Deixa Atolar
Ave voa flutuante
Gente do atol, rascante
Vôo de pelo, de instante
Fernão Capelo pairando
Aliado do sol de inverno
Da falta de luz, tempo quente
Noctívago, escuro
Passageiro da noite
Amante que lhe encoberta
O frio matinal atrai
A mulher lhe desperta
“assim também já é demais”
mas gente ágil flutua no ar
no bar da esquina
e de tanto matutar e cheirar
monóxido de carbono e menina
vai-cai no fundo do poço
até o pescoço
do sorriso da Monalisa
lisa de grana, de samba, da branca, de tudo
o que lhe era de menos lhe foi demais
e agora animal delirante
de onde vens, aonde estás
para onde vais
que agouro matutino matutarás agora?
Que fome te apraz?
Ainda está de pé teu apetite?
— Compra um carro
e senta as Marias do vasto mundo do atol
a teu lado
as Warias do pasto
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 07/04/2010