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Prosa Simbolista: Uma Poética (De Proust A “Bush De Blair")
Ela, a prosa simbolista, é uma linguagem, como toda linguagem, metafórica. Está “contaminada” pelo ideário do Romantismo, do Realismo e do Naturalismo. De tantos outros “ismos”. Pouca ou nenhuma diferença há entre ela e a intenção rítmica do verso.

A prosa simbolista é essencialmente uma atualização dos estilos de linguagens anteriores das escolas que precederam o Simbolismo. A PS está eivada do tédio infinito de tudo quanto existe. Veja-se a prosa romanceada de James Joyce, Marcel Proust. Este, o primeiro exímio romancista a aplicar à ficção os princípios do Simbolismo. Seu virtuosismo literário permitiu que se comparasse o romance "A la Recherche du Temps Perdu" a uma estrutura sinfônica.

As associações multinterativas entre lugares, emoções e padrões de comportamento obsessivos de algumas de suas personagens, sugerem a influência da música instrumental do compositor Wagner. Todas as personagens proustianas passam ao leitor alguma forma de insatisfação, de ansiedade, de perspectiva malograda. Todas parecem expiar algum ideal frustrado. A narração proustiana sugere a diluição atroz dos valores e costumes das personagens da hierarquia social que ele expõe na narrativa.

O crítico literário americano Edmund Wilson, em seu livro "O Castelo de Axel", afirma parecer estranho que muitos críticos tenham considerado o romance de Proust “amoral”. Ele, Proust, que tanto se interessava pela moralidade, e que, para ressaltar esse interesse, chegava, por vezes, a se valer da narrativa melodramática.

Stendhal, Flaubert e Anatole France, possuem muitos pontos em comum com a literatura proustiana. Divergem dele apenas quanto à visão soturna, melancólica e obscena da cultura que eles ostentam logo nas primeiras páginas de seus romances. Proust também sustenta essa visão, mas não tão facilmente. Ele chega até ela após muita resistência e lástima. Esse transe narrativo constitui uma das singularidades de seu livro. Suas personagens padecem de sucessivas mutações.

Gradativamente os seres humanos, as suas personagens, velam, aos poucos, a construção da própria malignidade: o egoísmo, a timidez, a impotência, a ambição, a vaidade, como se essas personagens, o psiquismo delas, fosse uma espécie de tapete sob o qual elas vão acumulando, aos poucos, uma enorme quantidade de sujeira.

“Em Busca do Tempo Perdido” representa a fusão tensa, em alta rotação, de uma sensibilidade lírica à flor da pele. Ele consegue transcender a significação literária da melhor construção em prosa daqueles escritores que o precederam nas escolas do Romantismo, do Realismo, do Naturalismo.

Os simbolistas cultivaram a prosa poética. Criaram a narratividade (a atividade da narração) em suas histórias, a partir de uma aura literária de complexo e paradoxal lirismo. Odette de Crécy na prosa de Anatole France, não se estenderia por meia página. Proust a “desconstrói” gradualmente, através do olhar de todos os homens que a cultuaram. Sua platitude, sua moral amoral, sem-vergonha, só se manifesta plenamente nas páginas do capítulo último do romance, quando Odette, afinal, expõe seu escarmento, pune-se ao lavar suas partes íntimas despudoradamente, exterioriza sua nudez, revela as aventuras mundanas com seus amantes.

Ela, uma representação de todo o bizantinismo afetado que desperta nos amantes a paixão. Eles ficam à mercê da instintividade que os degrada, e de uma humilhação que é familiar a todos, por isso mesmo atinge um alcance universal. Em Proust a apresentação das personagens é descontínua, suspensa, pendular, aos poucos elas se vão revelando. O quebra cabeça da subjetividade de cada uma se vai definindo gradativamente, em sucessivas ocasiões, em diferentes espaços, por diversos observadores, pela sagacidade militante de muitos analistas.

Até que o quadro completo (das personagens), a paisagem particular de cada uma se revela, afinal, em sua inteireza. À medida que a manifestação de testemunho revela-se e à personagem em sua completude. As descrições múltiplas vão se ajustando à ideação que dela faz, as outras personagens. Cada concepção se molda e ambienta à peça que estava faltando para compor a inteireza de sua particularidade. E a criação da mesma se manifesta inconfundível em sua singularidade.

A sociabilidade manifesta através do convívio com a vizinhança das outras personagens, compõe, aos poucos, e finalmente, o quadro desenhado de sua esdruxularia, da evidente excentricidade. O narrador apaixonado por Albertine que representa tudo que ele não é ou será: vivaz, sensual, provocante. Ao pensá-la infiel fica possesso pelo ciúme, e logo toda sua hipocondria aflora à pele. Ele prende Albertine com suas exigências. Ela, escancara com força as janelas do quarto sugerindo que o clima do lugar a está sufocando sobremaneira.

Ele é então possuído pela mesma agitação densa e íntima que conhecera na infância, ocasião em que a mãe não lhe dera o beijo “precioso e frágil” no momento em que ia dormir. O personagem ao memorizar a sensação da bicota, alega que “era-me necessário transportá-la da sala de jantar ao meu quarto, e guardá-lo todo o tempo em que me despia, sem que sua doçura se partisse, sem que sua virtude se espalhasse e evaporasse, volátil...”

Albertine abandona-o, após escrever-lhe uma carta, volta para a casa da tia no campo. Ele desespera-se para traze-la de volta, quando recebe a notícia de que ela morreu ao cair de um cavalo. Logo depois chega às mãos uma carta de Albertine dizendo desejar voltar para ele. Há um amontoado de imterpretações simbólicas nesse simples evento.

Ela, antes de morrer escreve para ele dizendo querer voltar. E morre. Morrer para ela foi sua maneira de voltar para um personagem morto-vivo? Sem vivacidade, carente de sensualidade e excitação provocante? Albertine insinua voltar em outra dimensão para o narrador sem sentir-se presa a seus ciúmes, à vida de motivações tão diversas da dela? Afirmei no início deste texto que o Simbolismo é uma linguagem, como toda linguagem, metafórica. Talvez seja mais alegórica que as outras. Mais alusiva que as demais.

Proust, Joyce, Gertrude Stein são exemplos nítidos de que a prosa simbolista difere de qualquer outra em intensidade. Em dinâmicas significações. Nenhuma outra ficção discorreu sobre o tema da morte e do esquecimento, como nas páginas em que o amante de Albertine desmemorizou-se dela. A realidade, a honestidade com que ouvidou-a.

Ele, o narrador, mostrou a si mesmo, a seus leitores, o malogro inútil e definitivo de encontrar a realização, a ventura, a segurança, o contentamento, o êxito em outrem. Albertine não poderia viver contente e sentir-se bem no mundo de seu amante. O que ele amava nela era criação de sua imaginação. Ele mesmo atribuía a ela os dotes que ele gostaria que ela tivesse. Não há romantismo na aceitação dessa verdade dolorosa. Ambos viveriam a se atormentare.

Desenvolveriam, se ficassem próximos, uma espécie mórbida de mútua rejeição, por terem suas esperanças cada vez mais frustradas no distanciamento do que idealizaram no outro. Proust, no incidente final, como escreveu Edmund Wilson no livro mencionado, revela toda a fútil comédia interpretada de forma inesperada:

“Charlus, que estava degenerando progressivamente, chega por fim a uma fase em que todos os seus impulsos mais humanos se corrompem, e ele se torna perverso por amor à perversidade: o próprio vício se converte em ideal”. A impossibilidade de conhecer as sugestões comportamentais do mundo íntimo e do mundo externo às personagens, infiltra-se em todo o "leitmotiv" do “Tempo Perdido” proustiano. A repetição das significações especiais tornadas triviais. As personagens mudam de feitio, aparência, aspecto, configuração, à proporção que muda o ponto de vista do observador.

Essa metafísica proustiana afirma-me nas experiências da Física quântica. Ela afirma o resultado de qualquer experiência no plano das micropartículas atômicas, como sendo, necessariamente, influenciado pela postura psi do observador. O mundo quadridimensional do Simbolismo do Tempo literário proustiano, confirma o mundo das experiências científicas mais avançadas da Física.

O troca-troca erudito da langue entre as personagens dos diferentes agrupamentos de pessoas, a, por vezes, indulgente parole entre eles, que se insultam e consolam ao mesmo tempo em meio à diversidade de metáforas divergentes, arbitrariamente abrangentes, em conexão com fenômenos de campos variegados da cultura biológica, zoológica, física, estética, social, política, financeira, econômica, antropológica. Aos leitores menos avisados podem parecer, talvez, tolices.

O próprio Proust afirmou que lhe interessava descobrir as profundas afinidades entre as coisas, os gestos, as relações de semelhança de atitudes que poderiam apenas supostamente parecer diversas em sentido. O despertar da vida psi do narrador, a magnificência de sua compreensão emergente, o despertar do sol da compreensão dos significados das relações sociais entre os vários níveis da psique das gentes, desperta nele não a cintilação da esperança e da fé na intenção das pessoas, mas a compreensão da corrupção e da perversidade atávica delas:

A crueldade humana fossilizada desde os seus mais avoengos ascendentes. A danação eterna de todas as personagens proustianas, como se elas merecessem um fim não diferente das cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra. A leitura atenta de Proust, faz emergir a compreensão simbólica da anarquia, da penúria, da escassez de dignidade, da falta quase que absoluta de uma ordenação ética das intenções pessoais e e coletivas das personagens em convívio e conluio social.

É como se as personagens trabalhassem o absurdo de suas atitudes, buscando nelas camuflar a parte podre de uma intencionalidade coletiva que não as conduz a outra parte, exceto ao extermínio da dignidade, ao abismo da frustração. Alguma dor, odor, sensação táctil, sabor, ruído ou sonoridade, trazem lembranças que se presentificam. Ao emergirem da profundidade da memória do narrador, saltam à consciência as peculiaridades simbólicas daquele mundo de máscaras, de aparências que parece uma configuração mórbida, uma representação patológica de uma realidade submersa em intenções inconfessáveis.

O “herói” proustiano escreveu um livro no qual suas personagens vivem uma comédia bufa de costumes como se vivessem o supra-sumo da representação requintada dos gestos de uma “elite”, do que há de mais representativo e sublime manifestação da fatuidade humana. Na realidade essas personagens vivem iludindo-se, opondo-se ao fluir do tempo, nadando contra a correnteza da sensibilidade, da honra, da distinção e da respeitabilidade.

Como Einstein, Proust estabelece uma estrutura absoluta para um mundo de aparências do faz-de-conta. O personagem literário central da simbologia proustiana é egoísta, não vive para os demais como o fizera sua avó. Havia naquelas personagens um lugar impenetrável onde os caminhos se bifurcavam borgeanamente. E em nenhum desses caminhos havia um único através dos quais pudessem vencer o egoísmo e a ambição ao simulacro de glória e honrarias de salão.

Como resgatar a derrota da energia física e moral de sua força de vontade? Como promover a mutação do triste passado que carregava consigo como uma pesada mala? Que faz o herói proustiano senão voltar-se para si mesmo, para os eventos que se sedimentaram na consciência, e tornaram essa consciência continuamente mutável, de modo a alterar o mundo inalterável, fazê-lo mover-se trazendo à memória um simulacro de contínua modificação do mundo?

Escrever o livro que resgatará aqueles símbolos de rendição moral, encontrar forças para vencer a corrente contrária, caminhar contra o vento, voltar à realidade ilusória que minava suas forças. Resistir ao fluir do tempo com seu livro, seu talento, seu desespero, sua obra de arte. A Literatura e a Arte são atividades criativas que habilitaram o personagem medular de "A la Recherche du Temps Perdu" a voltar no tempo e a reconstruir a realidade. Tornando-a moral e literariamente aceitável.

A submersão no lodo da melancolia, na representação da farsa humana nos salões da “elite”, na verdade uma escória emocional. A misantropia sorumbática das pessoas que não podem sair, de nenhum modo, da prisão angustiante construída pelos modos supostamente educados, de uma afetação de classe que lhes corrompe sadicamente a manifestação dos sentidos, a ponto de se entregarem deploravelmente à suas falas e gestos, como se fossem manifestações de cadáveres há muito afeiçoados à convivência no mausoléu das aparências sociais.

Como se fossem nada mais que seres tumulares aguardando o momento promissor, que afinal, os pudesse libertar dessa representação mórbida, de uma necrofilia festiva, de salão, e afinal, poder entrar em seus ataúdes e tumbas como uma forma de libertação dessa morbidez malsã, insuportável, indizível, exceto pelo simbolismo literário proustiano. Proust vai em busca desse tempo para redimir-se dos mortos, e deles ressuscitar. Nem que seja apenas, e suficientemente, por meio da literatura.

Proust precisa reconstruir a vida de sua personagem central, dele mesmo, para não sentir-se uma personagem moribunda, saída dos contos do primeiro de todos os simbolistas, Edgar Allan Poe. Na História do Movimento Simbolista a descoberta de Poe por Baudelaire foi vital. Em 1852, o poeta das "Flores do Mal" publicou as tradução do contos de Poe. Estes, mais os textos críticos, são considerados os primeiros textos do Movimento Simbolista.

Poe, Hawthorne, Melville, Whitman e Emerson eram escritores românticos americanos. A bússola do instinto literário desses escritores estava a encaminhá-los na direção do Simbolismo. As percepções dos diversos sentidos, a imprecisão entre fenômenos do mundo imaginário e do mundo dito real, contribuiu para que os objetivos estéticos do Simbolismo se afirmassem. Através deles. Da literatura produzida por cada um deles.

A intrepidez indiscreta da inteligência, a impetuosa e flagrante flama da audácia imaginativa de Poe originou também a literatura policial. É impressionante e ao mesmo tempo muito pertinente, a maneira com que Poe foi boicotado sistematicamente por sua família, especialmente por seu pai.

"Os Primeiros", como diria Rimbaud, "Os Primeiros", são sempre os que abrem os caminhos e estão sozinhos em suas percepções do futuro. Eles, "Os Primeiros" da ficção, da imaginação, "Os Primeiros", os que criam as personagens e as situações que nas Artes, e na Literatura permitiram que um novo ciclo de percepções começasse a se inscrever enquanto história da percepção renovada de Símbolos e de relações inusitadas entre esses.

A integridade de uma vontade que saiu à fórceps, do útero do tempo perdido. Em busca da ressurreição da criança que nasce para que não seja tragada, engolida, devorada pelos velhos símbolos caducos do mausoléu do museu perceptivo da antigüidade de seus ancestrais.

"Em Busca do Tempo Perdido" é, na verdade, "Em Busca do Tempo por ser Ganho", para que a personagem central do romance não seja mais um morto-vivo do museu arqueológico dos salões “chics” da “elite” parisiense dos “vencedores” vencidos. Poe, com suas personagens que haviam saído, literalmente, das tumbas do passado, trazia para a literatura a companhia dos mortos-vivos que estavam ao lado dos leitores, como se fossem representantes de uma verdade perene, de uma minoria rica, de cor branca, do olho azul, portadora de uma suposta “ética” protestante.

Aqueles personagens de Poe, que faziam a história de seus contos acontecer, não eram mais que corpos corrompidos moralmente, que se arrastavam através de uma realidade putrefata, almas penadas, decadentes, mas autodeterminadas a escravizar o mundo para seus interesses particulares. Essas almas penadas, esses seres desencarnados e horríveis, eram símbolos vivos da realidade literária e da realidade da vida dos burgueses. Da classe da burguesia que não quer outra coisa senão ficar rica. “A burguesia fede e quer ficar rica”.

Não há outra ética nas intenções da burguesia. E a literatura simbolista, desde Poe, busca mostrar isso, revelando que a classe dos fidalgos e da nobreza, que antecede a burguesia na gerência política da sociedade, eram personagens assombrosas, que passavam a seus descendentes, os burgueses, toda a patologia de que eram portadores. Proust promoveu o salto crítico, literário, qualitativo, dos salões da nobreza, da aristocracia fidalga, retratada nos enredos dos contos ditos de terror de Poe, onde as personagens tinham a aparência externa, literal, de zumbis.

O Simbolismo interior da fidalguia mostrando-se apodrecida e tumular em seus diálogos, em suas intenções subreptícias, em suas afirmações de suposta nobreza, de uma interioridade aparentemente inócua, mas de uma perversidade, pessoal e social, prodigiosa. Aproximadamente no meio da narrativa de "A la Recherche du Temps Perdu", há uma sucessão de cenas comoventes umas, constrangedoras outras, e patéticas, de grande excelência literária, talvez, permitindo-se exagerar, excessivamente cruéis, durante as quais a avó do narrador falece.

Daí para frente, a figura de Charlus ganha novas proporções, realça, surge a figura do homossexualismo. A homossexualidade em Proust não possui as mesma conotações aliciantes e conspícuas como na literatura de André Gide. O homossexualismo em Proust é mais repugnante do que trágico. Albertine, o herói proustiano, e ele próprio, eram demasiadamente sensíveis às mulheres. O homossexualismo no romance aparece na peripécia de Mlle. Vinteuil associada ao sadismo.

Proust fornece a chave ao comentar: “Não que ela sentisse prazer à idéia de fazer mal, ou que fazer mal lhe parecesse agradável. É que o prazer para ela era iníquo. Sempre que se lhe entregava a ele, se fazia acompanhar de pensamentos malignos, estranhos à sua virtuosa natureza. Ela terminou por encontrar no prazer algo de diabólico, e identificá-lo com o mal”.

Proust era por demais dependente da mãe. Talvez isso tenha gerado relações pouco permissíveis com as mulheres. Impulsos de juvenil perversidade: um caso para a psicanálise. Talvez a mãe tivesse cuidado dele com tanto desvelo, que ele não encontrou mulher que pudesse substitui-la. Mesmo sabendo que a sexualidade não estava incluída nas relações maternais. Quiçá não fosse possível substituir as demandas que ele se habituou a saciar-se em casa. Uma espécie de egocentrismo tolerante tornou difícil conexões duradouras e profundas com outros seres humanos, incluindo as mulheres.

Exilou-se da vida externa ao mundo do útero da casa materna. Compensou essa fragilidade comunicando-se através da literatura, com outras pessoas, seus leitores. Seu magnífico romance é produto de uma enfermidade, de um fardo, estético: “Aquela obra que eu levava dentro de mim”.

Proust afirmou numa de suas cartas, que suprimiu uma grande parte do "A la Recherche du Temps Perdu", na qual asseverava ser a consideração e o amor recíproco, não somente fortuito, raro, difícil, mas universalmente impossível. E diz-se céptico quanto a quem quer que se tenha saído melhor que ele.

A personalidade proustiana maldisposta a admitir elementos de interação emocional que não fossem compreensíveis dentro das limitações de seus amplo mundo peculiar e mórbido. Ele criou um romance adequado à compreensão, nas relações humanas, das leis da relatividade dos sentimentos, das emoções, dos dramas pessoais e coletivos.

Pela primeira vez a literatura simbolista, ou outra, afirmou seu equivalente das teorias da Física contemporânea. A decadência exposta em "A la Recherche du Temps Perdu" é a história da decrepitude e da degenerescência da sociedade, da nobreza, da burguesia jactanciosa, janota, obscura, supostamente gentil, nobre, elegante, refinada.

Na realidade seus médicos, seus artistas, suas modelos, seus embaixadores, seus políticos, seus advogados e policiais, seus delegados, seus atores, seus paradigmas, seus juizes e desembargadores, não passavam de criminosos disfarçados em parasitas de uma pirataria social em franco declínio moral da cultura e do modo de vida capitalista, numa sociedade na qual não há mais possibilidade de estruturar uma ética para a classe dominante.

Atualizando-se os salões para os dias de hoje, Veja-se a “respeitável” classe política representada pelo partido Republicano nos Estados Unidos da América: a propósito de combater o terrorismo, essa classe está subtraindo, de um modo insano, as conquistas dos direitos civis da população.

“Bush de Blair” está semeando nela o medo, ao justificar suas atitudes antidemocráticas, alegando que as ameaças do terrorismo internacional, cada dia mais próximas de qualquer cidadão, legitimam as restrições aos direitos individuais.

O que eles não dizem é que parte da “elite” americana, gerida pela marionete do complexo industrial-militar, o “Bush de Blair”, é sócia majoritária dos sauditas e de outros grupos árabes, direta ou indiretamente associados ao terrorismo.

Aonde está o Proust dos salões presidenciais da Casa Branca? Aquele que vai desconstruir a farsa fedorenta da burguesia à “black-tie”, vigente mundo afora, através da política globalizada de uma “elite” que se necessita lê escória.

A criminalidade globalizada a que eles denominam de “democracia”, é uma farsa proustiana. Uma miséria moral republicana que os Estados Unidos querem comercializar no mercado globalizado por suas intrigas, avidez, avareza, violência e mentiras.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 21/04/2010


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