Eu ouço essa rádio
E vejo essa programa
Ação da TV e leio esse
Comentário desse ah
Anônimo covarde que
Nunca se identifica.

Quem canta as músicas
As melodias que digam
Da carência de justiça?

Aonde estão as letras
E os versos, as rimas
Que versejam por
Decência? Os poetas
Dos ventos alísios
Que banda toca a
Guitarra e o baixo
Das turbulências e
Carências da cidade?

Tropical, a juventude
Esqueceu as letras do
Imaginário e cala as
Vozes das vítimas
Somente há motivação
Para o canto da ah
Liberdade selvagem.

Como se vivessem na
Paisagem do limbo e
A memória fosse só
A do esquecimento.

Fazemos parte das
Notas da escala
Musical da Família
Faz de Conta que
Ainda é cedo para
Fazer valer a voz
Do coração.

Os canibais pelusos
Regem as cortes
Marciais da impunidade
Com discursos contra a
Lei em favor do arcano
Criminoso das cidades.

Eu ouço esse tempo sem
Presente e sem suporte
Nos cantos radiofônicos
Das bandas ditas jovens.

Que significa esse pacto
Calado e esse rebanho
Imenso de coelhos tão
Excessivamente safos
Mas que realmente só
Cantam canções em
Louvor a Salém como
Se estivesse tudo bem!

E a Fernanda Lages? A
Fernanda Lages Veras
Com sua juventude
Jogada na arena das
Feras? Sua camiseta
De Maria Madalena
Seu corpo devastado
Pelos senhores dos
Horrores do asfalto.

Não são apenas os olhos
Dessa cidade que finge
Que não vê essa justiça
Se esconder atrás do pó
Das portas da política a
Comandar os laudos
Periciais das polícias.

E mais outra vez estão
Empenhados os peritos
Em fazer os que têm sede
De justiça passar sede
Na alcova do judiciário ágil
Em adiar a vigência das
Leis e do Direito e fazer
Valer as uvas sempre
Verdes da justiça nessa
Cidade excessivamente
Sodomizada pela mais
Descarada vigência da
Impunidade.

Gabi, Gabi, Gabriela
Abre as portas e as
Janelas para fazer
Entrar na sala sofá
Na noite do domingo
O sorriso teu e os
Últimos vestígios da
Alegria devastada
Que um dia também
Sorriu nos lábios dela.