Leituras De Aprendiz: A Criação De Seu Texto (III)
2ª FASE — 1ª SESSÃO
“MEMÓRIA EMOCIONAL”
Exercício 1 (120 min)
Desenvolva alguns parágrafos dizendo de suas impressões sobre o filme, ou o romance, ou a novela de tv ou o poema que mais chamou sua atenção. Você tinha que idade? Indicou a obra para mais alguém? Quais as sensações que ela lhe provocou? O que a tornou especial para você? Ela influenciou você em que sentido? Você a compara com outras que viu ou leu posteriormente? Comente suas qualidades.
Agora, certo tempo depois de tê-la visto, ou lido, diga se ainda permanece igualmente entusiasmado(a), ou se o tempo passado, o amadurecimento intelectual, faz você vê-la mais criticamente hoje.
Este é um exercício para liberar a memória de sua inteligência emocional. Concentre-se nos menores detalhes dos sentimentos que foram mais importantes para você. Lembre das pessoas e situações envolvidas. Por que a emoção (ou emoções) que você sentiu, provocou, ou provocaram, a valorização do romance, da poesia, do filme ou da novela que você estava vendo ou lendo. Descreva as impressões física e psicológica de sua pessoa após a experiência de, por momentos, ter-se sentido surpreendentemente harmonioso e confortável.
Einstein dizia: “A coisa mais difícil para se compreender é por que podemos compreender seja lá o que for”. Esta é uma frase bastante boa, com motivação pertinente para as pessoas que desejam compreenderem-se melhor e às outras pessoas de seu convívio. Existem curiosos que almejam pesquisar e desvendar os meandros, até os mais sombrios de suas individualidades, o velho físico diz que isso é possível. Nada nos é dado de mão beijada. Todas as coisas têm um preço. Você está disposto a pagar o preço adequado para saber mais sobre você mesmo?
A inteligência emocional é comum também ao macaco-prego (Cebus apella, ordem primata), habitante natural das florestas tropicais. Ele trabalha em troca de salário, sabe investir nas amizades certas, e usa técnicas de adulação ao chefe do bando. É o primata mais habilidoso das Américas. O macaco-prego é um prodígio em inteligência emocional. Nenhum outro primata americano tem uma organização social tão complexa. O nome deriva do formato do pênis, a glande achatada, semelhante a cabeça de um prego. O tamanho do cérebro é maior que noutros micos, e o polegar opositor dá uma grande destreza ao animal.
O problema do macaco-prego é que ele não sabe ler. Neste pormenor assemelha-se a milhares de milhões de seres humanos que permanecem analfabetos a vida inteira, e não por lhes faltar educação formal. Comente a frase do poeta Mário Quintana: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler mas não lêem.”
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 2 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 2ª SESSÃO
“SOCIEDADE DOS ESCRITORES EM FORMAÇÃO”
Exercício 3 (120 min)
Escreva tudo que lhe vier à cabeça sobre seu melhor professor(a). Acreditas que ele(a) ensinou você a matéria, da qual é titular, de uma maneira especial, usando uma didática agradável, personalizada? Foi a personalidade dele(a) que agradou mais, ajudou seu aprendizado? Quais as qualidades pessoais que devem, segundo você, caracterizar a presença de um(a) professor(a) em sala de aula? Deve falar de coisas fora do currículo? Trazer para a classe itens de sua vida pessoal? Quais as qualidades que você mais distingue nele(a)?
Você respeitaria um professor que em sala de aula levasse a vida pessoal de pessoas de sua família e começasse a falar mal de irmãos e filhos, usando esse parentesco para se auto-afirmar, enquanto detrata de forma amoral e anti-ética aqueles de sua família a quem deveria respeitar e ajudar, se estivessem com problemas? Como você escreveria sobre uma pessoa que levasse para a sala de aula supostos defeitos de seus familiares e aproveitasse a oportunidade da ausência deles para covardemente injuriá-los?
O que você espera que seja o comportamento de um professor dentro da sala de aula? Você acreditar ser ético um professor aproveitar-se de sua condição de estar em frente a uma turma de alunos e querer impor, de forma autoritária e ditatorial, suas opiniões pessoais sobre o comportamento de parentes ou a opção religiosa da família de seus educandos?
Como você idealiza a figura, em classe, de um professor(a)? Fale deles(as) de modo geral, dos que mais contribuíram para sua formação escolar, ou ainda contribuem. Você viu o filme Sociedade dos Poetas Mortos? Se não, vá à locadora e alugue neste fim de semana. Depois escreva uma avaliação sobre ele e traga para leitura em classe.
Comente a frase de Jerônimo Teixeira, Mestre em Teoria da Literatura (PUC-RGS), escritor do livro As Horas Podres, sobre a Internet: “A Internet é a propagação indiscriminada da besteira. A pretensa teia do conhecimento é também um amontoado caótico de ignorância.”
Como você usa a Internet? Para quê? Quantas horas por semana? Ela mudou sua percepção da vida? De que forma? Ela melhorou sua maneira de pensar, de se comportar? Compare suas rotinas de antes e de após o advento desse meio de interação e pesquisa informacional e interpessoal.
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 4 (reescrevê-lo em casa)
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 3ª SESSÃO
O DIA SEGUINTE ÀS TORRES GÊMEAS
Exercício 5 (120 min)
Você deve estar lembrado(a) do ataque aéreo às torres gêmeas do World Trade Center. Desenvolva uma redação através da qual você exteriorize seus sentimentos a propósito daquela ocorrência cinematográfica. Que significou politicamente para você, observador, aqueles símbolos de poder terem virado pó? Você acha que a imprensa foi isenta ao noticiar o fato, ou que existia muita opinião pessoal dos repórteres ao passarem as notícias para o público?
O ex-Beatle Paul McCarteney compôs uma canção em homenagem às vítimas da tragédia. Nela ele fala de estar do lado da “liberdade”. Diz que deve ser feito algo contra os que invadiram aquele espaço de “liberdade”. Ele insinua que a retaliação seria a resposta certa. Compare as posições dele e a do poeta que escreveu esta poesia:
Ah a generosidade universal
De Lennon
Pudesse cantar a liberdade
Não da maneira aburguesada
Leviana, à McCartney
Tedioso, decadente, envilecido
Nem traços do ex-Beatle
A diferença entre o músico, apenas
E a arte de compor
O canto que se precisa ouvir
“Power to the People”, p. Ex?
Escreva suas impressões sobre o evento histórico e trágico da queda das Torres Gêmeas nos atentados de 11 de setembro de 2001. OS EUA reagiram aos ataques suicidas coordenados pela Al-Qaeda com o lançamento do programa Guerra ao Terror e o USA Patriot Act. Você está de acordo com as consequências políticas, a restrição aos direitos civis dentro dos EUA?
Leitura de reportagens das várias mídias que enfatizam as mais diversas visões daquela fatalidade.
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 6 (reescrevê-lo em casa)
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 4ª SESSÃO
Exercício 7 (120 min)
O TROVADORISMO PORTUGUÊS (I)
CANTIGA DE AMOR: O Trovadorismo português resultou da cultura provençal, da Provença, região do Sul da França. As “cantigas de amor” provençais tematizavam a confissão amorosa do homem em relação a uma mulher, lamentando seu sofrimento de amor (coita), diante da indiferença da mesma. Nelas manifestava-se o “eu-lírico” masculino. A mulher é “senhor” do homem (inexistia a palavra “senhora”). O “senhor” era a dona do destino amoroso do apaixonado. Os autores das “cantigas de amor” cuidavam para não melindrar ou ofender a mulher amada, seu “senhor”, por isso mesmo omitiam sempre o nome da amada.
Tais cantigas eram lamentos, expressavam sofrimento amoroso, sentimento esse denominado, repito, coita. A produção dessas cantigas foi culturalmente a mais importante dentre todas as outras. Maior parte de seus compositores eram nobres, garantindo boa expressão vocabular e técnica. Dirigiam-se a um público mais culto.
Na confissão do amor cortês, o trovador confessava seu sentimento de devoção, cantando-a como sendo superior a ele, afirmando que nada mais interessa, senão assumir de vez a dedicação amorosa por ela, lamentando que ela não esteja correspondendo a seus apelos, dele, que está morrendo de amor pela mulher, seu “senhor”.
Leia os versos da Cantiga de Amor de autoria de D. Dinis, e escreva suas impressões sobre os sentimentos amorosos que motivavam tal composição poética. Compare-a com outros tipos de composições que falam de amor, mais atuais. Use a imaginação (memória histórica):
Hun tal home sey eu, ay ben talhada (bonita)
que por vós tem a sa (sua) morte chegada;
vede quem é e seed’en nembrada (lembre-se);
eu, mha dona.
Hun tal home sey eu, que preto (perto) sente
de sy (sy) morte chegada certamente;
vede quem é e venha-vos en mente;
eu, mha dona
Hun tal home sey eu, aquest’ oíde (ouça isto),
que por vós morr’e (morre) e vo-lo en partide (deixa-o partir),
vede quem é e non xe vos abride (não se esqueça);
eu, mha dona.”
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 8 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 5ª SESSÃO
Exercício 9 (120 min)
O TROVADORISMO PORTUGUÊS (II)
CANTIGA DE AMIGO:
O emitente das Cantigas de Amigo é a mulher. O “eu-lírico” é feminino. Também nas cantigas de amigo o autor é um homem. Um homem que se faz passar por mulher pela qual mostra interesse. Em geral, a mulher pertence a camada social menos culta, mais popular. Nela, lamenta-se a presença do “amigo” que está ausente ou faltou a um encontro. A tonalidade é de confidência à mãe, ou às amigas ou a um ramo, uma flor, uma árvore, uma fonte, um lago.
Em muitas dessas cantigas as águas do mar, de uma fonte de jardim, representam, metaforicamente, relações eróticas que aconteceram ou deveriam estar acontecendo entre os enamorados. As canções de Amigo são de origem popular. As letras têm menores recursos de vocabulário, não são escritas por membros da nobreza, mas possuem grande valor documental por mencionarem situações como a alva (matutina), bailia (dança); romaria (fato religioso), marinha (menciona o mar); mal-maridada (fase conjugal difícil), pastorela (menções campestres); serena (noturnal), barcarola (paisagem marítma).
Leia os versos da canção de Chico Buarque, “Olhos nos Olhos”, e escreva uma redação buscando justificar se ela é ou não uma cantiga de amigo, ou de amor, modernizada. O “eu-lírico” é masculino ou feminino? Defina em qual das situações acima mencionadas (uma ou mais), ela se enquadra:
“Quando você me deixou, meu bem/me disse pra ser feliz e passar bem/quis morrer de ciúme, quase enlouqueci/mas depois, como era de costume, obedeci/Quando você me quiser rever/Já vai me encontra refeita, pode crer/olhos nos olhos, quero ver o que você faz/ao sentir que sem você eu passo bem demais/e que venho até remoçando/me pego cantando, sem mais nem porquê/e tantas águas rolaram/quantos homens me amaram/bem mais e melhor que você/quando talvez precisar de mim/cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim/olhos nos olhos, quero ver o que você diz/quero ver como suporta me ver tão feliz/quando você me deixou, meu bem...”
Escreva (15 linhas mínimas) sobre a influência do melodrama na vida das pessoas nos dias de hoje. A midia manipula as pessoas no sentido de nivelá-las com canções e propaganda? Quais as diferenças de interesse existentes entre manipuladores e manipulados pela trivialidade progressiva da subcultura hedonista da fofoca e da novela enquanto a “droga do Polvo?” O prazer de consumir realiza o objetivo de uma sociedade sem classes, com o único objetivo de ter, ter mais. E mais ainda? Você acredita que vivemos sob a ditadura político-econômica do consumismo? Quais as consequências a longo prazo de uma sociedade dedicada fanaticamente aos interesses do senhor Mercado?
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 10 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 6ª SESSÃO
Exercício 11 (120 min)
SURGIMENTO DO HUMANISMO PORTUGUÊS (I)
No final do século XV, a invenção da bússola, a expansão marítima, o desenvolvimento do comércio ultramarino, a substituição da economia de subsistência pela de mercado, o crescimento urbano das cidades portuárias, o florescimento de pequenas indústrias de artesanato, o surgimento da burguesia e do Mercantilismo, essas mudanças provocaram o surgimento da produção histórica e literária no final da Idade Média e início da Moderna.
Humanismo é o nome da produção cultural erudita historiográfica (Fernão Lopes), da poética dos nobres (Poesia Palaciana) e do teatro de Gil Vicente, entre 1434 e 1527. Desse caldo cultural surgiu a sopa humanista, temperada pelos estudiosos da cultura clássica antiga. A arte e os historiadores contavam com a proteção da Igreja e/ou dos mecenas (nobres e burgueses).
A afirmação da burguesia, classe social oposta aos interesses da nobreza, intensifica as atividades comerciais e industriais. A Revolução de Avis (1383-1385), a conquista de Ceuta ——(1415), inicia um século de expansionismo lusitano. São características desse período: A rápida defasagem cultural, a dinamização dos hábitos, o surgimento da produção literária diversa do lirismo trovadoresco agonizante, a ascensão da crônica e da prosa histórica. A afirmação da imprensa democratizou o acesso aos livros. O homem passa a se interessar pelo conhecimento divulgado pela cultura escrita. Ressurge a cultura grego-latina.
Afirma-se o antropocentrismo em detrimento da superestimação da determinação teocêntrica. Valoriza-se o raciocínio, a criação de idéias a partir da experiência pessoal. O Humanismo provoca a transição entre os elementos históricos marcados pela autoridade dos deuses e de Deus (exercida por seus representantes na Terra), para os elementos humanistas que posicionam o homem enquanto centro e medida do Universo, criador dos valores de sua própria cultura.
Fernão Lopes é considerado o melhor prosador português medieval. A qualidade de seus escritos literários e históricos, justifica a denominação. Enquanto historiador exerceu uma atitude científica. Isento na análise dos fatos históricos, escreve a partir da investigação das fontes. Pesquisou padres e autoridades religiosas em mosteiros, paços e igrejas, o suas bibliotecas. Conclui que as forças que movimentam a História são produzidas pela ação popular, não apenas por atos da elite.
Componha um texto através do qual você mostre por que foi importante a nomeação, em 1418, de Fernão Lopes, guarda-mor das escrituras oficiais, que em 1434 seria nomeado cronista-mor da Torre do Tombo. Justifique o porquê destas datas serem consideradas determinantes do início do Humanismo.
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 12 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 7ª SESSÃO
Exercício 13 (120 min)
SURGIMENTO DO HUMANISMO PORTUGUÊS (II)
O teatro humanista de Gil Vicente (1465-1540) começa com o Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502). Considerado o criador do teatro em Portugal, sua obra completa soma 44 peças, das quais, 17 escritas em português, 11 em castelhano e 16 bilíngues. Sua última criação é Floresta de Enganos (1536).
Influenciado por Juan del Encina, precursor do teatro espanhol, tal influência fica evidente nas peças de ambientação pastoril. O teatro vicentino é original porque intimamente dependente do momento histórico português. Ele registra as contradições vivenciadas pelas classes populares. Elas conduziam, além fronteiras, via expansão marítima, as idéias cristãs, enquanto, ao mesmo tempo, perdia-se no desamparo moral e no esfacelamento familiar. Fora, “heroísmo”. Dentro, indolência e desleixo.
A transição entre a Idade Média, teocêntrica, e a Idade Moderna, renascentista e antropocêntrica, está presente no teatro de Gil Vicente. Suas personagens teatrais convivem em meio ao conflituoso embate entre a salvação da alma e as necessidades cotidianas. A tensão, a instabilidade, o imobilismo e a decadência dos valores feudais, convivem na efervescência do surgimento e do reforço cotidiano dos valores modernos, antropocêntricos. Esse mesmo tipo de conflito seria descrito por Camões (Classicismo) em Os Lusíadas, no episódio do Velho do Restelo. Mais tarde vivenciado no Seiscentismo (séc. XVII), pelos autores barrocos. Ainda mais tarde, no período de vigência do Modernismo, Fernando Pessoa o menciona no poema:
“Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal/Por te cruzarmos, quantas mães choraram/Quantos filhos em vão rezaram/Quantas noivas ficaram sem casar/Para que fosses nosso, ó mar/Valeu a pena? Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena/Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor/Deus deu ao mar o perigo e o abismo deu/Mas nele é que espelhou o céu.”
Relacione os sentidos e o propósito deliberado dos autores mencionados. Justifique as correspondências entre razões e sensações comuns no teatro de Gil Vicente, ao episódio camoniano do Velho do Restelo. Ele, Velho de Restelo, simboliza apenas o pessimismo conservador e reacionário dos que não acreditavam no sucesso da epopéia dos descobrimentos portugueses? Que mais simboliza ele? Que significa para você os versos: “Chamam-te Fama e Glória soberana/Nomes com quem o povo néscio engana.”
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 14 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 8ª SESSÃO
Exercício 15 (120 min)
O CLASSICISMO
As inovações científicas privilegiam o antropocentrismo. A cultura racionalista do Renascimento, surge na Itália no século XV, irradia-se por toda a Europa, via imprensa. Os textos clássicos antigos, traduzidos e divulgados pelos humanistas, contribuem para a gradativa substituição do ensino religioso pelo laico (o secular em oposição ao eclesiástico). O homem concentra-se na realidade diária. Fixa-se menos no medo da morte e na salvação da alma. O homem torna-se, para ele mesmo, “a medida de todas as coisas humanas”.
Surge em Portugal o Quinhentismo (Classicismo), em 1527, quando da chegada do poeta Sá de Miranda da Itália, onde complementara seus estudos. Começa a divulgação do “dolce stil nuovo”: o decassílabo (medida nova), substitui a redondilha medieval, os versos de cinco ou sete sílabas (medida velha). Novas formas de poesia são estabelecidas: o soneto (2 quartetos seguidos de 2 tercetos), a ode (poesia de exaltação), a écloga (motivação: o amor pastoril), a elegia (declara os sentimentos de tristeza), a epístola (carta em versos).
A cultura grego-latina volta a afirma-se. A atitude racionalista encontra no modelo grego-latino a inspiração para a busca de equilíbrio, harmonia e clareza nas obras literárias. O culto à natureza trouxe de volta a adoção da lógica formal e da ética aristotélica. O antropocentrismo reafirma-se nos ensaios científicos de Copérnico, Kepler, Giordano Bruno, nas obras de arte de Da Vince, entre outros. Surge seu mais célebre representante nas Letras: Camões, Os Lusíadas.
Escreva suas impressões a propósito dessas mudanças culturais: a influência dos textos clássicos, nas novas técnicas de escrever. A influência do modelo grego-latino. A mentalidade científica a refletir sobre a atitude do homem no mundo. A busca do equilíbrio racional na criação da obra de arte. A substituição do antropocentrismo pelo teocentrismo, as influências da cultura grego-latina neste período: a influência de Da Vince, Copérnico, Képler, Giordano Bruno, a linguagem simples, a explicação lógica, os sentimentos sem os arroubos místicos medievais.
Escrever, você já sabe, não é nenhum bicho de sete cabeças. Se você sabe o que dizer a partir do que você leu, pesquisou ou viveu, então, é só digitar no monitor do micro suas impressões e ideias: ir em frente. Você conhece o alfabeto, as palavras, como idealizar e produzir a escrita de frases e orações. Você sabe redigir parágrafos. Que está esperando? A inspiração vem do ato de escrever. De provocá-la. De acreditar na utilidade básica de sua percepção do mundo. E da maneira literária de melhor realizá-la.
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 16 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 9ª SESSÃO
Exercício 17 (120 min)
COMO SURGIU O CLASSICISMO ÉPICO DE CAMÕES
A vida de Camões está unida a todos os acidentes históricos importantes da vida portuguesa. Nasceu ao morrer Vasco da Gama, em 1524, penúltimo ano do primeiro quartel do século XVI, na inventiva época da Renascença. Parte da educação feita em Coimbra no mosteiro de Santa Cruz, aonde eram educados os filhos da aristocracia de Portugal, e na Universidade de Coimbra, depois da reforma de 1537. 1542 é a data da formatura. Escapou, por pouco, à ação deletéria dos jesuítas, que em 1555 se apoderaram do ensino público, combateram o sentimento nacional, preparando Portugal para a invasão de Philippe II e o domínio espanhol (1580-1640).
1542 foi também a data na qual os beateiros conseguiram extinguir o esplendor dos serões do paço, na corte de D. João III freqüentada por Camões. O tititi das intrigas contra ele, o ódio dos poetas “áulicos” pelo talento lírico dele, capitaneado por Caminha, as intrigas das beatas que cercavam a Infanta D. Maria, provocaram o desterro de Camões rumo a África, onde combateu nas guarnições de Ceuta em 1547. Numa emboscada árabe perdeu o olho direito.
Em África evidenciava-se a decadência do domínio português. Camões sentiu a necessidade de celebrizar a glória marítima de Portugal, antes que ela se extinguisse. Em 1552, de volta a Lisboa, numa contenda feriu o moço de arreios de D. João III, Gonçalo Borges, e ficou prisioneiro até 7 de março de 1553, data na qual embarcou na nau São Bento em direção a Goa como “homem de guerra”. De toda a armada, chegou a Goa apenas o navio em que viajava. Os outros naufragaram no violento mar tempestuoso no caminho marítimo para a Índia.
Do trabalho ativo dos muitos ir, voltar e regressar, nas viagens constantes de uma vida aventureira, nasceu e cresceu a idéia épica de Os Lusíadas. Nomeado provedor-mor da província de Macau, em 1556 voltou prisioneiro à pátria portuguesa, trazendo consigo os seis primeiros cantos que salvou de um naufrágio na costa do Camboja. De 1564 a 1567 viaja ao oriente, às ilhas Molucas. Os Lusíadas está finalmente pronto. Volta a caminhar no solo de Lisboa em 7 de abril de 1570. A cidade havia sido devastada pela "“grande peste"” de 1569. Em 1571 obtém autorização para publicar a 1ª Edição de Os Lusíadas.
Escreva suas impressões a propósito da vida e dos motivos que levaram Camões a produzir o poema épico mais famoso do Classicismo. O sentimento de injustiçado, invejado, perseguido na Corte, sua condição de membro da nobreza empobrecida, influenciaram na produção do poema? De que maneira? Qual o papel da influência de sua vida aventureira na criação do mesmo? Que pesou mais, ela, a vida incerta, difícil, ou o sentimento patriótico?
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 18 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
("PLIM-PLIM")
2ª FASE — 10ª SESSÃO
Exercício 19 (120 min)
O QUINHENTISMO BRASILEIRO: “A COLONIZAÇÃO EM CURSO”
Entre 1500 e 1600 a Literatura de Informação e a Literatura dos Jesuítas foram as únicas duas tendências literárias do Quinhentismo. Comerciantes, nobres, religiosos, burgueses e militares vinham conhecer as novas terras e escreviam notícias sobre elas. Os textos eram ufanistas: influenciados pela beleza do país e pelas riquezas naturais. Todos queriam enriquecer. Os mais realistas mencionavam, em suas cartas, as dificuldades de locomoção, a precariedade dos deslocamentos entre locais distantes.
O primeiro desses textos, a Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel de Portugal, é informativo e narrativo: “E neste dia, a hora de véspera, houvemos vista de terra, isto é principalmente d’’um grande monte, mui alto e redondo, e d’outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal, a Terra de Vera Cruz.”
“A feição deles é serem pardos, maneira d’’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanto inocência, como têm em mostrar o rosto.”
A serviço da Contra-Reforma Católica, os jesuítas em terras brasileiras escreveram peças, na “medida velha”. Nelas, vendiam o peixe dos dogmas católicos aos silvícolas, as noções de pecado, de bem e mal, demônios e santos, inferno, purgatório e céu. A aculturação do indígena originou o teatro pedagógico dos jesuítas, produção literária estabelecida por poemas de vocabulário simples e ingênuo, a exemplo do discurso direto a seguir, enxerto da peça Auto de São Lourenço (São Lourenço fala a Guaixará):
SÃO LOURENÇO: —Quem és tu? GUAIXARÁ: —Sou Guaixará embriagado/sou boicininga, jaguar/antropófago agressor/andirá-guaçu alado/sou demônio matador. SÃO LOURENÇO: —E este aqui? AIMBIRÊ: —Sou jibóia, sou socó/o grande Aimbirê tamoio/Sucuri, gavião malhado/Sou tamanduá desgrenhado/Sou luminoso demônio. SÃO LOURENÇO: —Dizei-me o que quereis desta/minha terra em que nos vemos. GUAIXARÁ: —Amando os índios queremos/que obediência nos prestem/por tanto que lhes fazemos./Pois se as coisas são da gente/ama-se sinceramente. SÃO SEBASTIÃO: —Quem foi que insensatamente/um dia presentemente/os índios vos entregou? Se o próprio Deus, tão potente/deste povo em santo ofício/corpo e alma modelou.
Escreva suas impressões a respeito da literatura praticada no Quinhentismo. Escolha, por ponto de partida, o pequeno trecho da Carta de Caminha, ou o do diálogo entre os silvícolas e os santos católicos. “Dizei-me o que quereis desta/minha terra em que nos vemos”. A terra descoberta era, por direito, de quem? Do santo católico ou dos índios? Que queriam os jesuítas, com seu teatro? Sobre os primitivos habitantes do Brasil?
Leitura dos textos e comentários.
Exercício 20 (reescrevê-lo em casa).
Redação final: mínimo de 30 linhas.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 16/10/2010
Alterado em 11/02/2011