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A Paz Ficou Para Trás? Aonde A Sociedade A Perdeu? (II)
Que nome substituir pela palavra “burguês”? Ao invés de “burguês” os estudiosos de sociologia política devem usar o termo “incrível Hulk”? Que seja, o “incrível Hulk” está devastando as últimas reservas verdes do planeta na Amazônia. O “incrível Hulk” está promovendo o superaquecimento planetário e não está nem aí para o controle imediato das emissões de gás carbônico na atmosfera. O “incrível Hulk” (já que a palavra burguês é um anacronismo) possui um arsenal militar, atômico, suficiente para destruir o planeta duzentas vezes. Ou mais. Basta uma.

Mas o complexo industrial militar, braço armado direito da patologia demencial da espécie Homo sapiens/demens, investe mais e mais em armas de última geração, que acabam nas mãos de traficantes. Os que promovem as matanças diárias nas grandes cidades, quando não pelo conflito armado entre gangues visando delimitar seus territórios de atuação mercantil, pelo prazer de matar  divulgado  pelas mídias de óbitos devido a “balas perdidas”. Soa romântico esse eufemismo.

A sede de sangue dos burgueses, quero dizer, dos “incríveis Hulks” não tem limite. A dinheirama incrível canalizada para promover o genocídio globalizado pelo tráfico armado, assim como a dinheirama estratosférica canalizada para armar as instituições militares ditas de “segurança”, poderia estar sendo investida em educação, saúde, habitação, geração de emprego, transportes.

Empregos, que não os das indústrias governamentais de armamentos, A Paz não é primazia dos planejamentos “burgueses” (a rápido, curto, médio e a longo prazos). Quero dizer: a Paz não faz parte dos discursos ou dos planejamentos oficiais nos governos dos “incríveis Hulks”. Como a humanidade poderá alcançar um dia a Paz mundial se não há interesse dos “incríveis Hulks” em promovê-la? A Paz não é promovida em nenhuma instância governamental do “incrível Hulk” atual presidente dos Estados Unidos. Diminuir o arsenal atômico é apenas uma atitude paliativa. Uma isca para entreter os peixes do aquário globalizado pela propaganda política via Tvvisão. E as mídias internéticas.

Como poderá haver Paz num planeta governado pela avidez do lucro a qualquer preço? Quando o representante dos interesses do “incrível Hulk” de maior poder bélico globalizado está a fazer discursos com o propósito de enganar a opinião pública mundial, subvertendo e submetendo os interesses da maioria dos cidadãos planetários às suas mentiras globalizadas enfaticamente pelas mídias (esse ensaio redigi em tempos do governo Bush).

A burguesia entrou numa de formar a opinião pública globalizada de acordo unicamente com o cinismo de promover as malas-artes da “Arte da Política”. Segundo a exclusividade de seus interesses de classe. Ora, se a burguesia é dona e mandona dos assalariados das mídias, então ela pode vender o peixe podre que quiser e todo mundo vai comprar. Basta estar plugado num canal de tv ou num site da Internet. Ou lendo um jornal, ou lendo uma revista semanal tipo Veja, Isto É, Época. E outras. Elas vendem tudo que aparece em suas páginas como parte do entretenimento globalizado.

Os “incríveis Hulks” da burguesia são os donos da mídia. Quem vai contestá-los se seus interesses globalizados que fomentam as guerras, são disseminados em todos os meios de comunicação, informação e formação da opinião pública? De que vale haver pessoas que estão pensando alternativas para a continuidade da história do planeta fora dos esquemas datados do totalitarismo burguês à “incrível Hulk”?

A burguesia domina todas as instâncias institucionais da realidade globalizada. As academias de letras, e as outras instituições associadas aos interesses representativos dos “incríveis Hulks” fecham suas portas a qualquer autor que não esteja plugado na manutenção da farsa social burguesa de dominação da opinião pública segundo, exclusivamente, às determinações de seus interesses de classe. De dominação social.

Os editores são editores de livros daqueles autores que têm condições de pagar pela edição de seus livros. Os editores burgueses não possuem a percepção crítica aguçada da realidade  a ponto de identificarem que obras e que autores são necessários à criação de uma nova mundividência social, planetária, fora de seus esquemas de apenas ganhar mais e mais dinheiro.

Autores de livros que não trabalham para as idéias e a manutenção do “status quo” discursivo da burguesia, são simplesmente alijados da possibilidade editorial de seus livros. Há editores que simplesmente dizem: “Livro bom é livro que vende”. Pergunto a esses “incríveis Hulks” editoriais: “Como pode um livro vender se não for editado?” Se não estiver, de alguma forma, divulgado pelas mídias?

Como pode haver Paz intelectual e possibilidades de se criar uma renovação emocional do pensamento de uma geração ou de um país, se seus autores, com novas mundividências literárias não podem editar seus livros?

Onde estão os romances que contam a história de pessoas das novas gerações que buscam um primeiro emprego, e para consegui-lo são exploradas sexualmente por seus patrões empresários e empregadores. E quando não se submetem às suas taras, ao seu poder de assinar uma carteira de trabalho, são simplesmente jogadas de volta à multidão de mutilados moralmente pelos interesses emocionais dos “incríveis Hulks” da burguesia.

Tudo em nome da escravização fundamentalista dos corações e das mentes que precisam sobreviver no mercado de trabalho no qual manda e desmanda os empresários do senhor Mercado. Está em curso a escravização emocional fundamentalista do mercado de trabalho. Quem tem capital submete as pessoas que querem trabalho aos mais degenerados vexames para conseguir um emprego. Vexames de ordem libidinal, carnal, sexual.

A ditadura do proletariado emocional se realiza através da necessidade burguesa dos “incríveis Hulks” que possuem capital, montados literalmente no corpo frágil daquelas pessoas que necessitam de um emprego para não caírem de vez no outro submundo, o do narcotráfico, da prostituição com carteira assinada, nos prostíbulos tipo os divulgados pela subliteratura de Paulo Coelho, a exemplo de “11 Minutos”. Ou serão doze? Subliteratura globalizada com um entusiasmo fulgurante pelas academias de letras européias e outras mundo globalizado adentro. Mundo globalizado afora.

Como poderá haver Paz mental, espiritual, emocional, entre as pessoas desprotegidas que saem das faculdades em busca do pão que o diabo amassou e encontram-se a mercê da libido degenerada dos “incríveis Hulks” patrocinados pelo “Reich dos Mil Banqueiros”? Como poderá haver Paz em cada pessoa se não há amor-próprio e auto-estima a preservar? Se cada pessoa para obter um emprego deve se submeter aos vexames libidinais dos empresários do “Reich dos Mil Banqueiros”, de seus chefes de seção, de seus gerentes de lojas. Equivalentes no empreguismo público das pessoas ávidas e capazes de tudo em troca da mordomia salarial de um DAI. De um DAS!

Coletivamente essas pessoas não poderão defender a auto-estima e o amor-próprio de suas famílias, e seus filhos estarão à mercê dos mesmos interesses de degradação libidinal impostos a elas pela necessidade de corrupção social daquela classe de “incríveis Hulks” que precisam, a qualquer custo, manter funcionando a máquina do mundo político de fazer as pessoas se submeterem aos esquemas burgueses de prostituição como forma de sobrevivência precária, como forma de obterem salários em suas carteiras profissionais registradas.

O atraso atávico das mentalidades reforçado pela “educação” burguesa dos “incríveis Hulks”, criam uma sociedade destinada a autodestruição. Se não há moral nem valores, nem princípios éticos a preservar, então, que há a preservar? O interesse burguês pelo papel moeda? Unicamente? Sim porque a todo momento alguém está a dizer (diretores de colégios ditos “educadores”, professores, políticos, empresários, profissionais liberais, o escambau) que o que interessa é ganhar dinheiro. É ter dinheiro para o leite das crianças, mesmo que os pais estejam a se prostituir. Literalmente. Este, dinheiro, é o único “valor” burguês. E um valor entre aspas não possui nenhum significado moral ou ético, mas apenas poder de compra. Aquisitivo.

O ambiente psicológico coletivo na família atomizada nas escolas sucateadas, sem saber, nas instituições políticas e financeiro-econômicas que sustentam as rotinas dos empregos, dentro e fora dos circuitos empregatícios dos governos, é degradante. Como a Paz pode ser aliada da degradação dos sentidos? E os espaços virtuais, últimas instâncias da opinião livre, eles também estão sempre cheios de regras impositivas e limitações intransponíveis.

As pessoas são mantidas distantes dos esquemas de deliberações governamentais. Seus representantes parlamentares representam apenas seus interesses políticos regionais localizados. Se houver um escritor entre os eleitores desses quadrilheiros, que queira participar de um concurso literário, por exemplo, ele, escritor, terá de lidar com uma série de regras e itens de regulamentos pré-redigidos com o objetivo de precípuo de filtrar todos os demais concorrentes em detrimento do talento, da criatividade, do alcance social e filosófico do texto (artigo, crônica, ensaio, conto, poesia, romance) para que seja premiado o escolhido do político fulano de tal, primo ou sobrinho do governador, ou desse e daquele secretário ou ministro de estado.

As restições são redigidas das mais diversas formas, como se a afirmar um simulacro de regras, artigos e itens tais como, na participação de um internauta num site de opinião: “Tamanho máximo do texto, 500 caracteres, ou mil caracteres, ou tantos outros caracteres. Isso, quando o escritor ou o internauta for facultado o direito de participação dos blogs de debates e escrever timidamente uma reduzida opinião. A camisa de força do espaço disponível nas mídias cibernéticas deve ser ampliado o quanto antes. Considerando-se que o cyberespaço é praticamente infinito.

Porque a maioria dos sites informativos e opinativos dos jornais proíbem o acesso a opiniões de pessoas que não são assinantes ou não têm vínculo empregatício com os mesmos? Se a pessoa não possui um código de acesso fornecido, por vezes, apenas aos assinantes, não opina. Pano de boca nele, leitor de jornais virtuais. Outras vezes, se o jornalista político responsável pelo blog não simpatiza com a opinião do leitor, simplesmente não a publica, ou a exclui das demais opiniões que não são de seu pessoal agrado.

A burguesia não quer Paz porque a desconhece ao longo de sua história de conflitos por posse de terras. Como diz a escritora e advogada Renata Paccola: “Conquistar novos mercados, eis a semente da guerra. Quantas vidas em pedaço por um pedaço de terra”. A burguesia não investe na Paz porque sua maior fonte de lucros é a guerra. O complexo industrial militar que fomenta as guerras internas entre quadrilheiros do narcotráfico. O complexo industrial militar que corrompe as instituições militares pela facilidade com que seus membros querem ganhar mais dinheiro.

Os membros fardados das hierarquias das instituições ditas de segurança da sociedade (Pms, PC, PF, PJ, e outras) são facilmente cooptados pela dinheirama do crime organizado. Vide “Tropa de Elite”. Ou leia “Elite da Tropa”. Os oficiais da PM de uma determinada jurisdição militar haviam incorporado a seus salários as verbas liberadas pelos cardeais do crime organizado. Como poderá haver Paz social se os responsáveis pela segurança da sociedade estão jogando dos dois lados, ganhando mais dinheiro para o leite das crianças, não importando o malefício social acrescentado ao fundo de reserva de seus recursos mensais?

A Revolução Francesa serviu para divulgar os ideais utópicos de Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Ideais e utópicos porque jamais poderão ser conseguidos numa sociedade estruturada pelas instituições associadas à corrupção. O capitalismo vencedor da “Guerra-Fria” é socialmente insidioso tanto quanto seu adversário ideológico era. Tanto quanto no stalinismo, o capitalismo segrega e exclui das benesses sociais milhões e milhões de pessoas em seus gulags periféricos.

Nas universidades capitalistas se ensina o sexo dos anjos e a filosofia das marias vai com as outras. Não há a mínima noção teórica, crítica, de uma sociedade que precisa urgentemente criar os instrumentos para assimilar o tsunami de informações que chegam via mídias às mentalidades sem nenhum preparo literário pertinente, sem a mínima noção do que seja um repertório cultural com formato e objetivo definidos. O repertório cultural da grande maioria dos universitários é o incentivo burguês ao consumo da marca de cerveja da modelo mais oferecida nos bares da vida onde se fomenta as criações “intelectuais e artísticas” das dançarinas de forró.

Não se ensina ética nas salas de aula das universidades porque não há o mínimo repertório ético em suas famílias, nas escolas do ensino médio e fundamental. Não há incentivo à leitura literária de livros porque os professores não são também leitores. Não são leitores porque estão, há muito, correndo atrás de suas aposentadorias em subempregos nos quais recebem salários equivalentes aos dos garis.

Como poderá haver Paz interior e externa, numa sociedade onde as pessoas estão totalmente dedicadas a correr atrás do mínimo para suas sobrevivências precárias? Como pode haver Paz numa sociedade cujo repertório cultural da juventude e de seus pais é a expectativa dos carnavais fora de época, e do resultado do último jogo do Milan ou do São Paulo?

Como pode haver Paz numa sociedade na qual seu principal entretenimento são os trios elétricos disseminados pelo país Bahia? Saravá Educação. Sem ela não haverá Paz. Quem está querendo afirmar ambas? Não os políticos. A serviço do “Reich Dos Mil Banqueiros”.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 23/04/2010


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