extraordinária. Os PASSAGEIROS do taxi hesitam em sair do mesmo com medo do que está a acontecer do lado de fora.

O motorista do taxi corre entre outros carros, alguns dos quais estão com seus componentes (capôs, porta-malas, tetos) sendo forçados para o alto. Alguns se desprendem de suas bases com grande estardalhaço.


53) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
O capuz de um carro em meio à neblina esverdeada, impelido por uma força sobre-humana, voa por sobre a cabeça do MOTORISTA que havia fugido do interior do veículo, por pouco não o atingindo. Ele agachou-se no asfalto.

As pessoas abrigadas numa galeria observam, estarrecidas, a trajetória da porta do porta-bagagem de um carro, a rolar veloz pelo asfalto, subindo, com velocidade, à calçada, e esbarrando com grande estrondo nos vidros de uma agência bancária, indo parar junto a um caixa eletrônico. No interior da agência.


54) INT. LIMUSINE PRATA. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Uma mulher no interior da limusine começa a se despir. O EXECUTIVO louro, cabelos grandes, olhos azuis, seminu, as calças arriadas, um copo de whisky em mão, pega a mulata pelos cabelos e comprime sua cabeça em direção à genitália, enquanto encosta o pescoço na almofada e olha o “céu de estrelas” do carro. (Ouve-se em off a canção “Bad Romance” cantada por LADY GAGA).


55) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Algumas luminárias da Avenida Paulista começam a explodir, e as luzes dos estabelecimentos comerciais a piscar-piscar. O espaço interno de muitos ambientes está à mercê de vândalos, desde que as paredes de vidro que protegiam lojas e outros estabelecimentos comerciais, estilhaçaram-se. Com grande estardalhaço.

PESSOAS movimentam-se de um para outro lado em busca de abrigo. Tropeçam em corpos caídos. Os feridos buscam proteger as feridas abertas na pele pelos estilhaços, com guardanapos, lenços e pedaços de jornais. Por vezes com as mãos muitas vezes também feridas.


56) INT. CARRO. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
A MULHER tentara subornar a CRIANÇA ao lado, prometendo uma ida ao McDonald´s, está com o rosto desfigurado (a maquiagem dos olhos escorre pelas faces enrugadas). Histérica, descontrolada, berra, a voz entremeada de soluços:

MULHER: — Está possessa. Todos estão possuídos. Ela olha para fora do carro: “a avenida está possuída, os carros, as pessoas”, diz, enquanto olha a CRIANÇA no banco de passageiro.

— Acorda, FILHINHA, eu compro tudo o que você quiser. Aquele tênis da Nick. O “nickplusultra”. Aquele que você viu na TV. Tudo! Mas abra os olhos. Você precisa vê...

A voz da MENINA ressoa dentro da caixa craniana da MULHER: "Não precisa, mãe, eu vejo tudo em todos os lugares".

MULHER (horrorizada, leva as palmas das mãos comprimindo-as na cabeça à altura das orelhas): Você também está possessa, endemoninhada. Ela tenta abrir a porta do carro mas não consegue.

O vidro não quebra ao impacto de seus golpes. A CRIANÇA estende a mão esquerda para o lado e aperta a mão direita da MULHER. Ela tenta desvencilhar-se, mas não consegue.

— Fique calma. controle-se. Repete a MENINA. Aos poucos a MULHER começa a recuperar a lucidez.


57) INT. LIMUSINE PRATA. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
A modelo MORENA que estava praticando um boquete no executivo louro, volta a sentar-se no banco em frente, enquanto engasga-se com o sêmen misturado à mistura catarrenta e escura, a escorrer da boca. O líquen arroxeado pinga sobre os seios fartos da MULHER. Os olhos dela escancaram-se.

Apavorada, berra, enquanto vê o olhar do cara dissolver-se em cinzas diante dela, como se tivesse, de repente, sido tostado. O que restava dele parecia carvão pulverizado. A testa, a cabeçak, os olhos azuis, fixos nela desmoronaram sobre o que restou das cinzas no lugar em que estava sentado. Desolada, contempla o pó enegrecido que restou do pênis do cara, saindo de dentro da boca ao redor dos lábios. Por entre os dedos.


58) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
As PESSOAS que olham das janelas dos edifícios estão cada vez mais apavoradas. O panorama é caótico. Em todos os lugares há PESSOAS em atitudes defensivas de medo. O berro aterrorizado da MORENA da limusine parece reverberar no grito coletivo de centenas de pessoas apavoradas, que não sabem ao certo o que está a acontecer.

A ressonância do som do berro aterrorizado da MORENA repercute (em eco) de dentro dos outros corpos, em várias frequências de vibração, como se resultado da quantificação espacial da emissão reflexa do timbre de voz ritmado proveniente do interior de um campo magnético. Unificado.


59) INT./EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
O MOTORISTA de um carro que conduz outras PESSOAS que não ousam sair do veículo aponta para um modelo utilitário, cabine dupla, que está sendo suspenso no ar em sua parte frontal.

Os faroletes de milha do veículo estão acesos, e os faróis normais estão a piscar de modo intermitente. Os PASSAGEIROS deste e de outros veículos olham estarrecidos o fenômeno. A parte dianteira do carro apontada para as nuvens como se querendo acelerar em direção a elas.

Ao voltar ao asfalto o carro impacta-se violentamente. A água do radiador transborda em jatos quentes projetados à distância. Reações barulhentas e extravagantes do motor se fazem ouvir. Assim como perturbações faiscantes no sistema elétrico. O radiador se faz em pedaços que voam para todos os lados. Para cima e para baixo.


60) INT. LIMUSINE. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
UM PASSAGEIRO, dos oitos OCUPANTES iniciais da limusine (agora são sete), instalado na poltrona amarela frente a um bar em madeira natural e neon, aperta um botão e fala com o MOTORISTA, dá ordem para ele baixar um pouco o vidro da janela.

A LOURA do lado, pernas e coxas à mostra, a calcinha vermelha esticada entre os joelhos, parece desacordada. A MORENA, ainda abalada, não se havia recuperado de todo da experiência visual traumática, ou “combustão humana espontânea” do PARCEIRO de programa.

O MÚSICO que soprava uma gaita, como se querendo ausentar-se dos acontecimentos, sentou-se ao lado da LOURA e comenta com ela, ignorando que a mesma não pode ouvi-lo:

O cara está a olhar o amontoado de cinzas sobre a poltrona, fingindo-se sob controle. Parece ter tomado uma overdose. Ele fala em direção a alguém do lado:

— “Essa pílula que ingeri é de urânio, mano. Tô vendo coisa que não pode está acontecendo”.

A LOURA enfia o dedo indicador no fundo da garganta, como se tentando provocar rapidamente o vômito, e diz: — CARA, eu também tomei uma (olhando temerosa para as vestes intactas da vítima de CHE) pensando que era “exctasy”.


61) INT./EXT. CARROS. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
O EXECUTIVO olha para fora da limusine, pisca-pisca os olhos. Depois os esfrega de modo veemente. Torna a olhar como quem custa a acreditar no que está vendo:

Um MOTOQUEIRO alçado por uma força estranha arremessa-se para frente e para cima, juntamente com sua moto, elevando-se e rodopiando no ar, cai em cima de uma banca de revistas. A moto projeta-se para dentro de uma janela no 2° pavimento de um prédio de escritórios.

Apressadamente o EXECUTIVO ordena ao motorista, via interfone, que erga novamente o vidro.

TERCEIRA MULHER (dirigindo-se ao EXECUTIVO com voz trêmula). — "O que foi, você parece que viu um fantasma. Ou muitos".

EXECUTIVO (apontando o dedo indicador para o vidro): “Lá fora o bicho está pegando”.

MOTORISTA (olhando para trás após baixar o vidro interno que o separa
do outro compartimento) — "O bicho está pegando não é só la fora não".

TERCEIRA MULHER (pegando a garrafa de champanha de um dos três recipientes porta-gelo. As mãos trêmulas denunciam certo descontrole): — Fica calmo, a fuselagem das portas desse “avião” e os vidros são a prova de bala. Até de bala de fuzil. Acho que essa coca está misturada com pólvora.


62) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Apesar da incomum e extraordinária batalha PSI acontecendo em derredor, o cantor e apresentador JOHN GROW, ao lado de LILIAN CORNIUS embarcam apressados na Van de uma emissora de TV.

Enquanto técnicos carregando equipamentos de câmara e som, se instalam nos assentos. O motorista, apressado, dá a partida no carro.

JOHN GROW (olhando para o rosto infantil e contido do MOTORISTA, cabelos louros e grandes, que lembra a cantora mencionada, apesar da penugem da barba). Calma “LADY GAGA”, calma, essa coisa não vai durar um século. Apesar de estar acontecendo de ponta a ponta da Paulista.


63) INT./EXT. CARRO. AVENIDA PAULISTA — NOITE.
Enquanto GROW senta-se pesadamente e sorri inquieto, LILIAN olha para os lados como quem delira (centenas de imagens diversas passam na tela de sua mente consciente). Ela murmura de si para consigo, como se aprendendo a falar, palavras que aos poucos vão se transformando em zumbidos.

Cada PESSOA dentro da Van da reportagem de TV está excessivamente atenta a seus próprios afazeres. Ninguém presta atenção no que está acontecendo com a repórter LILIAN.

JOHN GROW olha para o lado de fora da Van, apontando a pressa das PESSOAS que passam pelas calçadas, como se fugindo de alguma coisa. Ele mantém uma atitude debochada com relação a elas. Ele nem nota que LILIAN está tentando dizer-lhe alguma coisa:

— GROW......Qeumshaaaadayh. Estar.....yhnnnewwwaaaahhhhhhhaly...

— Fala, porra! Tu tá só zumbindo. Responde ele.


64) INT./EXT. AVENIDA PAULISTA (BRASIL). AV. CHAMPS-ÉLYSÉES (PARIS), FIFTY AVENUE (NEW YORK), AV. CHANG YAN (CHINA), AV. OMOTESANDO-DORI (TOKYO) — NOITE.
Capôs de carros içados por força não identificada, porta-malas puxados para o alto desprendem-se de uns e outros carros. Os vidros de um ônibus estilhaçam-se em direção a viaturas da PM paradas na esquina da Alameda Campinas.

Na Av. Champs-Élysées, Paris, PASSAGEIROS do metrô, nas proximidades das estações Concorde e Charles de Gaulle, surpreendem-se com a paisagem urbana da cidade, como se estivessem próximos às estações Trianon-Masp e Consolação. Na Avenida Paulista em São Paulo.

PASSAGEIROS de táxi que circulavam na Fifty Avenue, próximos ao Central Park, em New York City, onde eventos semelhantes aos verificados na Avenida Paulista, nos Champs-Élysées, e em outras capitais globalizadas do planeta, sentiram-se, por momentos, segundo depoimentos nos principais jornais noturnos TVvisivos de seus países, como se estivessem em Outro lugar. Em Outro país.

JAPONESES E CHINESES que circulavam de carros e ficaram parados no trânsito em decorrência dos estranhos eventos verificados nas Avenidas Chang Yan e Omotesando-Dori, disseram ter tido a nítida impressão de terem sido teletransportados para lugares onde haviam estado quando fizeram turismo naqueles países.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 23/12/2012
Alterado em 21/03/2013


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