Por Trás Dos Panos, Panos Quentes
— Quem tem direito de tirar a vida de outrem? A Pena de morte será sempre injusta.
— Os marginais. Eles tiram a vida das pessoas de todos os jeitos. E jeitinhos brasileiros.
— É verdade. Mas a vida deles é protegida pelas leis.
— E as leis, os que as fazem são os "pra lamentares".
— Assessorados pelos representantes do Judiciário que levam vantagens.
— Vantagens? Que vantagens? Quem, quem? Os juízes?
— Os juízes do Supremo, principalmente. Aquilo é uma mina de ouro comparável a Fort Knox nos Estados Unidos.
— Como assim?
— Todos os barões, os do narcotráfico, os do jogo de bingo, os do jogo das Bolsas, os dos mandatos executivos. Todos os barões que agenciam golpes nas prefeituras, nos governos dos estados, nas grandes jogadas empresariais, nas maracutaias infernais do "Reich dos Mil Banqueiros" que lavam o dinheiro do crime organizado para investir em paraísos fiscais nas ilhas Jersey, nos bancos suíços.
— Não caiu a ficha!
— Todos esses caras estão no estrato social dos intocáveis. Por mais que aconteçam as coisas com eles. Com eles não acontece nada, sacou?
— Sei. Eles têm sempre uma mala preta para encaminhar os seus trâmites jurídicos em última instância. É isso?
— E a última instância deles é sempre o Supremo. Percebeu?
— Claro. Por isso o Paulus Paulipetrus está soltinho da vida. É isso? E com imunidade parlamentar. Só pode ser julgado lá. Compreende? Na última instância da mala preta.
— É mesmo! Chega o processo no Supremo e tudo que foi apurado, investigado, arrolado e o escambau, pelos promotores, pela Polícia Federal, não vale nada. Um juiz, qualquer deles, e o Paulipetrus sempre estará à solta.
— Ele ou qualquer outro. É só o homem da mala dá as caras e o intocável é liberado na hora. E tudo por baixo dos panos.
— Sei! Ninguém sabe, ninguém viu.
— E esse cara e sua quadrilha internacional de desvio de verbas, superfaturamentos, lança na marginalidade e no desespero milhares de vidas que ficam sem escolas, sem os apetrechos para o emprego do salário mínimo. Aí partem para o tráfico, o assalto a mão armada, o roubo, o seqüestro, as lutas entre quadrilhas pela posse de mercado consumidor. . .
— Sei, assim como os burgueses lutaram nas guerras mundiais pela posse de mercado consumidor para seus produtos industrializados.
— Só na II Grande Guerra foram sessenta milhões de mortos.
— É mais ou menos. O princípio é o mesmo. Matança, matança, matança. Parece que não termina nunca. E, nos finalmentes, um grupo de matadores e seus exércitos são considerados vencedores, heróis, erguem-se estátuas para eles, historiadores mencionam os ditos nos livros de história. Filmes são dirigidos no intuito de fazerem-nos paradigmas para as novas gerações.
— Nossa! E a coisa horrível e tenebrosa da história e da cultura não vai mudar?
— Mudaria com educação. Mas. . . Ninguém quer investir em educação. Exceto os donos de escolas públicas e faculdades que, na realidade, investem em "educação" entre aspas.
— Não há interesse político em mudar as leis, torná-las mais efetivas no combate à criminalidade. Quem quer mudar as leis para que os barões sejam punidos? Querem prender apenas a arraia miúda do narcotráfico.
— Muitos oficiais do contingente policial do combate às drogas têm seus melhores salários vindos das mordomias oferecidas do narcotráfico.
— Ninguém na sociedade parece interessado em discriminalizar as drogas. Em acabar com o problema. Desejam apenas discuti-lo academicamente.
— Os governos não investem na Paz. O que dá dinheiro é a morbidez maldita das autoridades que promovem as guerras, os conflitos armados. Ninguém interessado no desdobramento do processo de globalização está pensando nas populações das cidades. Na insegurança e no medo que tomou conta da urbe.
— Em última instância quem ganha dinheiro com isso, com os altos índices de criminalidade, são os grandes conglomerados da indústria de armas. Os governos do Primeiro Mundo, o Complexo Industrial Militar que Roosevelt denunciava inutilmente em seus discursos.
— O mundo globalizado está em mãos dos criminosos à "black-tie"? E nos togados do Supremo, com aquelas capas pretas características de personagens de filmes de vampiros.
— E todos eles institucionais. Os governos do conglomerado G-7. "Tutti buona (la) gente".
— Os intocáveis. É. . . Por isso é que quanto mais a coisa muda mais permanece igual.
— Fazer o quê?
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 06/04/2010
Alterado em 03/04/2011