Mano Fantoche
Sei de pessoa que engole sapos
E come moscas.
Pensei que isso só existia nos filmes de vampiro
A mente é um túmulo
Onde os mortos falam em seu ouvido
Seu medo: perder o lugar de morar
As mordomias do emprego
A caverna com tv do seu abrigo
O quarto onde se esconde
Em suas noites mórbidas
As almas penadas roubam-lhe a calma
São seu paraíso perdido no delírio
Fazem-lhe companhia via Internet
O pai para manter a mente ativa
Senta-se num sofá, deita-se na rede
Fica na oitiva
A vida submissa sabe humilhar
O mais antigo suga do mais moço
Rouba seu crescimento anímico
Pra viver um ano a mais de subvida
Permite ser controlado em tudo
Seu sono, seus sonhos, seus passos
Do trono de necessidades
Fabrica suas mentiras
Dispersa ainda mais os seus pedaços
Você faz que gosta e acredita
Porque vendeu a alma por um carro
Diz estar bem assim
Que ser escravo aparente
Nada significa de fato
Mas toda vez que diz sim
E sempre concorda com tudo
Ele domina sua vontade
Seu porvir fica mais turvo
A suposta personalidade, um caco
Mantém sua alma cativa
Alimenta-se da mente traída
Apaga as luzes de seu futuro
Faz de você
Papa-moscas do Nosferatu
Caro companheiro, acorde agora
Você soldado assalariado
Desse fardo pesadelo, desse mistério
Buraco negro de sua vida
Não carregue como uma mula
Com todo esse zelo sem rumo
Os ossos de seus antepassados
Suas fomes, alergias, suas taras
Suas rugas, suas fugas, suas cargas
Toda essa dinastia de cemitério
Essa agitação sem guarita
Ao sair toda manhã de sua toca
Seus olhos têm vergonha do sol
Sua fidelidade aos mortos
Sua simpatia pelo demônio
Ele mantém sua alma passiva
Ele se alimenta de sua mente cativa
Você vive uma vida que não a sua
Seus passos conduzem a lugar algum
Em seu horizonte brilha
A realidade do sonho em vão
Seus corpúsculos subterrâneos
A laje tumular da família
A juventude perdida
Ele sorri de seu vazio
De seu salário, de sua cerveja
Da promessa de sua parte na partilha
De dentro de seu corpo sepulcro
Puxa a coleira da falta de liberdade
Como se você fosse um cão
A ladrar pelo prato de comida
E você diz estar tudo bem
Que está certo e é direito ser virtual
Alguém viver por você, sua vida
Como um sócio empresarial
Mas no fundo você sabe com certeza
Ser vítima desse mal. Que fazer ?
Ele mantém sua alma aflita
Sua Parságada há muito se perdeu
As contas a pagar, a avareza
Quem é o senhor de sua mente sujeita, seduzida
Que vive sua libido por você ?
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 03/04/2010
Alterado em 03/04/2010