Textos

Geração Do Monolito
Vc teve o futuro nas mãos e jogou fora
Não soube fazer a diferença
Entre a bijuteria e a pedra preciosa
Vc aceitou a alienação em seu apego
às perfumarias. Não distinguiu nem soube o que fazer.
O ouro do sol entre os dedos
Esse livro aberto diante dos olhos
ao alcance das mãos, a poesia
E você ainda buscando no sebo
As páginas impressas da homilia.
O carvalho, o javali e o salmão
O peixe estelar no aquário da nova era
Mas para você o salmão é apenas
um parente da truta
Aonde buscar inteligência, força, harmonia ?
Numa cultura cheia de tretas ?
Pegue pela mão a mágica mochila na estrada
Do dia a dia. Aqueça as asas em direção
Ao horizonte. Aprenda a caminhar seus passos
Saia fora da espiral do larbirinto
Rume em direção à paisagem
Não olhe para trás
Nem se transforme numa estátua de sal
O Dédalo neolítico, tão antigo e atual
A prenda curricular de seus “nano-chips”
Os dólmenes e os menires megalíticos
Sepulcros e túmulos dos quais vc vai sair
Pela primeira vez o ouro do sol vai brilhar
Diante de seu olhar extasiado
A gente sagrada da liberdade ao redor
As portas da percepção você vai cruzar
As visões do mundo invisível
Enfim vais devassar
A antiga religiosidade era uma prisão
Seus passos silenciosos a descobrir a estrela
Sua crina seu olfato corrente.
Os cascos eqüestres. Acesos. Solaris.
Encontra a condição
Atávica que luta em ti por conhecer
Que a vida é poesia e descoberta
És Pégaso, pedra Centauro prospector
O trabalho de Sísifo, ardor
Ilumina-te em teu dorso lendário
Desaparece nas ondas, desafia catástrofes
Em teu rosto resplandecente verás os mares
Quantas culturas e encenações de cataclismos
Venceste. Salta de dentro de tuas espáduas
Expelido pelo útero rastejante da serpente
Ejeta-te do sepulcro mais profundo
Toneladas de ossos ancestrais te prendiam
Emergiste da cultura dos vermes, quente
Tua cabeça afinal, humana
Insurge-se infantil, igual criança
Nas mãos milenares da virgem negra
Copula com a morte. Desesperada ela clama
Por viver. Ousa ser seu original fecundador
A morte, das cinzas, quer existir e viver
Uma outra vida que desconhece
E desespera-se por não saber,
como um sáurio
Aonde a saída para o raio de sol
Diante dessa imensa poeira
De ossos que encoberta qualquer
Mínimo resquício de luz.
Em seu túmulo negro ela envelhece
Suas rugas nascem através dos tempos
Oculta-se nas faces inocentes das meninas
Refugia-se atrás dos cosméticos milagrosos
A garota da esquina e a mulher aziaga do
Shopping center dos corações solitários
Está mumificada pela vaidade fátua
A natureza insensata nada pode fazer por ela
Ninguém lhe dá a mínima atenção. Cadê você?
Sua alegria é aparente, sua casa uma caixa preta
É apenas mais uma encantadora de serpentes
Veja quanta tristeza e decepção há
Em seu olhar de águas de profunda
superficialidade. Divisa quantas rugas milenares
em sua pouca idade
Seu orgulho e presunção são miríades
De disfarces. Ela guarda como
se fossem preciosidades
Sua verdadeira face em chamas
É a sentinela das múmias
O tempo em sua idade cronológica
Esconde a criança mumificada pela soberba
Olha o tempo, a face de areia
Não compreende nada.
Pensa que é, ou são, os óculos
Ou a falta de um binóculo
Por detrás da maquilagem milagrosa, acerba
O disfarce da juventude inexistente
A astúcia sobrevive em seu corpo
Que há mil gerações vem parindo
Uma posteridade submersa pelo medo
De desvendar dos milênios os segredos
Com ou sem a ajuda de Édipo. Saber
Que não há pacto possível com o tempo
Chegou a hora de vencer novas adversidades
Essa suposta sabedoria, os árcades milenares
Aparências, exterioridade de butique
Bijuterias a conquistar os tolos
A garota, a marota antepassada
Pega a mochila e verás
Que cada filho pródigo não é mais
Que um estranho detestado
Pela geração ancestral dos hominídeos
Vai, se queres crescer
Conhecer a geopolítica da Terra
Não temas os medos inconscientes
Não te farão nenhum malefício
Utiliza os símbolos de sílex dos larbirintos
És agora um homem, não mais uma criança
Herança da civilização que começa
És o ourives, de teu arco de tua flecha
De um tempo que se supera. Evoluir
Ou perecer plugado na Internet
Teus passos hão de pisar
A carruagem de ossos dos mortos
vence a cultura infantilizada.
Pasma a água há muito estagnada
dos milênios. A bugiganga da sala de jantar
é apenas um olho mal, de vidro
do pirata que quer roubar
teu tempo. Vai criar cultura
ou ser um cataclismo
Afundado no firmamento da poltrona
Uma fantasma da sala de jantar
Um ser mumificado pelas insignificâncias
Da tvvisão, ou um momento de civilização ?
De que lado estás ?
Uma múmia, um avião da sala de jantar
Com a boca aberta, cheia de dentes
Esperando o refrigerante chegar ?
Ou o diploma ?
Milhões de anos podem desaparecer
Ser tarde demais um dia a mais
A próxima dentada no sanduíche
Ninguém nasce senão de si mesmo
Vai, os serás pasto cozido
pela mentalidade dos mortos-vivos
Queres ser mais uma vítima do controle remoto ?
Do entretenimento xuxalizado da sala de jantar ?
Uma múmia extasiada
Olhando as belezas encarquilhadas
do Fantástico ?
As bundinhas, os peitinhos das velhas mocinhas
Garotinhas recauchutadas pelos cabeleireiros
Dos “talk-shows” e suas danças do neolítico ?
Pega tua mochila e em breve verás, de longe
As horríveis belezas das quais te separastes
Teu reencontro com os dinossauros
Será uma surpresa essa viagem no tempo
Vão te pacificar as rugas disfarçadas
Serás mais uma vítima
Uma criança traída ?
Devorada pelo canibalismo
da cidade de carne ? És jovem
ou um habitué da praça de alimentação
dos shoppings ?
Tens um futuro em teus passos
Ou sentimentos de medo
Que te fazem regredir
No cobertor de pele
dos sentimentos datados da necrópole ?
Queres fundar uma banda
Cantando canções
Que nada têm a dizer ?
Ou vais buscar a experiência
Na arte insubstituível de viver ?
És parte atuante do PCC do Gugu?
Do Domingão do Buldogão?
Dos corações e mentes em franca oxidação ?
Que tal perder a esperança
Sorrindo das pegadinhas,
Divertindo-se com as vídeo cacetadas ?
És um fardo paleolítico na sepultura sofá?
Tens um coração para amar
Ou adaptar-se às trevas ?
És um hominídeo anterior
À invenção do pergaminho ?
Ou um mutante em busca do caminho ?
Queres criar a própria linguagem
Ou balbuciar asneiras a vida inteira ?
Queres dizer algo inusitado
Sem teres criado as emoções
Há linguagem criada em teu vocabulário ?
Mama Tv é um mausoléu de imagens
Vais viver tuas dificuldades, ou ser outro
Demente da fraternidade infantilizada nacional ?
Uma força viva da natureza, ou parte
Do festival de moscas da cultura global ?
Um fanático fundamentalista do controle remoto
Uma coisa, uma mercadoria fascista
Um produto depreciado pela indústria bairrista
O “artigo do dia” em seu copo
Redondo na garganta e na palma da mão
E a próxima notícia do atentado terrorista ?
Que indústria financiou ? Alckmin se responsabilizou ?
Ou foi o Cláudio Lenga-Lenga, governador ?
Eles preferem negociar com o PCC ou com um
Membro de uma banda tipo ratos de porão.
Ou desmentir a melhor imprensa
Os ocupantes do Bandeirantes, para eles
O presidente é abominação
A cidade de São Paulo há muito anda nua
E não adianta, eleitor, saber de quem é a culpa
Se você não sabe que a culpa é sua
Corporativistas, sombrios, regionalistas,
Escondidas atrás de suas gravatas de mil dólares
De seus sapatões de cromo alemão
Paradigmas do preconceito contra nordestinos
Papagaios de pirata a repetir sons e a tecer discursos
Torcendo por um futuro inexistente
Exceto para eles. Essas assombrações bem vestidas
Querem o poder para eles, de qualquer jeito
Fazendo do passado o presente
Numa viagem do tempo às avessas
Fantasmas da República Velha
Políticos góticos, saudosistas do
Estado do Café com Leite
A anarcoditadura do PCC
A fazer pó dos neurônios dos eleitores
E eles não conseguem disfarçar
Uma política que morre sem ter chegado a nascer
Quem por ti vai acende uma vela, PSDB ?
És um cadáver arfante, sem ter o que dizer. E aí?
Como justificar a vergonha de negociar com o PCC ?
Enquanto isso querem garantir no "Pra Lamento"
A ingovernabilidade com os intermináveis tumultos
Tempestades em copo dágua das CPIs.
A artimanha, o sestro dos "PhDs do partido alto"
Esse método de prejudicar todo o país
Que para eles não há outro modo de fazer campanha
E querer garantir a nefasta presença no Planalto.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 03/04/2010


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