Textos

Dias Afinados
Quem são essas pessoas
Vestidas de plasma
Caminham pelas ruas
Como se fossem fantasmas

Trajam roupas sobre o ser coletivo
Os membros vestidos escondem
Um coração dégradé
Uma solidão de abismo

Aquela de nome Teresa
Não consegue se esconder
Detrás do sorriso farto
A dentição orgulhosa
À espera do enfarto

Aqueloutra dos beiços bojudos
Também possui talentos dentuços
E continua, nua, a caminhar briosa
Sobre os compassos e a prosa
Suspensa nos saltos altos

Em cada caso uma casa
Abriga uma solitude adversa
A senhora e o seu menino
Guardam-se de toda a conversa

A tv e seus personagens
Disseram tudo por elas
Qualquer palavra travessa
(atravessa)
é gota d´água na certa

Quem são essas pessoas calmas
sob esses tecidos problemas
os fios de luz apagaram
fantasias e dilemas

Elas tiveram filhos, família.
Plantaram árvores
Leram dois livros
Que mais lhes falta
Um seguro, um plano de vida
Ainda se sentem livres?

Por que essa certeza
O pavio curto à espera
A orgulhosa sabedoria
Ela sabe acender a vela

No dia de finados
Todos ao cemitério
Até a tiazinha com asma
Velar os restos do medo
Mortais conflitos passados
Orar fantasma a fantasma
Em segredo

Pousar no passado fácil
Refúgio da solidão
E degredo.

Eram todos fantasmas
Desde quando
A aurora do mundo
Horizontava-se?
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 25/04/2010


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