O eleitor tem onde se refugiar?
Por mais que busque abrigo
Não vai fazer sentido tentar
Emergir das profundezas dessa
Lesão. Quero dizer: eleição.
Ouvir outra vez o discurso
Paleolítico, demagogia de salão
Fiquem atentos todos eleitores
Em outubro tem eleição. Cada
Político é mais o tal que seu
Adversário de quadrilha. Esse
Tem uma proposta mais melhor
Que aquele. Todos na contra-mão
Da história fazem da fala enredo
Uma honestidade de dá dó, esse
Demagogo da boca de limão azedo
Está muito à vontade nesse chão
A vomitar promessas como se
Fossem música de samba-canção.
Um quer mostrar melhor que o
Outro, a baba marota da boca
Que fala a esconder por baixo
Da língua solta, a insaciável
Fome lupina por verbas públicas
Insensível ao clamor popular vai
Entupir as esperanças do eleitor
Com séculos de entulho desse falar
De palanque. Apostam entre eles
Quem vai fazer no palco o melhor
Samba-canção. Pensam o eleitor
Insensível a cada nefasta intenção
O político só tem orgulho de suas
Bravatas, com uma mão promete
Tudo, com a outra rouba até o pão
Na mala da fala ordinária brilha
O olhar e a esperteza do tubarão
Tenta achar o argumento certo para
Lançar novas incertezas promete
Saúde, cidadania e educação. Os
Hospitais sucateados, nas escolas
Públicas os professores esmolam
Salários de contravenção. Enquanto
O político, do alto de sua anarquia
Continua inimigo do eleitor cidadão
Se eleito, no outro dia já esqueceu
As promessas de Prometeu. Resta
Ao barão da Assembléia juntar a
Alcatéia uma vez ganha a eleição.
Serão quatro anos de rapina
Cambalachos, maracutaias e coisa
E tal. Festejos, rodeios e quadrilhas
De São João. Nada mal. E se um dia
Aziago for pego safado com a boca na
Botija nem algemado poderá ser
Se flagrado pela Polícia Federal.
Se condenado for, ele, seus banqueiros
Estarão todos garantidos pelos recursos
Jurídicos no Supremo Tribunal.
De mal gosto mesmo é dizer que o
Poder emana desse asno coletivo
Da propaganda eleitoral cativo: o povo
Para que saúde, educação, cidadania ou
Outro valor? Se ele tem todo dia acesso
A tv e as canções caipiras de amor?
E nos sábados pode até mudar de vida
Se responder certo, o bobo, às perguntas
Contidas no Caldeirão do Huck na Globo.
Estão todos vivendo um mar de rosas
Pornô. Que pode querer mais da vida
E da “cidadania” esse povinho eleitor?