Veja e olhe. Olhe
Quantas evidências
Serão suficientes
Para o Presidente
Do Presidente
Sair do porre
De vodka com
Cachorro quente?

É estranho que o presidente Lula peça respeito pela biografia dos investigados nos escândalos do dia do Senado, quando ele mesmo demonstra não mais possuir um mínimo de respeito político pela história das antigas lutas éticas de seu partido. E a biografia do Presidente, atualmente, bate mãos com Renan, Collor, Barbalho, Sir Ney e semelhantes.

É hora de desintoxicar, Presidente, ou logo logo estarás na companhia pouco recomendável das excelências que nos anais do Senado serão de memória lamentável. O Presidente parece estar a repetir, considerando-se a performance política do momento: “Eu quero ser eles, amanhã”. Queira não.

Qual o recado do Presidente Lula para as pessoas que acreditam nele, vendo-o tão excessivamente à vontade fazendo a corte à figuras políticas que até ontem causavam a mais veemente repugnância?

Será que o recado cifrado do Presidente com esses contatos políticos tipo beija-mãos, está, talvez, querendo dizer que não há ninguém, em lugar algum que saiba o que fazer, e por isso mesmo ele mesmo está fazendo o que faz, em detrimento daqueles intelectuais, políticos, e eleitores de todos os estratos sociais que ainda o veem como representante da cidadania política deles?

Será mesmo que ele está querendo dizer que assaltos secretos ao erário público, assim como lidar com a administração burocrática do Senado como se essa fosse propriedade dele, José Romão Sarney, está justo? Está certo? O Presidente, talvez de porre, não sente que está se desqualificando diante da história pessoal e partidária? Ele ainda não se confunde com cuecões cheios de dólares. Mas, se continuar desse jeitinho brasileirinho, em breve estará adequadamente nivelado.

O Presidente não tem Assessoria? Ou a dita está em recesso? Por que todos esses descompassos? Esses tombos na Casa Grande gerida pelos marimbondos de fogo? Será que A Excelência titular do Executivo do Planalto está exagerando entre umas e outras, como fazia JQ? Naquele tempo da vassoura janista as pessoas não tinham acesso à velocidade noticiosa da Internet nos dias de agora. Ou ele já esqueceu completamente que um dia foi trabalhador e torneiro mecânico. Agora é o Lula das “elites”?

Será que que estamos presenciando um Presidente da República dizendo ao Conselho de Ética do Senado que esqueça a ética de lado quando for julgar os idílios secretos de seu presidente? Ele está sugerindo aos senadores que não precisam enxergar os absurdos administrativos que o país está estarrecido de presenciar?

Presidente, V. Exa. precisa sair urgente do porre etílico e voltar a pisar o chão de barro batido das estradas trilhadas ainda hoje pelos emigrantes de Garanhuns. Aqueles, aos quais um dia não muito passado, V. Exa. fez companhia quando recém-chegado a São Paulo. A grana e o poder mudaram seu Norte? Agora és do sul maravilha e não abres nem pru trem?

Quando V. Exa. outra vez pisar o chão que lhe originou a liderança sindical e social pela cidadania, por melhores empregos, salários, contra a “democracia” patronal, os abusos dos políticos que lhe fizeram encarar as passeatas e apanhar da polícia ditatorial. Quando V. Exa. voltar à memória para seus dias de trabalhador, vais ficar furioso consigo mesma, considerando sua história pessoal que no momento parece esquecida, por certo se perguntará: “Como, com todos os diabos, eu estou tão parecido com eles? Eu, que os achava, até outro dia, uma aberração política?"

Será uma boa pergunta. Exigirá uma resposta honesta. V. Exa. deveria estar, suponho, incentivando seus eleitores a protestar contra esse Estado degenerado de políticos que simplesmente se apropriaram indevidamente da estrutura administrativa do Senado, entre outras muitíssimas tretas, nomearam parentes próximos e asseclas à vontade. Aquele sindicalista dentro de V. Exa. Ainda existe? Tente falar com ele de vez em quando, para que não mergulhe tão desastradamente no ambiente burguês que aquele torneiro mecânico, presume-se, tanto detestava. Contra o qual discursava. Seus eleitores acreditavam em seus discursos. V. Exa. está copiando o Talibã Mulatinho de triste memória política nacional?

Em outras palavras, V. Exa. está dizendo para que seus eleitores esqueçam tudo que disse? Esqueçam todas as suas bandeiras de sindicalista, de militante pela Diretas Já? Pela moralidade institucional. Era tudo mentirinha de candidato? Tudo delírio de palanque? Uma vez no poder estás empenhado em mostrar que o poder corrompe completamente. E aquele emigrante de Garanhuns não existe mais. Nem em sua memória?

A Câmara Alta, V. Exa. acha certo que seja administrada como se fosse propriedade familiar da família José Romão Sarney, e de outras? V. Exa. está a sugerir que em lugar dele estaria a fazer a mesma coisa? Num discurso em que estavas certamente um pouco alto, chegou a dizer que emprestou vinte bilhões de dólares ao FMI. Foi o Presidente ou o Estado quem emprestou a dinheirama?

Estás também a confundir o público com o privado? Espelhando-se no ambiente mental degradado desses políticos famigerados que tem jogado no lixão social da história pessoal e coletiva do país, milhões e milhões de crianças, jovens, eleitores adultos sem educação a mais elementar, com uma saúde mental precária, ganhando, para toda a vida, salários de torneiro mecânico antes de sindicalizado?

Suponho que V. Exa. deveria estar estarrecido com o que está a acontecer no Senado. Talvez ainda não seja tarde para conclamar as brasileiras e os brasileiros para um voto coletivo de protesto, um panelaço inesquecível contra aqueles que tentaram e tentam transformar o Senado numa Casa de Irene. Numa reserva pessoal de sacanagens contra a cidadania dos eleitores brasileiras e brasileiros. O Senado não é, ou não deveria ser, uma xerox da Casa da Mãe Joana. É hora de sair do porre etílico e de poder político. V. Exa. foi eleito para mudar essa situação e não aprová-la no comportamento de outros políticos. Ou de um ex-político da Arena.

Acredito que não tenha um único eleitor em Garanhuns e em outros lugares do país, que o tenha eleito Presidente para se confraternizar e defender esses respeitáveis baderneiros do colarinho branco que V. Exa. Tão acertadamente nomeou “pizzaiolos”. Como pode estar a sair em defesa verbal do Presidente dos Pizzaiolos? As mídias divulgando tudo para as futuras campanhas políticas que certamente seus adversários vão explorar.