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A Mão Que Balança O Berço do Islã (II)
A Mão Que Balança O Berço do Islã (II)

Comecemos a parte II com um comentário a propósito do último parágrafo da Iª parte: “O certo é que não há quem saiba qual a religião das primeiras culturas árabes. Que Deus lhes poderia falar em suas migrações através do deserto, da vastidão de areia, sol e silêncio. Quantas miragens poderiam ser sugeridas por essa extensão infinita de miragens até a chegada da caravana num Oásis que não fosse de ficção???”.

A religião das primeiras culturas árabes, a religião das primeiras culturas dos hebreus e a religiosidade das culturas das tribos indígenas originadas no neolítico, derivam-se das lendas, sagas e narrativas das revelações fenomênicas passadas de geração a gerações de hominídeos que, através dos milênios exercitaram nelas, através do tempo histórico, seu pasmo pela presença de cada um deles num cosmo magnificente.

A religiosidade de todos esses povos deriva de uma única fonte: da perplexidade do primeiro hominídeo Neandertal e/ou sapiens ao olhar a abóbada celeste e sentir-se ínfimo diante da magnífica luminosidade estelar, lunar, solar, ao ver a radiante nitidez dos fogos de artifício das miríades de estrelas cadentes e bólidos a se precipitarem na atmosfera terrestre provenientes de algum lugar não identificado da via láctea e de outros lugares ainda não nominados da infinitude celestial para eles inexplicável. Assim como para a ciência atual! E a partir dessa sensação sentir-se inte1rgrado à Vida.

A incrível ínfima sensação de finitude desse hominídeo perplexo, primeiro, que poderia ter sido você ou eu, gerou a complexidade das sensações que nortearam o nascimento da cultura religiosa, histórica, científica produto dessa epifania, desse insight ou centelha perceptiva que motivou a partir dessa primeira sensação de insuficiência frente à compreensão de tamanha magnitude gerativa da condição e da imaginação humana.

Em resenha: os templos originais das religiões cristãs e muçulmanas eram todos pagãos antes que seus profetas fossem iluminados pela centelha da razão que lhes motivou a crença num único Deus. Afinal, o pensamento de Hegel estava presente na mente do primeiro hominídeo pasmo com esse espetáculo magnífico da visão da Arca da Aliança: a tese: a beleza infinita da luminosidade. A antítese: a limitação da mente do hominídeo. A síntese: a criação da imaginação humana para explicar-se.

O método dialético da antinomia, contradição ou oposição de ideias a conduzir à superação destas na geração de outras (ideias) há sido, desde o neolítico, o foco central da filosofia ocidental e oriental. A oralidade das tribos mais primitivas continha o germe, o fermento, o embrião dos mais modernos conceitos filosóficos desde Zenão de Eléia, considerado por Aristóteles o criador da dialética.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 09/02/2017
Alterado em 10/02/2017


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