Textos

"Paralaxe View"
1.1.Pelos poros e pelos da libido dos corpos
No espaço-tempo gerações quânticas mais se alternaram
Mas mui poucas gerações puderam hoje ver e ler
As fotos e informes que na Internet rolaram

1.2.O atual sêmen assim atualizado
Os malditos antecedentes históricos editados
Produziu os novos modelos mutantes genéticos
Urbanóides herdeiros da aldeia global noticiada

2.1.Das cidades do globo a cada noite e dia
Saído, do ventre da moda nasce um outro mino
Nasce simplesmente, cresce e muta
E logo descobre estar “sem destino”

2.2.A herança maldita nada serve: submisso destino mutilado
Pela herança por vir do crediário
Por culpas fantásticas devidas ao criador
Do berçário inconteste da opressão e seus deputados

2.3.Regina opressão reinando alhures, suprema
Maria condicionada à calmaria do travesseiro
Tranqüila presença nas festas de discurso e louvor
Aos fatos e fotos da realidade da ficção científica

3.1.Aos mutantes genéticos, à deles neo-estrutura
A natureza murmurou quase tudo
Relativamente aos documentos, livros e selos secretos
Aos cambiantes rumores do grito e do sussurro

3.2.Para eles que tal magia possuem
Inexistem as boas variantes sabidas:
A benevolente burocracia obscura
Ser outro redundante sentinela do Reich da Vida

4.1.Facilmente alguns conseguem planar distantes
Sem hesitação vacilante, sem figa
Mergulham no úmido útero do tempo remoto do espaço vizinho
Ou minguam em violentos vômitos para lá da Branca de Bagdá

4.2.Por causa disso aos mutantes conferem, o refrão
Quando não de marginais, de confusos, viciados
Por muitos não serem intelectuais associados
Aos poderosos “manicômicos” da Oposição ou do Estado

4.3.Maior parte daqueles que lhes rotulam
Nomes tais e apelidos ditos
Vegetam a vida excessivamente dopados
Por cada um diagnóstico conferido

4.4.Aos mutantes dão de graça, muitas vezes
O eletrochoque, a coma de insulina
E uma gaveta no necrotério do êxtase
Onde os querem cobaias: apáticos, patéticos, submissos

4.5.O valor desse nefasto tratamento
Imposto pela hierarquia da lei
Do “por favor”, do “sim senhor”, do “obrigado?”
Enaltece a “máfia de branco” e outros tantos reinados

4.6.Programados por temores e rompantes atávicos da tv
Parte deles se recolhem fetalmente, regridem
Ao uterino e sonoro lazer redondo, a girar no DVD CD Player
Na inutilidade da caverna moderna, da academia, do apartamento

5.1.Por vezes alguns mutantes pensam assim seus fardos:
Que impossível vontade de poder
Poder superar o jogo político do opressor
Os credos e rituais místicos do oprimido

5.2.Viver é poder ser livre, simplesmente
Imune para sempre saber vencer a morte
Essa amante (e)terna, serena, indiferente, galopante:
O emprego, o futebol, o carnaval, o medo do câncer

5.3.Aos que conseguem subdesenvolver sobre
Os determinismos das instituições do hipódromo
Muitos continuam rumando em direção alguma
Até chegarem, talvez, ao porto do suicídio precoce

6.1.Tais maquinações totais da morte, todavia sem maldade
São prenhes das ditaduras autoridades: esquerda volver: direita idem
A partir de tão exemplares sanidades
A cada vez mais mutantes importa viver por esporte

6.2.Somente querem-nos a “eles” adaptados
À gama de fulgores íncubos-santos, binários
À eterna oposição, nunca à síntese
Inexistente nas sinas, nas manipulações intestinas de seus tutores

7.1.Ainda agora assim os classificam
De classe A, C, D, ou média
Alguns desistem e se permitem reduzir: se simplificam
E logo viram matéria-prima do tédio

7.2.Poucos vencem a doce morte e seus disfarces
Independentes de classe, credo, cor ou dente
Ostentam o gen adverso, criador
A natural magia: não sucumbir às imortais tarifas vis do torpor

7.3.Dos miríades de mutantes mirins, poucos anti-heróis, raros
Superam o longo passado, o indicativo presente fardo da morte rotina
Para esses o agora possível ritmo vital do acaso
Pulsa, infinitamente liberto dos rigores da morte vencida
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 07/04/2010


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