Textos

Vá Em Frente: Faça Seu Caminho
Eu penso uma geração
Dona de seus destinos
Que saia da saia justa
Desse diálogo de mudos
Desse discurso de surdos
Que ponha fim ao capitalismo
Antes que este ponha fim em tudo

Eu penso uma geração
Com coragem mínima
Para pensar
Que dentro de suas ogivas
(família, escola, sala de jantar)
Terão por futuro ser apenas
Bucha para canhão
Ferro velho, munição nuclear

Eu imagino uma menina
Na estrada e um menino
(um casal de adolescentes)
Desejando adolescer
Afastando-se da possibilidade
De vender a alma ao diabo
Seus corações a pulsar
Nos passos a trilhar o caminho
De uma vida livre inventar

Eu imagino uma utopia
Fazendo-se realidade
Uma geração a se distanciar
Das rotinas gagás da cidade
Em busca de uma palavra
De um som, de um sonho
Que se afirme na conquista
Da liberdade

Não há nada mais que o medo
A vencer nessa cidade
O aprendizado do obsoleto
Dentro da universidade

Professores, ensinem-se a si mesmos
Uma palavra de verdade
Não queiram ensinar a viver
Uma vida que vocês não sabem
Uma vida que não faz parte
Da matéria-prima de sua limitada
Experiência de cidadão da cidade

Adolescentes, valorizem esse equador celeste
De seu mundo sejam o centro, o vinco
Só vocês conseguirão adestrarem-se
Aprendam a aprender
Na escola do aprendizado
Que há na gramática normativa?
Matemática do 2 + 2 (= 5)
Salas de aula ensinando
A comer feijão com arroz

Seja realmente jovem
Na estrada crie um modelo
De viver com dignidade
Adestre-se em seus próprios passos
À distância da poluída cidade
Vê-la com um olhar novo, criativo
De quem fala a própria linguagem

Sem o verbo saído de suas entranhas
Vocês serão sempre apenas nada
Espectadores da propaganda aziaga
Não terão o vento enquanto aliado
Nem saberão ouvir a aragem
A juventude será apenas uma lógica vaga
(a idade cronológica da sacanagem)
Não sonhe os sonhos das gerações
Passadas. Nem fique a repetir
Como um papagaio de pirata
A maldita tabuada do capitalismo selvagem

Sem que vocês criem sua própria linguagem
(que a academia não ensina)
Serão seres eternamente perdidos
Marionetizados por um passado infame
O presente inexistente, perdido
Fazendo temporadas no spa
Dando um tempo no tira-gosto salame
Viverão um futuro covarde, uma vida aflita
Seus filhos serão ensinados a matar
E vocês não poderão fazer nada
Plugados que estarão no regime
Para diminuir a banha da barriga
Se não aprenderam a falar
A criar sua própria linguagem
Passarão a juventude e a vida
Em busca do tempo perdido
No sofá da sala de jantar

Pense na possibilidade
De por na mochila alguns livros
E criar sua própria gênese
Ou a juventude passará à-toa
Você será apenas
Um n° insignificante
Nas pesquisas de opinião
Mais um consumidor
Para o centro do mundo
Devorador do senhor Mercado
E você não poderá, depois
(depois é depois)
Viver mais nada
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 17/04/2010


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